1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Início da povoação <strong>de</strong> <strong>Livramento</strong><br />
Antes, no silêncio da nossa ausência, havia calma e um pampa<br />
que corcoviava selvagemente. Mas veio a guerra da cisplatina<br />
que marcou a alma <strong>do</strong> nossa terra, on<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> se tornar<br />
vila pacata, passou por sangrentos combates. Sant’Ana <strong>do</strong><br />
<strong>Livramento</strong> teve sua origem em campos neutrais nos anos <strong>de</strong><br />
1810 <strong>do</strong> Rio da Prata, on<strong>de</strong> ali culminaram as in<strong>de</strong>pendências<br />
das colônias espanholas, <strong>de</strong>spertou no Império <strong>do</strong> Brasil<br />
preocupação para cuidar das fronteiras na região <strong>de</strong> Bagé e<br />
Sant’Ana, e em seu intento expansionista organiza um<br />
exército em que é dividi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is <strong>de</strong>stacamentos principais.<br />
Um <strong>de</strong>les Estabelecen<strong>do</strong>-se às margens <strong>do</strong> arroio Ibirapuitã,<br />
que se chamou <strong>de</strong> “Acampamento <strong>de</strong> S~o Diogo”, o que <strong>de</strong><br />
fato marcou o início <strong>do</strong> povoamento com a construção <strong>de</strong> uma capela junto ao referi<strong>do</strong> arroio. Este<br />
lugar não foi <strong>de</strong> agra<strong>do</strong> das autorida<strong>de</strong>s religiosas, trasladan<strong>do</strong> a capela para outro local <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />
Itacuatiá, com fundação da capela Nossa Senhora <strong>do</strong> <strong>Livramento</strong> no dia 30 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> <strong>1823</strong>.<br />
A povoação <strong>de</strong> <strong>Livramento</strong> teve o início intensivo com as primeiras <strong>do</strong>ações <strong>de</strong><br />
sesmarias em 1814 pelo Marquês <strong>de</strong> Alegrete para Belarmino Coelho, João da Costa Leite,<br />
Antonio José <strong>de</strong> Menezes e vários outros povoa<strong>do</strong>res. Em 1818, ten<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> o governo da<br />
província, o Con<strong>de</strong> da Figueira, D. José Castelo Branco Corrêa da Cunha Vasconcelos e Souza,<br />
incentivou o movimento povoa<strong>do</strong>r da região conce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais sesmarias. Entre estas,<br />
encontrava-se a sesmaria <strong>do</strong>ada a Luciano Pinheiro e na qual, hoje está assentada Sant’Ana <strong>do</strong><br />
<strong>Livramento</strong>. Entretanto, uns anos antes, os acontecimentos que se <strong>de</strong>senrolavam no Rio da<br />
Prata por volta <strong>de</strong> 1810, que <strong>de</strong>veriam terminar com a emancipação política das colônias<br />
espanholas, motivaram a mobilização <strong>de</strong> um exército expedicionário brasileiro; acampa<strong>do</strong> nas<br />
fronteiras da banda Oriental em 1811 com o pretexto <strong>de</strong> socorrer o Governa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Montevidéu<br />
Francisco Xavier Elio, <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> pela Corte <strong>de</strong> Cadiz, <strong>do</strong> governo <strong>de</strong> Montevidéu. Elio ven<strong>do</strong><br />
que não po<strong>de</strong>ria resistir por muito tempo os revolucionários “in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s por<br />
Artigas”, pedira auxílio a Carlota, rainha <strong>de</strong> Portugal, a qual se encontrava no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a invasão da península ibérica, na Europa, pelos exércitos <strong>de</strong> Napoleão. Essa princesa<br />
ambicionava herdar os <strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> seu irmão, o rei Fernan<strong>do</strong> III da Espanha, então prisioneiro<br />
na França. Ela trabalhava ativamente para se fazer coroar rainha <strong>do</strong> Rio da Prata.<br />
A aflitiva situação <strong>de</strong> Elio e seu pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> auxílio <strong>de</strong>ram-se na ocasião <strong>de</strong> executar seus planos<br />
com um celebra<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> auxílio, pelo qual um forte exército português conduziu-se sobre<br />
o território Oriental. Esse exército intitula<strong>do</strong> PACIFICADOR, compunha-se <strong>de</strong> duas colunas: a<br />
da esquerda comandada pelo marechal <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> cavalaria, Manoel Márquez <strong>de</strong> Souza, e<br />
acampou junto aos cerros <strong>de</strong> Bagé; a da direita sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> marechal <strong>de</strong> campo <strong>de</strong><br />
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 54 -