1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
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As numerosas ban<strong>de</strong>iras que haviam percorri<strong>do</strong> o extenso território rio-gran<strong>de</strong>nse, não eram<br />
para povoá-lo, mas sim para tomar posse da terra em nome da coroa portuguesa e,<br />
principalmente em busca <strong>de</strong> minas <strong>de</strong> prata e <strong>de</strong> escravos. Ao contrário, o governo lusitano<br />
sempre preten<strong>de</strong>u povoar o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, pois vislumbrava que esta região haveria <strong>de</strong> ser<br />
uma das mais importantes <strong>do</strong> Brasil. Uma visão futurista <strong>de</strong> como o é hoje.<br />
Em 1725, Francisco Peixoto organizou uma expedição que <strong>de</strong>veria partir <strong>de</strong> Laguna, sob<br />
coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> João Magalhães com o objetivo <strong>de</strong> dar início ao povoamento da região. Como os<br />
companheiros <strong>de</strong> Magalhães não eram mais <strong>do</strong> que trinta pessoas, vários <strong>de</strong>les voltaram para<br />
Santa Catarina e o restante resolveu ficar por aqui e constituir algumas estâncias, on<strong>de</strong> o<br />
próprio comandante estabeleceu-se nuns campos <strong>de</strong> Tramandaí e fixou-se em Porto <strong>de</strong><br />
Viamão, hoje Porto Alegre. Depois somente em 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1737, que o governo<br />
português autorizou a Gomes Freire <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> a tomar posse oficialmente <strong>do</strong> dito território.<br />
A povoação <strong>do</strong> extremo Sul<br />
A criação <strong>do</strong> al<strong>de</strong>amento motivou-se na necessida<strong>de</strong><br />
em disciplinar a presença <strong>de</strong> indígenas nas<br />
proximida<strong>de</strong>s da Vila <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Pedro,<br />
presença que causava apreensão aos mora<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tensão, liga<strong>do</strong> à<br />
assinatura <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Madri. O povoamento <strong>de</strong>via<br />
ser feito com mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong><br />
segun<strong>do</strong> informações <strong>de</strong> Silva Paes, em 1725 havia<br />
muitos que <strong>de</strong>sejavam ir para aquela região. Eram os<br />
casais <strong>de</strong> açorianos que iniciavam propriamente a<br />
origem <strong>do</strong> povo gaúcho, que sob pressão <strong>de</strong>mográfica<br />
e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência nas Ilhas <strong>do</strong>s Açores,<br />
a população pediu ao rei, em 1746, para emigrar para<br />
a América. O rei encaminhou essa solicitação ao<br />
Conselho Ultramarino que se manifestou favorável ao<br />
pedi<strong>do</strong>. Assim, a Coroa Portuguesa autorizou o transporte <strong>de</strong> 4 mil casais para o Brasil. Entre as<br />
principais cida<strong>de</strong>s fundadas e povoadas por esses casais estão Laguna e Desterro<br />
(Florianópolis), Taquari, Rio Gran<strong>de</strong>, Rio Par<strong>do</strong>, Triunfo e Porto Alegre.<br />
Em 1747, foi divulga<strong>do</strong> nas Ilhas <strong>do</strong>s Açores um edital assina<strong>do</strong> pelo rei <strong>de</strong> Portugal<br />
anuncian<strong>do</strong> estímulos para aqueles que quisessem emigrar para o Brasil. Havia para tal bons<br />
motivos: os Açores viviam uma crise na produção <strong>de</strong> cereais, e a fome era uma ameaça muito<br />
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 51 -