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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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Formação da povoação uruguaia<br />

A presença <strong>do</strong> ti<strong>do</strong> português-brasileiro ao longo<br />

<strong>de</strong>sta fronteira recém estabelecida se tornou um<br />

assunto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> preocupação. Então, com uma<br />

consciência clara... <strong>de</strong> que era necessário<br />

‘<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r’ a língua espanhola. Logo, o Parlamento<br />

Uruguaio fun<strong>do</strong>u, entre 1853 e 1862, um número<br />

<strong>de</strong> colônias rivais na fronteira, incluin<strong>do</strong> Santa<br />

Rosa (agora Bella Unión), Cuaraeim (agora<br />

Artigas), Treinta y Tres, Villa Artigas (agora Rio Branco), e Villa Ceballos (agora Rivera). A<br />

educação foi usada como um instrumento para promover o nacionalismo uruguaio e,<br />

especificamente, para espalhar o espanhol como a língua nacional <strong>do</strong> Uruguai. José Pedro<br />

Varela (1845-1879), um educa<strong>do</strong>r muito influente naquele tempo, <strong>de</strong>u testemunho sobre a<br />

influência <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Brasil no norte <strong>do</strong> Uruguay.<br />

Varela alegou que: “O Brasil... <strong>do</strong>mina com seus súditos... quase to<strong>do</strong> o norte da República: em<br />

toda esta zona, até o idioma nacional já se per<strong>de</strong>u, já que é o português a língua falada com mais<br />

frequência”. Devi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> que a população da fronteira era majoritariamente brasileira, o<br />

professor Elzaincín sabiamente esclarece a situação linguística apontada por Varela: “O idioma<br />

espanhol não se falou mais que esporadicamente, e <strong>de</strong>sta forma hoje soa um pouco ingênua a<br />

firmação <strong>de</strong> Varela... por isto não po<strong>de</strong> haver-se perdi<strong>do</strong> o que nunca foi <strong>de</strong>finitivamente<br />

afirma<strong>do</strong>” Elizaincín (1984) afirma que “diversas medidas tomadas no campo <strong>de</strong>mogr|fico,<br />

populacional e educativo foram inserin<strong>do</strong> mais o espanhol nas zonas em que o português<br />

sempre havia esta<strong>do</strong>”<br />

A construção <strong>de</strong> escolas para neutralizar a <strong>do</strong>minação linguística <strong>do</strong> português brasileiro nas<br />

comunida<strong>de</strong>s da fronteira aconteceu principalmente entre 1867 e 1878, mas a preocupação<br />

com o aprendiza<strong>do</strong> da língua nacional continua até hoje. Inúmeros cidadãos brasileiros moram,<br />

trabalham, e compram terra no Uruguai <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma fronteira extremamente permeável<br />

entre os <strong>do</strong>is países. Mas, por outro la<strong>do</strong>, os da<strong>do</strong>s mostran<strong>do</strong> o estabelecimento <strong>de</strong> uruguaios<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e no Brasil não são claros.<br />

A comunicação com as comunida<strong>de</strong>s da fronteira continuou sen<strong>do</strong> irregular e difícil até o meio<br />

<strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com Rona (1963), “a estrada <strong>de</strong> Montevidéu a Rocha se abriu<br />

somente em 1940, e a <strong>de</strong> Rivera somente em 1953” (p. 204). As cida<strong>de</strong>s da fronteira então<br />

cresceram juntas com pouco contato com as cida<strong>de</strong>s mais importantes <strong>do</strong> interior <strong>do</strong>s seus<br />

respectivos países e, portanto, “as cida<strong>de</strong>s ao longo da fronteira s~o gêmeas e constituem<br />

virtualmente, em cada caso, uma cida<strong>de</strong> única” (p. 204). A fronteira entre muitas <strong>de</strong>stas cida<strong>de</strong>s<br />

gêmeas não é mais <strong>do</strong> que uma rua comum que mostra a ban<strong>de</strong>ira brasileira em um la<strong>do</strong> e a<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 34 -

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