Nov/Dez - Sociedade Brasileira de Reumatologia
Nov/Dez - Sociedade Brasileira de Reumatologia
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OUT / NOV / DEZ 2010 • N o 4 ANO XXXIV<br />
E MAIS:<br />
Os <strong>de</strong>staques do<br />
Congresso Brasileiro <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong> e do ACR 2010
Palavra do presi<strong>de</strong>nte<br />
O<br />
ano está terminando e, como geralmente ocorre,<br />
<strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> pensar tanto em nosso trabalho<br />
e em projetos profissionais e passamos a<br />
viver o clima das comemorações <strong>de</strong> “fim <strong>de</strong> ano” com os<br />
amigos e colaboradores, assim como os preparativos para<br />
o Natal e o réveillon.<br />
Dois mil e <strong>de</strong>z entrará para a história da SBR como um<br />
ano muito especial. Além da participação, cada vez mais<br />
<strong>de</strong>stacada, dos reumatologistas brasileiros nos principais<br />
eventos internacionais <strong>de</strong> nossa especialida<strong>de</strong> (Panlar,<br />
Eular e ACR), ocorreram dois fatos marcantes, que merecem<br />
muita comemoração.<br />
No dia 12 <strong>de</strong> novembro, foi publicada, no Diário Oficial<br />
da União, a Portaria no 3.443, que criou a Câmara Técnica<br />
em <strong>Reumatologia</strong> (CTR), resultante do esforço da SBR <strong>de</strong><br />
estabelecer um canal oficial e permanente <strong>de</strong> comunicação<br />
com os gestores públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A CTR contará com um<br />
representante da SBR e terá a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar as diretrizes<br />
para a atenção à saú<strong>de</strong> da pessoa com doenças<br />
reumatológicas, bem como <strong>de</strong> acompanhar, avaliar e atualizar<br />
as normas, parâmetros e procedimentos da Tabela <strong>de</strong><br />
Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais<br />
Especiais do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Afora a iniciativa<br />
da Dra. Ieda Laurindo, a SBR, nesse projeto, teve a ajuda<br />
SOCIEDADE<br />
BRASILEIRA DE<br />
REUMATOLOGIA<br />
Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2010-2012<br />
Presi<strong>de</strong>nte<br />
Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ<br />
Secretária-geral<br />
Blanca Elena Rios Gomes Bica – RJ<br />
Primeira-secretária<br />
Claúdia Gol<strong>de</strong>nstein Schainberg – SP<br />
Segundo-secretário<br />
Francisco José Fernan<strong>de</strong>s Vieira – CE<br />
Boletim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94<br />
01402-000 – São Paulo – SP<br />
Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986<br />
www.reumatologia.com.br<br />
Coor<strong>de</strong>nação editorial<br />
Marcelo <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Pinheiro<br />
Kaline Me<strong>de</strong>iros Costa Pereira<br />
Conselho editorial<br />
Diogo Souza Domiciano<br />
Edgard Torres dos Reis Neto<br />
Francinne Machado Ribeiro<br />
@<br />
Tesoureiro<br />
Reno Martins Coelho – RJ<br />
Vice-tesoureiro<br />
Manoel Barros Bértolo – SP<br />
Diretor científico<br />
Luis Eduardo Coelho Andra<strong>de</strong> – SP<br />
Presi<strong>de</strong>nte eleito<br />
Walber Pinto Vieira – CE<br />
contato@reumatologia.com.br<br />
Jornalista responsável<br />
Solange Arruda (Mtb 45.848)<br />
Layout<br />
Sergio Brito<br />
Impressão<br />
Sistema Gráfico SJS<br />
Tiragem: 2.000 exemplares<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
dos Drs. Mário Soares Ferreira, Rodrigo Aires Corrêa Lima,<br />
Sérgio Candido Kowalski e, em especial, a <strong>de</strong>cisiva participação<br />
da Dra. Ana Patrícia <strong>de</strong> Paula. A colaboração <strong>de</strong> todos<br />
foi fundamental para o sucesso <strong>de</strong>ssa empreitada!<br />
Por fim, no dia 19 <strong>de</strong> novembro, a tão esperada notícia: a<br />
nossa Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> havia sido, finalmente,<br />
in<strong>de</strong>xada à base <strong>de</strong> dados do Medline. Nosso reconhecimento<br />
a todos aqueles que, direta ou indiretamente,<br />
