17.04.2013 Views

Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

aos inocentes leitores, pela forma como são enquadradas e pela moral final que absorve<br />

todo o texto, não obstante o clima <strong>de</strong> hostil, mas que subtilmente vai entrando no<br />

espírito. As personagens surgem, assim, em contraste, até pela forma como são<br />

apresentadas.<br />

Era uma vez… O Franguinho Medroso (1928), El Rei Pavão e El Rei Perú são<br />

exemplos <strong>de</strong> dois lí<strong>de</strong>res em confronto, que brincam com a fragilida<strong>de</strong> e esperteza <strong>de</strong><br />

um “franguinho”, o qual tenta iludir o general aquando da realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

manobras <strong>de</strong> ataque. Aqui, <strong>para</strong> além <strong>de</strong> haver referência ao serviço militar, é<br />

apresentada uma verda<strong>de</strong>ira movimentação bélica, sendo, no entanto, o objectivo<br />

principal advertir <strong>para</strong> as consequências <strong>de</strong> qualquer tentativa <strong>de</strong> fuga ao cumprimento<br />

do exercício militar. O texto termina mesmo dizendo:<br />

O que este continho reza<br />

é só <strong>para</strong> que se veja<br />

que nada vale a esperteza<br />

quando manhosa ela seja.<br />

Também na peça <strong>de</strong> teatro infantil intitulada El-Rei Papão (1928), personagens<br />

infantis ajudam a retratar um ambiente <strong>de</strong> guerra, apesar <strong>de</strong>, aparentemente, e <strong>de</strong> acordo<br />

com o que o próprio sujeito poético anuncia, se tratar <strong>de</strong> um sonho <strong>de</strong> “uma loira<br />

menina”:<br />

Adormece…sonhou!<br />

sonhou ser Princezinha<br />

e que a sua nação,<br />

<strong>de</strong>cretou, <strong>de</strong>clarou<br />

guerra a El-rei Papão,<br />

duma nação vizinha.”<br />

Nesta peça, soldados a mandado da rainha (“sem olhar <strong>para</strong> trás!”) partem <strong>para</strong><br />

combater o Papão. Implicitamente está presente a alusão a Espanha, seja numa<br />

perspectiva actual, relativamente ao domínio <strong>de</strong> Franco, ou como reacção ao domínio<br />

espanhol do século XVII.<br />

Os valores <strong>de</strong> Estado estão, pois, presentes <strong>de</strong> forma a, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, serem<br />

incutidos no espírito <strong>de</strong> quem lê: neste caso, da criança. <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> não<br />

foge, assim, da missão canónica da literatura que, ao ser criada, tem em vista educar:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!