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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

4.1 O Pim-Pam-Pum e o advento da Banda Desenhada em Portugal<br />

Para ajudar a leitura do próprio texto, como já foi referido, muitos são os<br />

<strong>de</strong>senhos que o acompanham, tornando esteticamente apetecível o objecto livro. A<br />

ilustração <strong>de</strong> um texto é, na verda<strong>de</strong>, o meio através do qual o leitor, <strong>de</strong> forma mais<br />

imediata, po<strong>de</strong> ser cativado. Segundo Miguel Tamen, as ilustrações <strong>de</strong> um texto, uma<br />

vez que, por um lado não se relacionam com todas as palavras e, por outro, é possível<br />

ilustrar um texto <strong>de</strong> vários modos, “só po<strong>de</strong>m ilustrar porque suprimem (o inilustrável)<br />

e acrescentam (o seu suplemento)”, daí a enorme força da ilustração que o autor<br />

classifica <strong>de</strong> “retórica” (1984: 104).<br />

Nesta linha, um outro género <strong>de</strong> literatura <strong>de</strong> evasão apareceu nos anos 20, a<br />

banda <strong>de</strong>senhada. Esta não se <strong>de</strong>fine como uma mera sequência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos<br />

comentando um texto. A sua verda<strong>de</strong>ira natureza resi<strong>de</strong> no tipo <strong>de</strong> relações que une<br />

texto e imagem. O texto, na banda <strong>de</strong>senhada, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> estar sob a imagem, mas no<br />

interior <strong>de</strong> “balões” que se inscrevem no <strong>de</strong>senho e permitem às personagens expressar-<br />

-se directamente entre si. Se a imagem se tornou essencial não é apenas porque, sem ela,<br />

o texto seria incompreensível, é porque o texto se incorpora num conjunto gráfico,<br />

exactamente como o som num filme.<br />

Esta forma <strong>de</strong> expressão artística <strong>de</strong> linguagem mista, com os seus códigos e as<br />

suas regras, pululou no Pim-Pam-Pum e foi facilmente acessível ao gran<strong>de</strong> público<br />

porque era publicada em pequenas revistas vendidas a baixo preço, sendo as histórias<br />

facilmente compreendidas pelos leitores, uma vez que eram contadas através <strong>de</strong><br />

imagens e o texto reduzido ao essencial. O público jovem e menos jovem a<strong>de</strong>riu<br />

facilmente aos novos protagonistas <strong>de</strong>stas histórias. Pela sua inteligência, astúcia ou<br />

força, associada à transposição <strong>para</strong> o cinema, figuras como a do Tintin, do Super-<br />

-Homem ou da Disney passam, posteriormente, a i<strong>de</strong>ntificar-se como heróis.<br />

Muito antes, porém, <strong>de</strong>ssa fase, surgem neste suplemento infantil as produções<br />

daqueles que irão ficar reconhecidos como os primeiros criadores da banda <strong>de</strong>senhada<br />

em Portugal: Eduardo Malta, Cottineli Telmo e Tiotónio, autores já mencionados.<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Rita</strong> surge como autor <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos textos que acompanham

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