colaboraram para essa conquista. Aos colegas que, ao longo<br />
dos anos, prestigiaram a RBR com seus artigos. Aos membros<br />
atuais e passados do Conselho Editorial, bem como a seus exeditores.<br />
À Editora Elsevier, que teve papel <strong>de</strong>cisivo no processo<br />
<strong>de</strong> in<strong>de</strong>xação. Um agra<strong>de</strong>cimento especial, entretanto,<br />
à Dra. Ieda Laurindo, nossa ex-presi<strong>de</strong>nte, e aos Drs.<br />
Mittermayer Santiago e Ricardo Fuller, editores da RBR na<br />
última gestão, por sua coragem <strong>de</strong> propor e executar as mudanças<br />
necessárias para que esse sonho tão antigo dos<br />
reumatologistas brasileiros se tornasse realida<strong>de</strong>.<br />
Enfim, neste momento <strong>de</strong> comemorações, não <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong><br />
fazer um brin<strong>de</strong> às conquistas da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong>, ou seja, parabéns a todos nós!<br />
Feliz 2011!<br />
Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro<br />
PRESIDENTE DA SBR<br />
Representantes junto à Panlar<br />
Fernando Neubarth – RS<br />
Maria Amazile Ferreira Toscano – SC<br />
Representantes junto ao Ministério da Saú<strong>de</strong><br />
Ana Patrícia <strong>de</strong> Paula – DF<br />
Mário Soares Ferreira – DF<br />
Representantes junto à AMB<br />
Eduardo <strong>de</strong> Souza Meirelles – SP<br />
Gustavo <strong>de</strong> Paiva Costa – DF<br />
Índice<br />
4<br />
6 RBR<br />
7<br />
9<br />
14<br />
18<br />
23<br />
CBR 2010<br />
O melhor do Brasil<br />
ACR 2010<br />
Coluna Seda<br />
Notas<br />
Agenda<br />
3
4<br />
CBR 2010<br />
Porto Alegre <strong>de</strong> boas lembranças<br />
O evento, que já figura como o<br />
terceiro maior da especialida<strong>de</strong>,<br />
só atrás <strong>de</strong> Eular e ACR, reuniu<br />
2.000 médicos em torno <strong>de</strong> uma<br />
intensa programação científica.<br />
O XXVIII Congresso Brasileiro <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong>, o CBR 2010, realizado<br />
em Porto Alegre, nos dias 18 a 22<br />
<strong>de</strong> setembro, conquistou um lugar assegurado<br />
na história da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (SBR). A capital<br />
gaúcha serviu <strong>de</strong> palco para muitas e<br />
gran<strong>de</strong>s realizações. E bateu novos recor<strong>de</strong>s.<br />
Segundo o presi<strong>de</strong>nte do evento,<br />
Fernardo Neubarth, 17 países estavam<br />
representados por palestrantes convidados<br />
e participantes, num total <strong>de</strong><br />
quase 50 estrangeiros na programação<br />
CBR 2010, o maior evento <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da América do Sul.<br />
científica do congresso, nos simpósios da<br />
indústria e nas ativida<strong>de</strong>s paralelas. O<br />
CBR 2010 totalizou 2.000 médicos inscritos,<br />
que garantiram salas repletas, tanto<br />
nos cursos pré-congresso quanto em<br />
todo o <strong>de</strong>correr da agenda, do primeiro<br />
ao último dia, e apresentou 700 trabalhos<br />
científicos, uma parte na forma <strong>de</strong><br />
pôsteres, expostos durante todo o evento,<br />
e uma boa parte <strong>de</strong>fendida em exposições<br />
orais.<br />
Pela primeira vez, além da realização<br />
do II Encontro <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica<br />
da SBR, quando foi feita uma homenagem<br />
à professora Maria O<strong>de</strong>te<br />
Esteves Hilário, gaúcha radicada em São<br />
Paulo e uma das gran<strong>de</strong>s expoentes da<br />
especialida<strong>de</strong>, o tradicional<br />
Curso <strong>de</strong> Área Clínica contou<br />
com a chancela Panlar/ACR,<br />
<strong>de</strong>marcando também um mo<strong>de</strong>lo<br />
para a gestão do brasileiro<br />
Antonio Carlos Ximenes,<br />
o atual presi<strong>de</strong>nte da Liga<br />
Pan-Americana <strong>de</strong> Associações<br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>. Em<br />
paralelo, no Curso <strong>de</strong> Ciência<br />
Básica, que igualmente incluiu<br />
professores estrangeiros, houve<br />
