ANTIJESUÍTISMO EUROPEU: RELAÇÕES POLÍTICO ...
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II.3.a. A expulsão do núncio Acciaiuoli, em 1760<br />
O primeiro passo na internacionalização da questão jesuíta é, para<br />
Macedo, o corte de relações diplomáticas entre Portugal e a Cúria, no<br />
ano seguinte à expulsão dos jesuítas. 108<br />
Enquanto crítico eminente da visita dos jesuítas levada a cabo<br />
pelo cardeal Saldanha, o núncio Acciaiuoli, já em 1758, tinha tomado<br />
uma posição inequívoca. 109 Depois do decreto de expulsão dos jesuítas,<br />
o confronto aberto dos adversários portugueses dos jesuítas<br />
com o representante do Papa na Corte de Lisboa não se podia fazer<br />
esperar, 110embora Acciaiuoli, a partir do Outono de 1758, devido à<br />
confusa situação, se tenha distanciado dos jesuítas. 111 Houve, além<br />
disso, uma revalorização da posição do núncio: em 24 de Setembro de<br />
1759, Clemente XIII nomeou-o cardeal. 112Primeiro indício do crescente<br />
alheamento entre o soberano português e o núncio é a demora no<br />
reconhecimento deste pelo rei. 1 1 3 Finalmente, a 15 de Junho de 1760,<br />
era justificada a expulsão do núncio com a sua violação do protocolo<br />
por ocasião da cerimónia do casamento da infanta D. Maria com seu<br />
tio D. Pedro, a 6 de Junho. 1 1 4 Para o estudioso do Direito das Gentes,<br />
1 0 8 Macedo, História Diplomática 285.<br />
m Acciaiuoli — que no princípio do conflito com os jesuítas estava do lado de<br />
Pombal — tinha, junto do cardeal visitador, Saldanha, em 7.Vil. 1758. protestado<br />
oficialmente contra a injustificada suspensão de todos os jesuítas em actividade no<br />
Patriarcado de Lisboa, o que, junto de Pombal e Saldanha, lhe trouxe a reputação de<br />
amigo dos jesuítas: cf. Pastor XVI/1. 582.<br />
1 1 0 Maxwell, Pombal 103: «The struggie with the papacy was an inévitable<br />
resuit of the expulsion of the Jesuits.» Aos jesuítas expulsos tinha sido concedido,<br />
nos Estados da Igreja, simpático acolhimento e subsistência, o que havia de pesar<br />
consideravelmente nas relações entre Lisboa e a Cúria: cf. cap. II.2.c., assim como<br />
Santana.<br />
111 Pastor XVI/1,582s. Acciaiuoli deixou de fazer visitas às casas da Companhia<br />
e recusou a nomeação para co-visitador.<br />
112 Brazão, Pombal 356; Pastor XVI/1. 583.<br />
Acciaiuoli, logo em seguida, insiste em que o rei D. José lhe devia impor o<br />
barrete cardinalício. A 3.VI. Acciaiuoli transmitiu para Roma a apreciação da sua<br />
situação, dando a entender que a sua expulsão estava iminente: cf. Brazão, Pombal<br />
356s. " a O núncio não tinha recebido qualquer participação oficial da cerimónia a<br />
realizar e recusou-se, por consequência, a iluminar solenemente a janela da sua<br />
residência, como mandava o protocolo, o que era usual em momentos análogos na<br />
Corte. Contra este casamento, segundo relatório do embaixador francês, tinha-se<br />
manifestado o confessor do Rei, em acordo com os jesuítas («... também se opusera.