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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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oficiais farroupilhas. Teixeira Nunes, principal lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s lanceiros negros, foi feri<strong>do</strong> durante o<br />

confronto e, logo após, sem condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se, foi morto por Manduca Rodrigues, que<br />

lutava pelos imperiais.<br />

Cogita-se se que o ataque teria si<strong>do</strong> previamente combina<strong>do</strong> com Canabarro para exterminar<br />

os lanceiros negros, que po<strong>de</strong>riam formar ban<strong>do</strong>s após o término da guerra, que já estava<br />

sen<strong>do</strong> tratada a paz. A questão da abolição da escravatura, uma das condições exigidas pelos<br />

farroupilhas para a paz, entravava as negociações. A libertação <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong>s ex-escravos<br />

combatentes precipitaria um movimento abolicionista no resto <strong>do</strong> império, comprometen<strong>do</strong> a<br />

mão <strong>de</strong> obra escrava que vinha manten<strong>do</strong> a produção agricola <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos coloniais.<br />

Alguns historia<strong>do</strong>res sustentam a tese na morte <strong>de</strong> Bento Gonçalves em 1847, que <strong>de</strong>ixou 53<br />

escravos <strong>de</strong> heranças aos filhos.<br />

Foi mencionada à época uma carta <strong>do</strong> Barão <strong>de</strong> Caxias instruin<strong>do</strong><br />

Francisco Pedro <strong>de</strong> Abreu a atacar o corpo <strong>de</strong> lanceiros negros e<br />

afirman<strong>do</strong> que tal situação estaria acertada com Canabarro. Esta carta foi<br />

mostrada em Piratini a um professor liga<strong>do</strong> aos <strong>de</strong>mais comandantes<br />

farrapos. A autenticida<strong>de</strong> da carta foi questionada, e há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ela ter si<strong>do</strong> forjada nas hostes imperiais para <strong>de</strong>smoralizar Canabarro, à<br />

época um <strong>do</strong>s mais importantes lí<strong>de</strong>res militares da República Rio-<br />

Gran<strong>de</strong>nse e um <strong>do</strong>s negocia<strong>do</strong>res da paz pelo la<strong>do</strong> farroupilha.<br />

O <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> Porongos levou Canabarro a um tribuna militar farroupilha. Com a paz em 1845,<br />

o trâmite continuou na justiça militar <strong>do</strong> Império. O General Manuel Luiz Osório, futuro<br />

comandante das tropas brasileiras na Batalha <strong>de</strong> Tuiuti(durante a Guerra <strong>do</strong> Paraguai), fez com<br />

que o processo fosse arquiva<strong>do</strong> sem ter si<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong>, em 1866. Durante toda a sua vida, o<br />

general Canabarro insistiu em sua inocência e na tese da difamação.<br />

O historia<strong>do</strong>r Sérgio da Costa Franco consi<strong>de</strong>ra “judiciosa, <strong>do</strong>cumentada e altamente<br />

convincente” a <strong>de</strong>fesa que Alfre<strong>do</strong> Ferreira Rodrigues fez <strong>de</strong> David Canabarro, no episódio <strong>de</strong><br />

Porongos. Rodrigues fez uma criteriosa investigação e não encontrou nada contra o chefe<br />

farroupilha. Quanto a uma carta <strong>de</strong> Caxias como prova da traição, tem to<strong>do</strong>s os indícios <strong>de</strong> ser<br />

falsa, era para produzir intriga <strong>do</strong>s adversários. Diz a carta, no trecho mais incrimina<strong>do</strong>r: “Não<br />

receie a infantaria inimiga, pois ela há <strong>de</strong> receber or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um ministro <strong>de</strong> seu general-em-chefe<br />

para entregar o cartuchame sob o pretexto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiarem <strong>de</strong>la. Se Canabarro ou Lucas forem<br />

prisioneiros, <strong>de</strong>ve dar-lhes escápula <strong>de</strong> maneira que ninguém possa nem <strong>de</strong> longe <strong>de</strong>sconfiar, nem<br />

mesmo os outros que eles pe<strong>de</strong>m que não sejam presos.”<br />

O Jornal Inconfidência nº 98 <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> aos 203 anos <strong>do</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias, em trecho <strong>de</strong><br />

mensagem intitulada “A nossos leitores” faz o seguinte diagnóstico <strong>de</strong>sta situaç~o <strong>de</strong><br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 48 -

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