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Direito à Preguiça - Paul Lafargue (em PDF)

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tr<strong>em</strong>endo de alegria, sentiria saltar nela um novo universo... Mas como pedir<br />

a um proletariado corrompido pela moral capitalista uma resolução viril?<br />

Tal como Cristo, a triste personificação da escravatura antiga, os homens, as<br />

mulheres, as crianças do Proletariado sob<strong>em</strong> penosamente há um século o<br />

duro calvário da dor: desde há um século que o trabalho forçado quebra os<br />

seus ossos, magoa as suas carnes, dá cabo dos seus nervos; desde há um<br />

século que a fome torce as suas entranhas e alucina os seus cérebros!... Ó<br />

<strong>Preguiça</strong>, t<strong>em</strong> piedade da nossa longa miséria! Ó <strong>Preguiça</strong>, mãe das artes e<br />

das nobres virtudes, sê o bálsamo das angústias humanas!<br />

NOTAS:<br />

(1) Poissy: Prisão Central.<br />

(2) Simulam ser Curius e viv<strong>em</strong> como nas Bacanais (Juvenal).<br />

(3) Pantagruel, t. II, Cap. LXXIV.<br />

APÊNDICE<br />

Os nossos moralistas são pessoas muito modestas; se inventaram o dogma<br />

do trabalho, duvidam da sua eficácia para tranqüilizar a alma, regozijar o<br />

espírito e manter o bom funcionamento dos rins e outros órgãos; quer<strong>em</strong><br />

experimentar a sua utilização nos populares, in anima vili antes de o voltar<br />

contra os capitalistas, cujos vícios têm como missão desculpar e autorizar.<br />

Mas, filósofos de quatro tostões a dúzia, porquê preocupardes-vos assim a<br />

elucubrar uma moral cuja prática não ousais aconselhar aos vossos<br />

senhores? O vosso dogma do trabalho, do qual vos mostrais tão<br />

orgulhosos, quereis vê-lo escarnecido, amaldiçoado? Abramos a história<br />

dos povos antigos e os escritos dos seus filósofos e dos seus legisladores.<br />

"Não posso afirmar, diz o pai da história, Heródoto, que os Gregos<br />

receberam dos Egípcios o desprezo que têm pelo trabalho, porque encontro<br />

o mesmo desprezo estabelecido entre os Trácios, os Citas, os Persas e os<br />

Lídios; numa palavra, por que, na maior parte dos bárbaros, aqueles que<br />

aprend<strong>em</strong> as artes mecânicas e até mesmo os seus filhos são considerados<br />

como os últimos cidadãos.. - Todos os Gregos foram educados nestes<br />

princípios, especialmente os Laced<strong>em</strong>ónios." (1)<br />

"Em Atenas, os cidadãos eram verdadeiros nobres que só se deviam ocupar<br />

da defesa e da administração da comunidade, como os guerreiros selvagens<br />

de onde tinham orig<strong>em</strong>. Devendo, portanto, estar livres todo o t<strong>em</strong>po para<br />

velar, com a sua força intelectual e física, pelos interesses da República,<br />

encarregavam os escravos de todo o trabalho.<br />

O mesmo sucedia com a Laced<strong>em</strong>ónia, onde até as mulheres não deviam<br />

n<strong>em</strong> fiar n<strong>em</strong> tecer para não se furtar<strong>em</strong> <strong>à</strong> sua nobreza." (2)

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