gran<strong>de</strong> participação da<br />
plateia.<br />
A<strong>de</strong>mais, os Cursos Especiais <strong>de</strong> Laboratório<br />
e Exercícios Físicos em<br />
<strong>Reumatologia</strong> e os Programas <strong>de</strong> Educação<br />
Médica Continuada, um <strong>de</strong> Epi<strong>de</strong>miologia<br />
Clínica e Ensaios Randomizados<br />
e outro <strong>de</strong> Densitometria Óssea<br />
– este com apoio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong><br />
<strong>de</strong> Densitometria Óssea –, superaram<br />
todas as expectativas, a ponto <strong>de</strong><br />
terem provocado solicitação <strong>de</strong> novas<br />
edições. Para completar, um encontro<br />
paralelo do Group for Research and<br />
Assessment of Psoriasis and Psoriatic<br />
Arthritis (Grappa) internacional, com<br />
muitos especialistas, contribuiu para<br />
mostrar a colegas <strong>de</strong> muitos países a<br />
pujança e a organização da <strong>Reumatologia</strong><br />
Grupo Tholl, durante a cerimônia <strong>de</strong> abertura.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
<strong>Brasileira</strong>. “Em síntese, em todas as<br />
mesas-redondas, conferências e plenárias<br />
havia sempre uma plateia interessada,<br />
o que motivou a ótima avaliação<br />
dada à programação científica do nosso<br />
evento”, observa Neubarth.<br />
Um dos convidados especiais do congresso,<br />
o agora presi<strong>de</strong>nte do Colégio<br />
Americano <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, David Borenstein,<br />
em conversa com o presi<strong>de</strong>nte<br />
do CBR, fez questão <strong>de</strong> manifestar sua<br />
admiração diante da gran<strong>de</strong>za do congresso.<br />
“Ele salientou que Porto Alegre<br />
estava sediando o terceiro maior evento<br />
da especialida<strong>de</strong>, somente atrás do ACR<br />
e do Eular”, conta o brasileiro.<br />
Programação social<br />
Como se não bastasse a bem frequentada<br />
agenda científica, Porto Alegre proporcionou,<br />
em passeios especialmente<br />
criados para melhor evi<strong>de</strong>nciar suas belezas<br />
paisagísticas e culturais, uma programação<br />
social que, certamente, ficará<br />
na memória afetiva <strong>de</strong> todos. Marcado<br />
pelas festivida<strong>de</strong>s da Semana Farroupilha,<br />
o CBR 2010 teve duas gran<strong>de</strong>s<br />
atrações na cerimônia <strong>de</strong> abertura, cujas<br />
apresentações sempre orgulham os gaúchos<br />
e encantam o público: o Grupo<br />
Tholl e o músico Borghetinho.<br />
Na mesma noite da abertura, durante<br />
o coquetel, também outros shows do folclore<br />
local enriqueceram ainda mais a<br />
confraternização <strong>de</strong> boas-vindas. Depois,<br />
Borghetinho<br />
contagiou a todos<br />
com a musicalida<strong>de</strong> gaúcha.<br />
aos dias <strong>de</strong> muito trabalho seguiram-se<br />
noites <strong>de</strong> festivos encontros. E o jantar<br />
<strong>de</strong> encerramento foi regado pelo som <strong>de</strong><br />
duas bandas que animaram a festa até<br />
alta madrugada, tendo causado, da mesma<br />
forma, a admiração dos participantes<br />
estrangeiros, contagiados com a alegria<br />
e a fraterna sociabilida<strong>de</strong> dos colegas<br />
brasileiros.<br />
Em seu discurso inaugural do evento,<br />
Fernando Neubarth, antes <strong>de</strong> chamar ao<br />
palco o gaiteiro Borghetinho e conclamar<br />
os agora novos gaúchos para acompanhar<br />
a execução do hino rio-gran<strong>de</strong>nse,<br />
discorreu sobre a história do Sul e suas<br />
“bravatas e façanhas”. “Na avaliação<br />
dos que estiveram no CBR, po<strong>de</strong>mos<br />
afirmar, sem exagero ou sem que pareça<br />
bravata, que o XXVIII Congresso<br />
Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> será eternizado<br />
na lembrança e na história da<br />
SBR como uma gran<strong>de</strong> e inquestionável<br />
façanha”, arremata.<br />
Porto Alegre igualmente serviu <strong>de</strong><br />
palco para a mudança <strong>de</strong> gestão da<br />
SBR, <strong>de</strong> Ieda Laurindo para Geraldo da<br />
