1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 73 -<br />
A Revolução Farroupilha<br />
Historia<strong>do</strong>res consi<strong>de</strong>ram revolução apenas o<br />
movimento político-militar que vai <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> setembro<br />
<strong>de</strong> 1935 a 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1836, isso porque era a<br />
revolta <strong>de</strong> uma província contra o império <strong>do</strong> qual<br />
fazia parte. A 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1836 é proclamada a<br />
República Rio-Gran<strong>de</strong>nse e então já não é mais uma<br />
revolução, mas sim uma guerra, uma luta aberta entre<br />
duas forças políticas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e soberanas, uma<br />
República <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> e um Império <strong>do</strong> outro. Segun<strong>do</strong><br />
Ivo Caggiani, os santanenses se <strong>de</strong>clararam alia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s rebela<strong>do</strong>s farroupilhas em 1835. O<br />
povoa<strong>do</strong> só foi toca<strong>do</strong> pelo conflito em 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1843, quan<strong>do</strong> o rebel<strong>de</strong> Jacinto Gue<strong>de</strong>s<br />
da Luz, que se baseava em <strong>Livramento</strong>, foi obriga<strong>do</strong> a abalar-se para o Uruguay, persegui<strong>do</strong><br />
pelas colunas imperiais <strong>de</strong> João Propício Menna Barreto. Os confrontos se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>braram<br />
(contan<strong>do</strong> com a participação <strong>do</strong> então Barão <strong>de</strong> Caxias), até novembro <strong>de</strong> 1844, quan<strong>do</strong> enfim<br />
o Império impôs sua or<strong>de</strong>m na região.<br />
A Revolução Farroupilha (1835-1845 ), como um <strong>do</strong>s ápices <strong>de</strong> um movimento político<br />
nacional, num espaço regional, resultou <strong>de</strong> um processo conflituoso herda<strong>do</strong> das profundas<br />
modificações nas relações econômicas e sociais na Europa e na América <strong>do</strong> Norte, cujos efeitos<br />
i<strong>de</strong>ológicos chegaram até nós na “guerra da in<strong>de</strong>pendência”, traduzida pelos enfrentamentos<br />
que se seguiram a 1822 e, principalmente, após a abdicação <strong>de</strong> D. Pedro I em 1831 e pelas<br />
rupturas das <strong>de</strong>mais províncias revolucionárias <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Brasil. A Revolução se<br />
concretizou como i<strong>de</strong>ologia nacionalista, cuja expressão cotidiana mais visível foi o<br />
antilusitanismo, objetivan<strong>do</strong> a conquista <strong>do</strong> controle das <strong>de</strong>cisões econômicas e <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong><br />
pelas elites brasileiras.<br />
Segun<strong>do</strong> o professor e escritor Sérgio da Costa Franco, <strong>do</strong> Instituto<br />
Histórico e Geográfico <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos da<br />
frustrada Guerra da Cisplatina, chefes milicianos como Bento<br />
Gonçalves da Silva, Bento Manoel Ribeiro ou Sebastião Barreto Pereira<br />
Pinto reuniam em torno <strong>de</strong> si grupos <strong>de</strong> apoio que confrontavam a<br />
burocracia comandada pelos presi<strong>de</strong>ntes da província. No meio militar<br />
reinava a discórdia entre os nativos <strong>do</strong> Brasil e os originários <strong>de</strong><br />
Portugal, estes suspeita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> restaura<strong>do</strong>res e sectários <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r<br />
Pedro I. Nas camadas inferiores da socieda<strong>de</strong> campeava a hostilida<strong>de</strong><br />
aos portugueses. I<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ralismo e <strong>de</strong> república, mesmo fluidas e imprecisas, concorriam<br />
para agitar a imprensa e estimular propósitos sediciosos. As agitações políticas <strong>do</strong> Uruguai,<br />
extreman<strong>do</strong> os partidários <strong>de</strong> Lavalleja e os <strong>de</strong> Rivera, contagiavam as li<strong>de</strong>ranças da fronteira<br />
daquele país. Simplifican<strong>do</strong> esse quadro político extremamente complexo, falava-se <strong>de</strong>