Marcos Abalde Covelo - Desvelando as mentiras de Feijoo
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32<br />
Canibalismo<br />
A: também nom pido tanto. Apen<strong>as</strong> umha <strong>de</strong>sgraça jeitosinha.<br />
nom quero nengum holocausto.<br />
B: nom me venh<strong>as</strong> agora com a paranóia essa do frac<strong>as</strong>so do<br />
mo<strong>de</strong>lo narrativo.<br />
A: que queres que che diga? Para a minha avoinha estivo<br />
bem, m<strong>as</strong> a mim mata-me o aborrecimento.<br />
B: Caralhad<strong>as</strong> pós-dramátic<strong>as</strong> justapost<strong>as</strong> a esputos pós-<br />
-dramáticos. Isso é o que tés. nada.<br />
A: o mais fácil seria umha <strong>de</strong> sexo, drog<strong>as</strong> e rock and roll.<br />
B: o mais difícil dizer algo.<br />
A: ou dormir mais <strong>de</strong> quatro hor<strong>as</strong> seguid<strong>as</strong> e nom sonhar<br />
com senhor<strong>as</strong> gord<strong>as</strong> que caem polo buraco do elevador e<br />
se ponhem a cagar tantíssimo que se tornam homens esquálidos,<br />
que pola meta<strong>de</strong> da viagem chocam com umha<br />
mulher oriental sem braços e sem pern<strong>as</strong> que pergunta:<br />
seri<strong>as</strong> tam amável <strong>de</strong> c<strong>as</strong>ar comigo?<br />
B: <strong>de</strong> on<strong>de</strong> tir<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> cous<strong>as</strong>?<br />
A: eu que sei... o narrador nom narra, polo contrário, cospe.<br />
Acha ridículo invisibilizar <strong>as</strong> margens, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r umha<br />
or<strong>de</strong>m natural, ocultar <strong>as</strong> relaçons <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que mantém<br />
com os seus dominados.<br />
B: o narrador usa o látego. eles atiram do carro, arquejam,<br />
vomitam, falam.<br />
A: M<strong>as</strong> isto nom é o oeste e eu nom som John Wayne. se<br />
tenho <strong>de</strong> parecer-me com alguém, prefiro a sharon stone<br />
quando cruza mui a modinho umha perna sobre a outra<br />
e fai suar os políci<strong>as</strong>.<br />
B: terá isso algo a ver com o sonho americano?<br />
A: espero que nom. A mim pom-me triste escrever.<br />
B: Porquê? dis verda<strong>de</strong>s como punhos?<br />
A: Mais bem mentir<strong>as</strong> como punhos.<br />
B: Isso soa-me <strong>de</strong> algo.<br />
A: será um déjà vu.<br />
B: nom, creio que o escuitei na televisom.<br />
A: tanto tem. esquece-o.<br />
B: A voz apen<strong>as</strong> é dona do seu silêncio.