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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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eal. Os estímulos consistiam em uma quantia em dinheiro, uma espingarda, ferramentas,<br />

sementes, alimentos, duas vacas, uma égua, alguma terra (“um quarto <strong>de</strong> légua em quadro”,<br />

expressão que <strong>de</strong>u título ao belo livro <strong>de</strong> Luiz Antonio <strong>de</strong> Assis Brasil). Mas a oferta não tinha<br />

só razões humanitárias: Portugal precisava ocupar um território pouco povoa<strong>do</strong> e cobiça<strong>do</strong><br />

pelas potências europeias da época. Carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, interesse <strong>de</strong> outro. O anúncio <strong>do</strong> rei<br />

foi bem recebi<strong>do</strong>. Em setembro daquele ano já se haviam inscrito 2.585 pessoas prontas para<br />

emigrar, um número, para a época, apreciável. E assim vieram os 60 casais que <strong>de</strong>ram a Porto<br />

Alegre a sua primeira <strong>de</strong>nominação: Porto <strong>do</strong>s Casais.<br />

Aportaram no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul lá pelos<br />

anos <strong>de</strong> 1752, já encontran<strong>do</strong> nessa época<br />

alguns núcleos <strong>de</strong> povoa<strong>do</strong>res. O<br />

incomensurável horizonte geográfico das<br />

fecundas terras <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> ampliou-se<br />

em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong> e<br />

fazen<strong>do</strong> crescer aquelas virtu<strong>de</strong>s<br />

embotadas que o meio insular não<br />

permitia a expansão. E o açoriano<br />

agricultor adaptou-se em pouco tempo ao meio, tornan<strong>do</strong>-se pastor por excelência. De sua<br />

fusão com os elementos brasileiros, que encontrou já em sua chegada, nasceu o gaúcho sul riogran<strong>de</strong>nse,<br />

inexcedível no i<strong>de</strong>alismo, no patriotismo e na bravura.<br />

A historiografia como um to<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> trata <strong>do</strong>s momentos iniciais da ocupação lusa no sul, é<br />

prolixa em dizer da importância <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> bovino <strong>do</strong> sul e <strong>de</strong> sua utilização para a fixação <strong>de</strong>ssa<br />

população nestas paragens, mas o principal motivo foi mesmo os intersses político-militar<br />

expancionista <strong>do</strong> império luso-brasileiro.<br />

Nesta fronteira, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> D. João VI, quan<strong>do</strong> Dom Diogo acampou com seu exército em<br />

Bagé em 1811 e outra parte em São Diogo, origem da atual cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alegrete, ali nos<br />

acampamentos militares, começara efetivamente a expandirem as populações luso-brasileiras<br />

para o oeste e para o sul. Em curto espaço <strong>de</strong> tempo, entre o Ibicuí e o Quaraí, as operações<br />

guerreiras <strong>do</strong> exército <strong>de</strong> D. Diogo, segun<strong>do</strong> a terminologia da época, “limparam” <strong>de</strong> charruas e<br />

minuanos a área entre o Arapeí e o Quaraí, o que facilitou a penetração na região <strong>de</strong><br />

estancieiros luso-brasileiros. O exército <strong>de</strong> D. Diogo <strong>de</strong>morou-se no Cunhapiru, origem <strong>de</strong><br />

Sant’Ana <strong>do</strong> <strong>Livramento</strong>, até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1812, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se expandiram os povoa<strong>do</strong>res lusobrasileiros<br />

por toda a coxilha <strong>de</strong> Sant’Ana. Finalmente, com a intervenção <strong>de</strong> 1811-12 (Previa o<br />

livre comércio nos rios <strong>do</strong> prata e o reconhecimento por parte <strong>de</strong> Buenos Aires <strong>do</strong>s Governos <strong>de</strong><br />

Montevidéu e <strong>do</strong> Paraguai, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> contentarem-se com o resto <strong>do</strong> Vice-Reino <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Prata). O<br />

Príncipe D. João, se não conseguiu manter as conquistas <strong>de</strong> 1801 (Especialmente as Missões<br />

Orientais, diretamente visadas por Artigas), as fronteiras <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> estavam consolidadas.<br />

*fonte: livro, Fronteira Iluminada - Fernan<strong>do</strong> Cacciotore <strong>de</strong> Garcia.<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 52 -

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