ANTIJESUÍTISMO EUROPEU: RELAÇÕES POLÍTICO ...

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17.04.2013 Views

configuração cultural e comunidade de destino, aprendeu a compreender-se.» 3 A consideração do antijesuítismo como «signo do séc. XVIII»"pressupõe, portanto, o alargamento da problemática. Formulada axiomaticamente: no antijesuitísmo europeu dá-se a conhecer aquela limitação geográfica a qual se torna inaceitável isolamento cultural de uma temática que apenas se entenda no contexto europeu, por vezes mesmo no contexto originário extra-europeu. Apenas a estreita limitação temporal aos poucos, mas decisivos, anos imediatamente antes da supressão da Companhia de Jesus permitia a realização prática do empreendimento. Parece admissível que através do tratamento da temática a partir do aspecto escolhido se tornem visíveis perspectivas até agora muito pouco ou nada consideradas. Através do ponto de vista fixado de início, este trabalho deverá servir como contraposição auto-consciente ao peso insuportável do Norte na corrente historiográfica iluminista, hoje em curso. 5 O termo «antijesuítismo» e o seu derivado «antijesuítico» são, no nosso sentido, em geral, expressões que definem uma consciente e hostil atitude básica contra a Companhia de Jesus. O antijesuítismo é tão antigo quanto a própria Companhia. Constitui, por isso, um fenómeno de tal maneira amplo, apresentando-se muito complexo e amplamente difundido, que não pode ser tratado exaustivamente. O segmento espacial geográfico visado, no interior de um período temporal que se pode abranger, deve, por consequência, alcançar a profundidade desejada. Forçosamente, o panorama geral sobre poucos (mas decisivos, para os jesuítas) anos do Portugal absolutista é apresentado nos seus motivos históricos fundamentais. 0 suporte cronológico pressuposto permite ver, ao mesmo tempo, a situação actual da investigação, tal como se deve sobretudo aos historiógrafos lusófonos. Na sua sequência, através da procura das 1 Müller, Idee 61. A época do Iluminismo excede também o sec. XIX na sua perspectiva redutora ao Estado nacional. Para o novo comportamento de abertura da Baviera perante a Europa ocidental no início do sec. XVIII, cf. van Dülmen, Neuorientierung 496; para o novo clima cultural na Europa ocidental e central, cf. Schryver 353-355. 4 Van Dülmen, Antijesuitismus 52. 5 Nessa medida o trabalho pode ser visto como uma declaração de guerra. Nenhum dos estudos parcelares de peso nórdico pode contribuir, construtivamente, para a bibliografia. Cf., para este justo reparo, a recensão de Alois Schmid, in; ZBLG 53 (1990) 808ss. (Volume de artigos recenseado: Aufklärung und Geschichte. Studien zur deutschen Geschichtswissenschaft im 18. Jahrhundert, Göttingen 1986.).

ligações indirectas e apoios de Portugal para a Baviera, o antijesuítismo europeu é submetido a pormenorizado tratamento analítico. Nas duas capitais, Lisboa e Munique, apresentam-se, além do mais, bases diversamente amplas de investigação específica no que respeita às manifestações locais de antijesuítismo. Com repetidas mudanças de posição crítica, devia ser evitada a parcialidade e garantida a prioridade da análise contemporânea da questão jesuíta por parte dos seus adversários. Devido ao presente método comparativo e à problemática relacionada à Europa, o estudo é uma tentativa de modelo sem precursor. I. 2. Bibliografia utilizada O carácter de modelo deste estudo é acentuado pela quase inexistência da história portuguesa na tradição científica de língua alemã. 6 O diagnóstico ao estado da investigação, de acordo com as expectativas, é negativo: a bibliografia específica sobre o tema não existe. De pouco êxito, também, mostra-se a pesquisa bibliográfica para a investigação das relações bávaro-portuguesas 7 no sec. XVIII. Recentemente, em 1990/91, 8 o duplo jubileu da Companhia de Jesus deu lugar a um extenso volume de ensaios 9e a uma exposição sobre a actividade dos jesuítas na Baviera. 10 Para a pré-história e efectivação da supressão da Companhia de Jesus são importantes, como primeira ajuda, os estudos históricos 6 A última obra geral é de Heinrich Schäfer: Geschichte von Portugal, 5 Bände, Hamburg-Gotha 1836-1854. No quadro de uma biografia de Pombal, Bernhard Duhr analisou os relatórios do embaixador imperial, enviados de Lisboa para Viena (Duhr, Pombal). 7 Se para a Aústria e Portugal faltam investigações úteis, a investigação quanto às relações entre a Baviera e Portugal representa um domínio totalmente inexplorado. Ramos, Kulturbeziehungen está ultrapassado; a panorâmica geral de Kuder é rica e estimulante, porém sem pretensão científica. Para as relações entre Aústria e Portugal surgirá em breve: Stefan Gatzhammer, Politisch-diplomatische Beziehungen zwischen Portugal und Österreich im 18. Jahrhundert vor dem Hintergrund der Jesuitenfrage, in: MIÖG 102 (1994) (no prelo). 8 1491 é o ano de nascimento do fundador Inácio de Loyola; em 1541, o Papa Paulo III confirma a Ordem religiosa. * lgnatianisch. Eigenart und Methode der Gesellschaft Jesu, (Hrsg. von Michael Sievernich u.a.) Freiburg 1990. 10 Die Jesuiten in Bayern 1549-1773. Cf., sobretudo, entre outros, para as críticas coevas à Ordem: Ibid. 273-283.