Rocha Castelar Pinheiro, marcada por<br />
muita emoção. Em seu discurso, Ieda<br />
agra<strong>de</strong>ceu a todos, em especial a<br />
Ricardo Fuller e Mittermayer Santiago,<br />
editores da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong>, que acabou <strong>de</strong> ser<br />
in<strong>de</strong>xada ao Medline; aos colegas<br />
empenhados nos diversos cursos <strong>de</strong><br />
ultrassom em todo o Brasil e na<br />
criação do site www.usweb.com.br,<br />
<strong>de</strong>dicado aos <strong>de</strong>talhes e curiosida<strong>de</strong>s<br />
científicas sobre a ultrassonografia<br />
musculoesquelética; e a David Titton,<br />
pela excelente condução do<br />
BiobadaBrasil, atualmente com 30<br />
centros ativos, mais 15 cadastrados e<br />
mais <strong>de</strong> 1.500 pacientes incluídos.<br />
O novo presi<strong>de</strong>nte da SBR, por sua vez,<br />
assumiu essa gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro<br />
Ieda Laurindo<br />
<strong>Nov</strong>a diretoria assume durante o CBR 2010<br />
na presença da família e fez um discurso<br />
muito entusiasmado, no qual não apenas<br />
apresentou as metas a serem cumpridas<br />
<strong>de</strong> 2010 a 2012, como <strong>de</strong>ixou patente a<br />
sua enorme vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer crescer<br />
ainda mais a SBR.<br />
Como ocorre tradicionalmente, os<br />
sócios da SBR também escolheram o<br />
presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong> para a gestão<br />
2012-2014, na eleição coor<strong>de</strong>nada<br />
pelos colegas da<br />
Comissão Eleitoral,<br />
Sebastião Radominski,<br />
Ana Cristina Lanna e<br />
Antônio Carlos Althoff.<br />
O reumatologista<br />
cearense Walber Pinto<br />
Vieira venceu a carioca<br />
Rina Giorgi por apenas<br />
40 votos <strong>de</strong> diferença,<br />
numa disputa acirradíssima!<br />
5
6<br />
RBR<br />
Po<strong>de</strong> comemorar: saiu a<br />
in<strong>de</strong>xação da RBR ao Medline!<br />
Depois <strong>de</strong> quase<br />
dois anos <strong>de</strong> um<br />
intenso trabalho <strong>de</strong><br />
aperfeiçoamento do<br />
periódico, vem a tão<br />
sonhada coroação, que,<br />
contudo, marca o início<br />
<strong>de</strong> uma nova batalha:<br />
a manutenção da<br />
qualida<strong>de</strong> da revista.<br />
Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>,<br />
a RBR, foi aceita para<br />
Ain<strong>de</strong>xação pelo Medline. Vários ex-presi<strong>de</strong>ntes<br />
da SBR, bem como seus respectivos<br />
editores, participaram ativamente<br />
do aperfeiçoamento do periódico,<br />
mas, sem dúvida, o enorme esforço<br />
empreendido por Ieda Laurindo, Ricardo<br />
Fuller e Mittermayer Santiago foi<br />
fundamental para essa conquista. É claro<br />
que outros tantos igualmente tiveram<br />
relevante parcela <strong>de</strong> contribuição nesse<br />
processo, conforme enumera o presi<strong>de</strong>nte<br />
da SBR, Geraldo da Rocha<br />
Castelar Pinheiro: os coeditores e todo<br />
o corpo editorial da RBR, por sua <strong>de</strong>dicação<br />
à revista; Rogério Amaral, que,<br />
com muito trabalho e competência, ajudou<br />
a SBR a tornar esse sonho uma realida<strong>de</strong>;<br />
a Editora Elsevier, que prestou<br />
assessoria técnica para a melhoria da<br />
qualida<strong>de</strong> do periódico; e todas as em-<br />
presas farmacêuticas que, ao longo dos<br />
anos, apoiaram a RBR.<br />
Apesar <strong>de</strong>sse clima <strong>de</strong> comemoração,<br />
convém sempre lembrar que a in<strong>de</strong>xação<br />
não é o fim <strong>de</strong> uma luta, mas tão-somente<br />
o início <strong>de</strong> uma nova batalha.<br />
“Temos plena consciência das limitações<br />
da nossa revista e da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
melhorarmos ainda mais sua qualida<strong>de</strong>”,<br />
observa Pinheiro. No presente momento,<br />
um dos aspectos mais importantes é<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos – autores, editores,<br />
revisores e a própria editora – respeitarem<br />
os prazos <strong>de</strong> entrega, revisão e<br />
