1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
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distribuição <strong>de</strong> boletins subversivos, e da atuação <strong>de</strong>senvolvida pelos verea<strong>do</strong>res<br />
comunistas Lucio Soares Netto e Solon Pereira Netto, na Câmara Municipal, procuran<strong>do</strong><br />
da tribuna daquela Câmara agitar os meios operários e sindicais e justificar o direito <strong>de</strong><br />
greve. Porque a greve, é preciso que se diga, embora uma faculda<strong>de</strong> constitucional, por<br />
não ser <strong>de</strong> auto-aplicação, e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> regulamentação legal, praticamente não existe<br />
em nosso país.”<br />
Era voz corrente na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os lí<strong>de</strong>res grevistas presos seriam leva<strong>do</strong>s para Porto Alegre.<br />
Na tensão pulsante daquelas horas, os companheiros remanescentes, entre eles Lucio Soares<br />
Neto, secretário <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>, e Hugo Nekesaurt, braço direito da militância, tramavam a reação.<br />
Escondi<strong>do</strong>s em um fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>sta casa nas cercanias <strong>do</strong> frigorífico, junto a<br />
um chiqueiro <strong>de</strong> porcos, varavam a noite <strong>de</strong>spistan<strong>do</strong> a polícia, corren<strong>do</strong> risco <strong>de</strong> vida. Hugo<br />
recorda: “Est|vamos nos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong> gente requete-pobre. E <strong>de</strong> madrugada é que se<br />
<strong>de</strong>u o caos. As mulheres <strong>do</strong>s companheiros presos foram exigir, choran<strong>do</strong>, uma solução. Se<br />
dizia que iam ser leva<strong>do</strong>s para Porto Alegre no trem que saía <strong>de</strong> manhã e ninguém sabia o que<br />
podia acontecer”. Isso, e muito mais está no livro <strong>do</strong> Marlon Aseff. Ali ele nos conta em minúcia,<br />
fases da relação entre organizações <strong>de</strong> esquerda, militantes isola<strong>do</strong>s e casas <strong>de</strong> apoio que<br />
existiam em ambos os la<strong>do</strong>s da fronteira entre Brasil e o Uruguay.<br />
Síntese <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s no Brasil<br />
Em diversos momentos tormentosos da vida brasileira, os rumos da política nacional, bons ou<br />
maus, foram <strong>de</strong>cisivamente influencia<strong>do</strong>s por homens públicos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Palácio Farroupilha.<br />
Para uma melhor compreensão <strong>do</strong> leitor exponho uma sinopse <strong>de</strong>stes perío<strong>do</strong>s:<br />
Perío<strong>do</strong> Imperial (1822/1889)<br />
A primeira Constituição Brasileira (outorgada pelo Impera<strong>do</strong>r D. Pedro I em 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1824) não<br />
prevê a <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res legislativos às Províncias <strong>do</strong> Império, embora estabeleça órgãos<br />
<strong>de</strong>liberativos sobre assuntos <strong>de</strong> seu interesse peculiar (os "Conselhos Gerais").<br />
República Velha (1889/1930)<br />
Com a Proclamação da República, o PRR <strong>de</strong> Júlio <strong>de</strong> Castilhos chega ao po<strong>de</strong>r. Elaborada conforme os<br />
preceitos positivistas, a Constituição promulgada em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1891 outorga ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> a prerrogativa <strong>de</strong> editar as leis; a Assembleia (então <strong>de</strong>nominada "Assembleia <strong>do</strong>s<br />
Representantes") reúne-se apenas <strong>do</strong>is meses por ano, exclusivamente para votar o orçamento <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> e dispor sobre tributos.<br />
República Nova e Esta<strong>do</strong> Novo (1930/1945)<br />
Após haver uni<strong>do</strong> o Rio Gran<strong>de</strong>, Getúlio agrega o apoio <strong>de</strong> Minas Gerais e Paraíba e lança-se candidato à<br />
Presidência da República pela Aliança Liberal, nas eleições <strong>de</strong> 1929. Derrota<strong>do</strong>, <strong>de</strong>flagra em 3 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1930 um movimento revolucionário que, um mês <strong>de</strong>pois, o empossa como chefe <strong>do</strong> Governo<br />
Provisório da República. Em 1932, Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e Raul Pilla apoiam, no Esta<strong>do</strong>, a Revolução<br />
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 145 -