Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância
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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />
leitura, o que, consequentemente, terá levado ao aumento do número <strong>de</strong> leitores.<br />
Todavia, “não era a escola que <strong>de</strong>terminava a alfabetização. Em Portugal, o tipo <strong>de</strong><br />
instrução que existia era tardio e pouco formal.” (RAMOS 1994: 615)<br />
Apreendidos na <strong>infância</strong>, os contos fornecem significados, estruturas, e dão<br />
forma às figuras e aos conflitos com que a criança se confronta no seu dia-a-dia.<br />
Em Portugal, Ana <strong>de</strong> Castro Osório (1872-1935) e Virgínia <strong>de</strong> Castro e Almeida<br />
(1874-1945) são duas mulheres que dão o primeiro passo no sentido <strong>de</strong> criar hábitos <strong>de</strong><br />
leitura nas crianças através das histórias, surgindo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a relação que a criança<br />
estabelece com o livro <strong>de</strong>verá surgir antes mesmo da sua leitura <strong>de</strong>ste, quando a história<br />
é contada, pois, afinal, a oralida<strong>de</strong> sempre prece<strong>de</strong>u o texto escrito. Todavia, este só se<br />
impõe na medida em que foi divulgado oralmente.<br />
O trabalho foi árduo e uma melhoria significativa da qualida<strong>de</strong> da literatura<br />
produzida só se vai sentir aquando da renovação das i<strong>de</strong>ias pedagógicas e políticas, ou<br />
seja, surge com a revolução republicana. Como diz Natércia Rocha, “com a queda da<br />
monarquia e a implementação do Estado Novo, a literatura <strong>para</strong> crianças e jovens<br />
tornou-se aspecto <strong>de</strong> máxima importância do i<strong>de</strong>ário republicano”. (1984: 46)<br />
Nessa altura houve uma consciencialização, por parte dos políticos, <strong>de</strong> que a<br />
educação infantil é <strong>de</strong>terminante <strong>para</strong> “assegurar a continuida<strong>de</strong> ao i<strong>de</strong>al<br />
revolucionário” (LEMOS 1972: 19). Este período é marcado pelo <strong>de</strong>sejo dos adultos <strong>de</strong><br />
educar a nova geração, a partir da leitura, e é caracterizado pelo <strong>de</strong>sejo do progresso e<br />
pelo impulso nacionalista. Ester <strong>de</strong> Lemos refere que “urgia <strong>de</strong>spertar nos espíritos o<br />
sentido cívico, que substituísse velhas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e obediência e <strong>de</strong>sse a<br />
qualquer cidadão a consciência da responsabilida<strong>de</strong> que lhe incumbia no progresso do<br />
seu País.” (1972: 19)<br />
Virgínia <strong>de</strong> Castro e Almeida, autora já <strong>de</strong>stacada, publica duas novelas infantis,<br />
on<strong>de</strong> transparece “o mesmo i<strong>de</strong>al formativo, o mesmo anseio <strong>de</strong> progresso espiritual que<br />
animava <strong>de</strong> um modo ou <strong>de</strong> outro toda aquela geração.” (LEMOS 1972: 22).<br />
Compreen<strong>de</strong>-se, então, a proliferação <strong>de</strong> edições <strong>para</strong> crianças, bem como o<br />
aumento <strong>de</strong> autores nacionais em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> traduções.<br />
Testemunho <strong>de</strong> um mercado consumidor e em crescimento são a aparição e a<br />
extinção sucessivas <strong>de</strong> jornais infantis. No primeiro quartel do Século XX surgem<br />
diversos jornais <strong>para</strong> crianças, os quais se afirmam <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ssa data, não só como<br />
jornais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas também os suplementos passam a ser referência –