configuração cultural e comunidade de destino, aprendeu a compreender-se.»<br />

3 A consideração do antijesuítismo como «signo do séc.<br />

XVIII»"pressupõe, portanto, o alargamento da problemática.<br />

Formulada axiomaticamente: no antijesuitísmo europeu dá-se a<br />

conhecer aquela limitação geográfica a qual se torna inaceitável<br />

isolamento cultural de uma temática que apenas se entenda no contexto<br />

europeu, por vezes mesmo no contexto originário extra-europeu.<br />

Apenas a estreita limitação temporal aos poucos, mas decisivos, anos<br />

imediatamente antes da supressão da Companhia de Jesus permitia a<br />

realização prática do empreendimento. Parece admissível que através<br />

do tratamento da temática a partir do aspecto escolhido se tornem<br />

visíveis perspectivas até agora muito pouco ou nada consideradas.<br />

Através do ponto de vista fixado de início, este trabalho deverá<br />

servir como contraposição auto-consciente ao peso insuportável do<br />

Norte na corrente historiográfica iluminista, hoje em curso. 5<br />

O termo «antijesuítismo» e o seu derivado «antijesuítico» são, no<br />

nosso sentido, em geral, expressões que definem uma consciente e<br />

hostil atitude básica contra a Companhia de Jesus. O antijesuítismo é<br />

tão antigo quanto a própria Companhia. Constitui, por isso, um<br />

fenómeno de tal maneira amplo, apresentando-se muito complexo e<br />

amplamente difundido, que não pode ser tratado exaustivamente. O<br />

segmento espacial geográfico visado, no interior de um período<br />

temporal que se pode abranger, deve, por consequência, alcançar a<br />

profundidade desejada. Forçosamente, o panorama geral sobre poucos<br />

(mas decisivos, para os jesuítas) anos do Portugal absolutista é apresentado<br />

nos seus motivos históricos fundamentais.<br />

0 suporte cronológico pressuposto permite ver, ao mesmo tempo,<br />

a situação actual da investigação, tal como se deve sobretudo aos<br />

historiógrafos lusófonos. Na sua sequência, através da procura das<br />

1 Müller, Idee 61. A época do Iluminismo excede também o sec. XIX na sua<br />

perspectiva redutora ao Estado nacional. Para o novo comportamento de abertura da<br />

Baviera perante a Europa ocidental no início do sec. XVIII, cf. van Dülmen,<br />

Neuorientierung 496; para o novo clima cultural na Europa ocidental e central, cf.<br />

Schryver 353-355.<br />

4 Van Dülmen, Antijesuitismus 52.<br />

5 Nessa medida o trabalho pode ser visto como uma declaração de guerra.<br />

Nenhum dos estudos parcelares de peso nórdico pode contribuir, construtivamente,<br />

para a bibliografia. Cf., para este justo reparo, a recensão de Alois Schmid, in; ZBLG<br />

53 (1990) 808ss. (Volume de artigos recenseado: Aufklärung und Geschichte. Studien<br />

zur deutschen Geschichtswissenschaft im 18. Jahrhundert, Göttingen 1986.).

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