ANTIJESUÍTISMO EUROPEU: RELAÇÕES POLÍTICO ...
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dos jesuítas enquanto força social relevante tinha-se tornado inevitável.<br />
104<br />
A questão de saber se a expulsão dos jesuítas por Carvalho e Melo<br />
— que após o aniquilamento da oposição nobiliárquica, no ano da<br />
expulsão foi elevado ao título nobre de Conde de Oeiras — era por ele<br />
há muito pretendida por razões pessoais, tem de ser totalmente negada.<br />
105 Considerações de pragmatismo económico 1 0 6 e a comprovação<br />
de diversas estruturas de pensamento político 107 são sérias<br />
tentativas de interpretação para as decisões fundamentais em matéria<br />
de política interna, em Portugal, contra a a Companhia de Jesus —<br />
com consequências políticas externas.<br />
11.3. Internacionalização da questão jesuíta<br />
O problema interno para já resolvido com a expulsão dos jesuítas<br />
tinha de ser elevado à categoria de questão internacional.<br />
Uma medida de tal modo grave não se podia considerar como<br />
consolidada enquanto não lhe pudesse, também, ser atribuída dimensão<br />
internacional. Seja em que contexto for que se olhe para as motivações<br />
da europeização e internacionalização da questão jesuíta em Portugal,<br />
ela só é tratada a seguir na perspectiva portuguesa. A problemática<br />
merece atenção, após um intenso e reflectido estabelecimento de<br />
objectivos em Portugal. Depois da expulsão dos jesuítas de Portugal,<br />
é a política externa portuguesa entendida como expressão dos grandes<br />
objectivos (i.e., a supressão da Companhia de Jesus)?<br />
1 0 4 Macedo, Dialéctica 22: «Para vencer os Jesuítas. Pombal teve de os esmagar.»<br />
A inicial repressão da influência jesuíta nos círculos da Corte poderia,<br />
posteriormente, ser interpretada como teste de funcionamento à eficácia do conjunto<br />
das medidas; mas, com isso, não é afirmada qualquer planificação nesse procedimento.<br />
1 0 5 Ferrão 33. A expulsão «não foi prevista, calculada, preparada». Ferrão 39s<br />
insurge-se, com razão, contra uma apresentada linearidade por parte dos adversários<br />
dos jesuítas, mas ousa fazer uma clara afirmação: «Foram os acontecimentos, os<br />
actos dos jesuítas, que tornaram o futuro marquês de Pombal cada vez mais inimigo<br />
da Companhia.»<br />
1 0 6 Carnaxide 119 determina o aspecto económico, considerando que a acção<br />
directa de Pombal contra os jesuítas, pura e simplesmente, estava «longe de ser uma<br />
questão de princípios».<br />
1 0 7 Macedo, Formas e premissas 76s. As correntes de filosofia política defendidas<br />
pelos jesuítas teriam tido de sujeitar-se, no sec. XVIII, aos mais fortes<br />
ataques, pois na sua natureza seria «a essência originária do poder (...) mais<br />
importante que a forma que ele pode revestir».