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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les da África Oci<strong>de</strong>ntal, sen<strong>do</strong> que o apogeu <strong>do</strong> tráfico<br />

ocorreu entre 1750 a 1820, quan<strong>do</strong> os traficantes carregaram, em<br />

média, uns 60 mil por ano. O tráfico foi o principal responsável<br />

pelo vazio <strong>de</strong>mográfico que acometeu a África no século 19. No<br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul há registros a partir <strong>de</strong> 1726 com primeiros<br />

negros na frota <strong>de</strong> João <strong>de</strong> Magalhães com <strong>de</strong>stino às fazendas e<br />

<strong>de</strong>pois às charqueadas, que começou em 1780, com ocupação da<br />

área <strong>de</strong> Pelotas, que o tráfico negreiro tomou volume. Naquele<br />

ano, os escravos - calcula<strong>do</strong>s em 3.280 - representavam 29% da<br />

população total <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, e se encontravam<br />

concentra<strong>do</strong>s em duas áreas principais. A primeira era ao longo<br />

da estrada <strong>do</strong>s tropeiros, que ligava o extremo sul <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong><br />

ao resto <strong>do</strong> país, pelo roteiro Rio Gran<strong>de</strong>-Mostardas-Porto Alegre-<br />

Gravataí-Santo Antônio da Patrulha-Vacaria, ao longo <strong>do</strong> qual se localizavam as maiores<br />

estâncias.<br />

Nessa região estavam cerca <strong>de</strong> 70% <strong>do</strong>s escravos. A outra área <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

concentração estava no eixo Porto Alegre-Caí-Taquari-São Jerônimo-Santo<br />

Amaro-Rio Par<strong>do</strong>-Cachoeira, ao longo <strong>do</strong> Jacuí, on<strong>de</strong> se concentravam 35%<br />

<strong>do</strong>s escravos, especialmente em São Jerônimo. Esses números seriam<br />

gran<strong>de</strong>mente aumenta<strong>do</strong>s com as charqueadas, saltan<strong>do</strong> para 50% da<br />

população gaúcha em 1822, quan<strong>do</strong> José Antonio Gonçalves Chaves,<br />

estancieiro e charquea<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Pelotas, calculou que <strong>do</strong>s 106.196 habitantes da<br />

província meta<strong>de</strong> fosse <strong>de</strong> escravos.<br />

É difícil estabelecer <strong>de</strong> que regiões da África vieram os negros que<br />

aportaram, ao longo <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Sabe-se que<br />

vieram <strong>do</strong> porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, mas não existem <strong>de</strong>talhes precisos<br />

quanto aos portos <strong>de</strong> origem da África, e menos ainda quanto às regiões<br />

em que foram captura<strong>do</strong>s para serem leva<strong>do</strong>s para os portos <strong>de</strong><br />

embarque. Isto porque os africanos muitas vezes eram captura<strong>do</strong>s a<br />

centenas <strong>de</strong> quilômetros <strong>do</strong> porto on<strong>de</strong> seriam embarca<strong>do</strong>s para o<br />

cativeiro. E, geralmente, na chegada ao Rio - ou aos outros portos -<br />

registrava-se como origem o porto <strong>de</strong> embarque. Mas, <strong>de</strong> maneira<br />

bastante imprecisa, é possível falar em três regiões principais <strong>de</strong> origem,<br />

com especial <strong>de</strong>staque para uma <strong>de</strong>las. No Rio Gran<strong>de</strong> os grupos <strong>de</strong><br />

africanos aqui introduzi<strong>do</strong>s recebiam geralmente a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> angolas, congos, minas e<br />

moçambiques. Isto, entretanto, não significa que fossem efetivamente <strong>de</strong>ssas áreas.<br />

Margaret M. Bakos, Doutora em História Econômica pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no<br />

ca<strong>de</strong>rno 29 <strong>do</strong> Memorial <strong>do</strong> RGS, disse que na historiografia gaúcha, as lutas pela república e<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 45 -

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