Marcos Abalde Covelo - Desvelando as mentiras de Feijoo
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<strong>Marcos</strong> <strong>Abal<strong>de</strong></strong> <strong>Covelo</strong><br />
fatum, a catástrofe e a esfinge, édipo e a necessida<strong>de</strong>, o eu<br />
justaposto ao tempo.<br />
C: figérom-me umha lobotomia. eu nom som <strong>as</strong>sim. um<br />
hemisfério por aqui e um outro por ali. diziam que me<br />
ia aliviar. entre os hemisférios aparecia um oceano. Mesmo<br />
se podiam ver os lombos d<strong>as</strong> balei<strong>as</strong> atravessar esse<br />
oceano <strong>de</strong> dor. o carcinoma <strong>de</strong>vora os meus pulmons.<br />
Cuspo sangue. Como agora. Antes era algo mais escura.<br />
seccionárom-me o lóbulo dianteiro do cérebro. tinha<br />
umha erupçom mui gran<strong>de</strong>. nom pu<strong>de</strong>m evitar morrer.<br />
quem me dará curado esta ferida? fomos nós. Matamo-<br />
-lo. Matamo-lo. Matamo-lo.<br />
D: Pois leva umh<strong>as</strong> flores ao morto.<br />
C: o vivo está diante ou <strong>de</strong>trás do espelho? on<strong>de</strong> está o sentido?<br />
on<strong>de</strong> esta a sua pegada? em sete anos <strong>de</strong> má sorte?<br />
em toda umha vida <strong>de</strong> má sorte? Mostar, porto <strong>de</strong> mar!<br />
D: Moramos num cemitério bombar<strong>de</strong>ado, medido, regulado,<br />
esterilizado, legitimado, administrado, par<strong>as</strong>itado e<br />
violado umha e outra vez polo Capital e, pola sua metamorfose,<br />
o estado. Violados até a purificaçom. sodomizados<br />
até a plena libertaçom, até a domesticaçom absoluta,<br />
até o silêncio.<br />
C: obrigado, senhor. Muito obrigado pola paz que <strong>de</strong>ixou o<br />
teu vazio, a fermentaçom do esterco e a indiferença.<br />
D: Aqui nada se move. ninguém joga. está proibido cantar,<br />
misturar-se, <strong>de</strong>saparecer.<br />
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