editoração dos manuscritos. Visando à<br />
consolidação <strong>de</strong> sua revista, a SBR conta<br />
com o apoio da comunida<strong>de</strong> reumatológica<br />
nacional e internacional para<br />
receber o maior número <strong>de</strong> artigos originais<br />
e <strong>de</strong> impacto. Vai ser bom para a<br />
RBR e melhor ainda para os autores<br />
publicados.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
O melhor do Brasil Notícias das regionais<br />
Mato Grosso<br />
Tem gente nova no comando da Assomater<br />
A <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (SBR) dá as boas-vindas à nova diretoria<br />
da Associação Mato-Grossense <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (Assomater), que tomou posse no<br />
dia 9 <strong>de</strong> outubro e vai conduzir os <strong>de</strong>stinos da entida<strong>de</strong> pelos próximos dois anos.<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />
Campanha Reumatismo é Coisa Séria<br />
atrai mais <strong>de</strong> 150 pessoas em Natal<br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> do<br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Norte saiu a pú-<br />
Ablico no dia 24 <strong>de</strong> outubro para falar<br />
<strong>de</strong> prevenção e diagnóstico precoce<br />
durante o evento Reumatismo é Coisa<br />
Séria, realizado no Natal Norte Shopping.<br />
A programação contou com uma<br />
palestra <strong>de</strong> abertura, ministrada pelo<br />
próprio presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong>, Deoclécio<br />
Rocha, que abordou as principais<br />
doenças reumáticas <strong>de</strong> uma forma<br />
simples e clara. Logo <strong>de</strong>pois, houve<br />
um teatro <strong>de</strong> mamulengo, também<br />
sobre reumatismo, e, por último, a médica<br />
Ana Coutinho fez uma apresentação<br />
a respeito da osteoporose. “Adicionalmente,<br />
pu<strong>de</strong>mos interagir com<br />
a população e tirar dúvidas, prestar esclarecimentos<br />
e mostrar a importância<br />
do reumatologista e do diagnóstico<br />
precoce das doenças”, enumera Rocha,<br />
que consi<strong>de</strong>rou a tar<strong>de</strong> bastante<br />
proveitosa – afinal, foram 150 participantes,<br />
fora os curiosos. Para completar,<br />
a campanha conquistou uma repercussão<br />
extremamente positiva du-<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Veja quem agora respon<strong>de</strong><br />
por essa regional:<br />
Presi<strong>de</strong>nte:<br />
Van<strong>de</strong>r Fernan<strong>de</strong>s<br />
Secretário:<br />
Mauricio Raposo <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Segunda-secretaria:<br />
Angelita Carlotto <strong>de</strong> Abreu<br />
Tesoureira:<br />
Christina Paesano M. Garcia Zirondi<br />
Segunda-tesoureira:<br />
Juliane Mezetti Cunha<br />
Diretor cientifico:<br />
José Carlos Amaral Filho<br />
rante toda a semana, materializada por<br />
entrevistas da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
do RN para os principais jornais<br />
locais (Tribuna do Norte e Diário <strong>de</strong><br />
Natal) e para as TVs Cabugi (afiliada<br />
da Re<strong>de</strong> Globo) e Ponta Negra (SBT).<br />
Nesta última, dois pacientes <strong>de</strong>ram<br />
seus próprios <strong>de</strong>poimentos sobre a artrite<br />
reumatoi<strong>de</strong>, tendo apresentado<br />
um ponto <strong>de</strong> vista leigo e bastante pessoal<br />
sobre a doença. “Acredito termos<br />
alcançado nossos objetivos com essa<br />
ação”, comemora Rocha.<br />
7
8<br />
O melhor do Brasil Notícias das regionais<br />
Alagoas<br />
Curso <strong>de</strong> imagem em Maceió<br />
foca o uso do ultrassom na<br />
artrite reumatoi<strong>de</strong><br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Alagoana <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (SAR), em parceria<br />
com a Pfizer, promoveu seu primeiro curso <strong>de</strong> ima-<br />
Agem nos dias 1º e 2 <strong>de</strong> outubro, com o tema A Importância e a<br />
Aplicação do Ultrassom na Artrite Reumatoi<strong>de</strong>. O evento ocorreu<br />
em Maceió, no Hotel Radisson, e reuniu 25 participantes do<br />
