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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

concretamente a paisagem industrial que circundava Lisboa 77 e uma perspectiva<br />

maternal da arte:<br />

Corre a paisagem… corre, corre, voa…<br />

Ante um bebé <strong>de</strong> olhar vivo e frenético,<br />

Na carruagem <strong>de</strong> um comboio eléctrico<br />

Que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Cascais até Lisboa.<br />

………………………………………..<br />

- «Mamã, o que é aquilo, aquilo, aquilo,<br />

Que além vai a voar,<br />

Cortando o ar?!<br />

- «Um gasómetro, filho; é ali que o gás<br />

Se vai <strong>de</strong>positar;<br />

Mas aquilo não voa, está tranquilo!»<br />

- Vôa, voa, mamã; não vês voar?!<br />

- «Não voa, filho; é o comboio andando<br />

Que faz<br />

Supor que vai voando<br />

Tudo que vendo estás!»<br />

Bébé à Janela <strong>de</strong> um Comboio 78<br />

Zumba-Bumba-Catapumpa!... 79<br />

- «Zumba…bumba…catapumba…<br />

Catapumba… bumba… bumba<br />

Tão-ba-la-lão… Ba-la-lão!...»<br />

Lala<br />

Fala,<br />

Não se cala,<br />

É Pá-tá-pá trapalhão.<br />

Nisto a mamã que está perto,<br />

Ouvindo em tal <strong>de</strong>sconcerto<br />

Palavras num turbilhão,<br />

Porém insiste o Bébé,<br />

Teima numa discussão:<br />

- «Vôa, voa, mamã; não vês, não vês?»<br />

A mamã torna que não;<br />

Mas o menino não crê,<br />

Só acredita o que vê!<br />

* * *<br />

Meus meninos<br />

Muita vez<br />

Também mente o nosso olhar.<br />

É preciso acreditar<br />

O que a mamã vos disser;<br />

Embora estejam a ver<br />

Exactamente<br />

O invez<br />

Do que ela esteja a dizer;<br />

Não sejam como o bebé<br />

Que apenas crê no que vê.<br />

Uma mamã nunca mente;<br />

O que ela diz é que é<br />

77 “A linha férrea do Estoril, inaugurada em 1889 e electrificada em 1926, fixou população nos concelhos<br />

<strong>de</strong> Oeiras e Cascais.” (RAMOS 1994: 600)<br />

78 8 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1927.<br />

79 2 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1927.

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