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ANTIJESUÍTISMO EUROPEU: RELAÇÕES POLÍTICO ...

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pouco instituída com Pombal como força motora 43, contrapôs-se, por<br />

muito tempo, uma desorientação paralisadora, a qual, com a sua rica produção<br />

literária, pode ser designada de autónoma «filosofia do terramoto». 44<br />

Em toda a Europa, 4 5 as interpretações teológico-morais que<br />

viram o terramoto como punição vinda de Deus, mantiveram um<br />

impulso geral 46; em Portugal foi entendido como advertência e<br />

anúncio de novas catástrofes. 47 Aos olhos de Pombal, era imperdoável<br />

que um religioso conhecido na cidade, como era o jesuíta Gabriel<br />

Malagrida, 4 8 se manifestasse nesse mesmo sentido. Desterrado<br />

Malagrida para Setúbal, foi o Cardeal Patriarca de Lisboa intimado<br />

por Pombal, a 3 de Novembro, a intervir contra o pânico, de tal modo<br />

irresponsável, que se tinha instalado. 49<br />

4 3 Chorão 102. França 305, insiste no papel dirigente de Pombal: «Selbst die<br />

unnachsichtigste antipersonalistische Haltung kann die katalytische und einfallsreiche<br />

Rolle, die Pombai in einer sicher sehr komplizierten Konjunkturperiode gespielt hat,<br />

nur unter der Gefahr ignorieren, daß er die gesamte Umwandlung der portugiesischen<br />

Gesellschaft in ihrer Ökonomie, ihrer Kultur und ihren Sitten nicht begreift.»<br />

4 4 Dias, Terramoto 180ss, Serrão, História VI 245ss. Em parte das obras de<br />

autores anónimos, como «Theatro lamentável, Seena funesta: Relaçam verdadeira<br />

do Terramoto do primeiro de Novembro de 1755... causa natural e mystica do<br />

mesmo» ou «Destruição de Lisboa e famosa desgraça que padeceu no dia primeiro<br />

de Novembro de 1755», procura-se a causa da catástrofe natural.<br />

4 ! De toda a Europa chegaram também cartas de condolências das casas<br />

reinantes europeias, como, p. ex., a do príncipe eleitor da Baviera Maximiliano III<br />

José, de 16.XII.1755, na qual exprimia, ao soberano português, seu parente, a sua<br />

«teneram pro incolumitate Regiae Majestatis Vestrae sollicitudinem». Original no<br />

ANTT, Casa Forte, Livro 2 Baviera.<br />

4 6 Para as discussões teológico-filosóficas assim como para a discussão sobre<br />

a teodiceia provocadas pelo terramoto na Europa (sobretudo na literatura francesa),<br />

cf. a análise de Rohrer 29-44 e 47-50; no espaço neerlandês era «de verwoesting van<br />

Portugal voornamelijik een waarschuwing, die men eigenlijk dankbaar aanvaarden<br />

moest», cf. Jong 203.<br />

4 7 Serrão, História VI, 41s; para a interpretação do castigo nas pregações,<br />

ainda Kemmerer 77-90.<br />

4 8 De Malagrida (1689-1761), apareceu em Lisboa, em 1756, o «Juízo da<br />

verdadeira causa do Terramoto, que padeceo a corte de Lisboa, no primeiro de<br />

Novembro de 1755», cf. Sommervogel V, 394s. A desmedida procura de prazeres é<br />

declarada como a razão do castigo: «Os theatros, as músicas, as danças mais<br />

immodestas, as comédias as mais obscenas, os divertimentos, as assistências aos<br />

touros, sendo tanto o concurso que enchião as praças e as ruas todas» 25, cit. segundo<br />

Frèches, Malagrida 321. Pormenores sobre Malagrida mais à frente.<br />

4* Dias, Terramoto 185. A petição era justificada com o facto de que com os<br />

apelos ao recolhimento espiritual e a uma atitude de penitência, a necessidade

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