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ANTIJESUÍTISMO EUROPEU: RELAÇÕES POLÍTICO ...

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económico do Norte de Portugal, foi considerado uma ameaça à<br />

política de reformas, a oposição ao rigorismo legal equiparada a alta<br />

traição e destroçada num sensacional processo de massas. 60 O papel<br />

do clero local é, em teoria, considerado como decisivo, embora<br />

nenhum padre tenha sido acusado no processo oficial. 61 Um envolvimento<br />

dos jesuítas — que, mais tarde, Pombal referiu como corresponsáveis<br />

da sublevação 6 2— é unanimemente rejeitado em novas<br />

investigações.A fundada não consideração do desenvolvimento no<br />

hemisfério português (antes de mais no Brasil, a mais importante<br />

colónia de Portugal, do ponto de vista económico), sugere a aparente<br />

associação da derrota do motim do Porto a uma primeira medida<br />

antijesuíta concreta: a demissão de todos os jesuítas ao serviço da<br />

Corte de Lisboa. 64<br />

Sem aviso prévio, a 21 de Setembro de 1757, como que numa<br />

acção em noite de nevoeiro, foram expulsos da Corte os padres<br />

jesuítas confessores da família real, José Moreira, Timóteo de Oliveira<br />

Jacinto da Costa, Manuel de Campos e José Aranjuez, e foi<br />

emitida uma proibição geral de entrada na Corte a todos os membros<br />

da Sociedade de Jesus. 65<br />

A imprevista medida foi atribuída pelos atingidos à força persuasiva<br />

do Marquês de Pombal sobre o rei D. José, para o qual não<br />

' ,0 Argumentava-se que «a majestade não consiste somente na pessoa do Rei<br />

mas também nas leis»; «deiictos tão atrozes» deviam, de forma exemplar, ser<br />

duramente castigados. A averiguação do juiz competente que, por fim, instaurou<br />

processos contra 478 (462) pessoas, estendeu-se por alguns meses: Silva, Motins do<br />

Porto 270s.<br />

61 Ibid. 263s.<br />

6 2 Os jesuítas teriam exigido, em favor dos interesses ingleses, a supressão da<br />

Companhia monopolista quando rejeitaram o vinho produzido por esta como «impróprio<br />

para ser usado na celebração da missa»: Moreira 20, citando a antiga análise<br />

de Sandro Sideri, Comércio e poder 147, nota 12.<br />

6 5 Silva, Motins do Porto 264; Moreira 20; analogamente, Macedo, Situação<br />

económica 62, vê a acusação aos Jesuítas como consequência, entre outros factores,<br />

«da maior agudeza dos problemas económicos, da força interna de facções».<br />

M Brazão, Pombal 347, refere esta relação. Ele vê o motim do Porto, em 1757,<br />

como pretexto útil para afastar os jesuítas da Corte, acusados de terem sido seus<br />

instigadores.<br />

6 5 BA 51-X1II-24, n° 86: «Em 21 de setembro pela meia noite forâo expulsos<br />

do paço por ordem de Sua Magestade os Padres da Companhia de Jesus, confessores<br />

de Sua Magestade e Altezas (...) vedando-se também a todos os Padres Jesuítas a<br />

entrada no paço.»

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