Marcos Abalde Covelo - Desvelando as mentiras de Feijoo
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46<br />
Canibalismo<br />
D: Pois já sabes que se nom é por bem...<br />
C: será por mal.<br />
2<br />
B: As dores do parto nom som <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> que <strong>as</strong> d<strong>as</strong> mo<strong>as</strong><br />
do juízo. o <strong>de</strong>sgarro implica umha relaçom visceral com<br />
a mentira. A terra sensível, o corpo <strong>de</strong>v<strong>as</strong>tado, a carne<br />
partida.<br />
A: Abraça-se a si própria. Abana-se com nervosismo. Caiu<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si. Murmura históri<strong>as</strong> em voz baixa. Ruídos que<br />
ecoam nos recantos do cérebro. Antes chamavam a isso<br />
«arte figurativa».<br />
B: neste corpo habita o silêncio. A sua pele é transparente.<br />
lateja mui <strong>de</strong>vagar. os fios da crisálida entretecem-se<br />
nos poros. quentinho aboia na espessura d<strong>as</strong> entranh<strong>as</strong>.<br />
quando acor<strong>de</strong>, há <strong>de</strong> escuitar vozes suaves que lhe darám<br />
o nome. nom o esquecerá nunca. Áncora e vela.<br />
A: Inevitável o naufrágio. queimam-lhe <strong>as</strong> pontes, a transparência<br />
mancha-o, procura um lugar e um tempo precisos.<br />
nom os encontra. o enigma inunda-o, leva-o ao horizonte,<br />
foge. Configuraçom <strong>de</strong> todo o arr<strong>as</strong>ado.<br />
B: sucessom <strong>de</strong> di<strong>as</strong> e hospitais. Cartografia da dor que sempre<br />
marca um norte insondável. Herdo e gangrena. fart<strong>as</strong><br />
<strong>de</strong> tanto abatimento, construímos umha consciência a<br />
partir do nada, essa par<strong>as</strong>ita que nos alicerça e nos chama.<br />
A: Geme pola baba e o frio, alfán<strong>de</strong>ga que o retém trás o<br />
rosto.<br />
B: nom, mamai. nom. nom o fag<strong>as</strong>.<br />
A: Já nom é gaguejo, nem sílaba o que pronuncia, é ódio.<br />
B: A meninha fijo um buraco para o pássaro morto. o seu<br />
corpo é um monte <strong>de</strong> bichinhos.<br />
A: o prodígio da vida é o murmúrio que <strong>de</strong>spren<strong>de</strong> a luz ao<br />
mudar <strong>de</strong> forma.<br />
B: semelham umha diminuta ferida e os seus nomes nom