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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

<strong>de</strong> buscar sobreviver através <strong>de</strong> sucessivas cedências e compromissos” (I<strong>de</strong>m),<br />

mantendo-se como “um discreto presi<strong>de</strong>nte do ministério” (Ibi<strong>de</strong>m: 161).<br />

Encontram-se diversos modos <strong>de</strong> expressão que configuram <strong>de</strong>terminados<br />

pressupostos i<strong>de</strong>ológicos pelo autor. Encontramos a presença <strong>de</strong> uma linguagem<br />

proverbial, um registo <strong>de</strong> língua que oscila entre o popular e o poético, e o discurso<br />

directo, contribuindo <strong>para</strong> uma melhor compreensão da personalida<strong>de</strong> e objectivos das<br />

personagens, bem como <strong>para</strong> uma maior aproximação dos leitores às personagens.<br />

-Céus 73 :<br />

É o que acontece, por exemplo, na apresentação da novela O Gigante Arranha-<br />

Leitores, o «Pim-Pam-Pum»<br />

Aos mil amiguinhos seus,<br />

sem excepção <strong>de</strong> nenhum,<br />

hoje apresenta-vos um<br />

novo amiguinho, chamado<br />

o Gigante Arranha-Céus,<br />

que tem um gran<strong>de</strong> passado<br />

cheio <strong>de</strong> mil peripécias.<br />

Os seus feitos e facécias<br />

Por ceto vão causar brado…<br />

Nasceu, em certa manhã,<br />

(…)<br />

Será semelhante o caso <strong>de</strong> A obra <strong>de</strong> Mestre Hilário, por exemplo, quando o<br />

narrador apresenta a figura <strong>de</strong> Mestre Hilário, como mo<strong>de</strong>lo a seguir:<br />

Natureza profundamente emotiva, privilegiada complexão, dotada <strong>de</strong> uma<br />

imaginação prodigiosa, sensibilida<strong>de</strong> antena, receptora <strong>de</strong> todas as vibrações químicas –<br />

(ai que os meninos não percebem isto mas … passem adiante!) Mestre Hilário era, na<br />

verda<strong>de</strong> um Espírito raro, um Ente superior, um Ser virtuoso, que o génio da Meninice<br />

bafejara, osculando-o na fronte, emoldurada por lindos caracóis <strong>de</strong> neve e alvas barbas<br />

longas, austeras, patriarcais.<br />

De forma surpreen<strong>de</strong>nte, e contrariando o que habitualmente acontece, surgem<br />

forças políticas nos contos infantis e nos textos em geral, que passariam <strong>de</strong>spercebidas<br />

73 1 <strong>de</strong> Junho a 13 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1939.

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