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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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Nos limites entre Rosário <strong>do</strong> Sul, Alegrete e <strong>Santana</strong> <strong>do</strong> <strong>Livramento</strong> há uma região ouriçada <strong>de</strong> cerros,<br />

chamada Serra <strong>do</strong> Caverá, on<strong>de</strong> ali, entre outras maravilhas geológicas e históricas, encontram-se<br />

baixos cerros, testemunhas <strong>de</strong> um mito. Essa região era o ambiente <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Honório Lemes,<br />

conheci<strong>do</strong> como o Leão <strong>do</strong> Caverá, “<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ban<strong>de</strong>irante Fern~o Dias Paes Lemes”, tropeiro<br />

chefe <strong>de</strong> boiadas e charqueadas, um personagem notável na história <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul no início <strong>do</strong><br />

século vinte. Nasceu em Cachoeira <strong>do</strong> Sul em 23/12/1864. Faleceu em 30/09/1930. Na Revolução <strong>de</strong><br />

1923, entre os maragatos (os revolucionários) e os chimangos (os legalistas), o Caverá foi o santuário<br />

<strong>do</strong> caudilho maragato e legendário Honório Lemes.<br />

A Lenda <strong>do</strong> Caverá<br />

Na região, no passa<strong>do</strong>, era território <strong>de</strong> uma tribo <strong>do</strong>s Minuanos, índios bravios <strong>do</strong>s<br />

campos, ao contrário <strong>do</strong>s Tapes e Guaranis gente mais <strong>do</strong> mato. Entre esses Minuanos, <strong>de</strong>stacava-se a<br />

figura <strong>de</strong> Camaco, guerreiro forte e altivo, mas viven<strong>do</strong> uma paixão não correspondida por Ponaim, a<br />

princesinha da tribo, que só amava a própria beleza...<br />

Os melhores frutos <strong>de</strong> suas caçadas, os mais valiosos troféus <strong>de</strong> seus combates, Camaco<br />

vinha <strong>de</strong>positar aos pés <strong>de</strong> Ponaim, sem conseguir <strong>de</strong>la qualquer <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> amor.<br />

Um dia, achan<strong>do</strong> que lhe dava uma tarefa impossível, Ponaim disse que só se casaria com<br />

Camaco se ele trouxesse a pele <strong>do</strong> Cervo Berá para forrar o leito <strong>do</strong> casamento. O Cervo Berá era um<br />

bicho encanta<strong>do</strong>, com o pelo brilhante - daí o seu nome. O mato era <strong>de</strong>le: Caa-Berá, Caaverá, Caverá,<br />

finalmente.<br />

Então Camaco resolveu caçar o cervo encanta<strong>do</strong>. Montan<strong>do</strong> o seu melhor cavalo, arma<strong>do</strong><br />

com vários pares <strong>de</strong> bolea<strong>de</strong>iras, saiu a restrear, dizen<strong>do</strong> que só voltaria <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> caçar e courear o<br />

Cervo Berá.<br />

Depois <strong>de</strong> muitas luas, num fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> ele avistou a caça tão procurada na aba <strong>do</strong><br />

cerro. O cervo estava para<strong>do</strong>, cabeça erguida, <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r, brilhan<strong>do</strong> contra a luz <strong>do</strong> sol morrente. Sem<br />

me<strong>do</strong>, Camaco taloneou o cavalo, <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>u da cintura um par <strong>de</strong> bolea<strong>de</strong>iras e fez as pedras zunirem,<br />

arro<strong>de</strong>an<strong>do</strong> por cima da cabeça. Então, no justo momento em que o Cervo Berá <strong>de</strong>u um salto para a<br />

frente quan<strong>do</strong> o guerreiro atirou as Três Marias, houve um gran<strong>de</strong> estouro no cerro e uma cerração<br />

muito forte tapou tu<strong>do</strong>.<br />

Durante três dias e três noites os outros índios campearam Camaco e seu cavalo, mas só<br />

acharam uma gran<strong>de</strong> caverna que tinha se rasga<strong>do</strong> na pedra dura <strong>do</strong> cerro e por on<strong>de</strong>, quem sabe,<br />

Camaco e seu cavalo tinham entra<strong>do</strong> a galope atrás <strong>do</strong> Cervo Berá para nunca mais voltar.<br />

* fonte: Livro "Mitos e Lendas <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul" <strong>de</strong> Antonio Augusto Fagun<strong>de</strong>s<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 136 -

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