Norte-Nor<strong>de</strong>ste: além <strong>de</strong> Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Bahia<br />
e Pará. De acordo com a presi<strong>de</strong>nte da SAR, Janaína Rozendo, a<br />
iniciativa teve gran<strong>de</strong> repercussão e foi bastante elogiada por<br />
todos os presentes, a ponto <strong>de</strong> já ser consi<strong>de</strong>rada a possível repetição<br />
do curso. “Estamos negociando essa possibilida<strong>de</strong> com<br />
o laboratório, objetivando manter o evento em nossa programação<br />
<strong>de</strong> 2011”, conta Janaína.<br />
Atitu<strong>de</strong> Reumato 2010 oferece<br />
muita informação, ativida<strong>de</strong> física e<br />
até brinca<strong>de</strong>iras para a criançada<br />
Em Maceió, o Dia <strong>de</strong> Luta contra o<br />
Reumatismo foi comemorado em<br />
17 <strong>de</strong> outubro com o evento Atitu<strong>de</strong><br />
Reumato 2010, no qual a SAR, mais<br />
uma vez, fez um alerta para a população<br />
da capital alagoana sobre os primeiros<br />
sintomas da condição e a importância<br />
<strong>de</strong> procurar precocemente o<br />
reumatologista. Para tanto, a entida<strong>de</strong><br />
se valeu <strong>de</strong> panfletagem e, claro, da participação<br />
direta <strong>de</strong> especialistas do Estado,<br />
que passaram o dia fornecendo<br />
orientações para os interessados em plena<br />
Praia <strong>de</strong> Ponta Ver<strong>de</strong>. “O evento também<br />
estimulou a prática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física<br />
com aulas <strong>de</strong> dança e alongamento,<br />
que conseguimos oferecer por meio<br />
<strong>de</strong> uma parceria com uma aca<strong>de</strong>mia local”,<br />
acrescenta Janaína Rozendo. Não<br />
faltaram nem atrações para a criançada.<br />
Enquanto a família se informava, os<br />
pequenos pu<strong>de</strong>ram se divertir com ativida<strong>de</strong>s<br />
como pintura facial.<br />
Brasília<br />
Campanha<br />
pela valorização<br />
do reumatologista<br />
<strong>de</strong>sponta na<br />
capital fe<strong>de</strong>ral<br />
Como parte da campanha da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> em prol da<br />
valorização do reumatologista, a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong> <strong>de</strong> Brasília (SRB) recentemente<br />
<strong>de</strong>finiu, em uma reunião administrativa, o<br />
valor <strong>de</strong> R$ 100,00 como honorários mínimos<br />
para a consulta com esse especialista em<br />
Brasília. A carta que resultou <strong>de</strong>ssa reunião,<br />
fixando a <strong>de</strong>cisão tomada, foi encaminhada à<br />
Associação dos Médicos e Hospitais Privados<br />
do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, assim como aos sócios da<br />
SRB. A iniciativa <strong>de</strong>veria ser implementada em<br />
todas as cida<strong>de</strong>s brasileiras como forma <strong>de</strong><br />
valorizar a especialida<strong>de</strong>. Vale a pena entrar<br />
em contato com os reumatologistas<br />
brasilienses e verificar como isso po<strong>de</strong> ser<br />
feito: www.reumatodf.com.br.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
ACR 2010<br />
Direto <strong>de</strong> Atlanta para o Brasil:<br />
as novida<strong>de</strong>s do maior evento<br />
mundial da nossa especialida<strong>de</strong><br />
O Encontro Científico Anual do Colégio Americano<br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> é reconhecidamente o maior<br />
acontecimento científico da especialida<strong>de</strong> e reúne<br />
profissionais <strong>de</strong> todo o mundo, inclusive um<br />
colegiado brasileiro, cuja participação científica vem<br />
sendo notória. Neste ano, dando continuida<strong>de</strong> ao<br />
projeto <strong>de</strong> cobertura on-line <strong>de</strong> eventos relevantes<br />
da <strong>Reumatologia</strong> mundial, a SBR possibilitou que<br />
também os colegas que ficaram no Brasil pu<strong>de</strong>ssem<br />
acompanhar as novida<strong>de</strong>s apresentadas em Atlanta,<br />
<strong>de</strong> 6 a 11 <strong>de</strong> novembro. Para tanto, pôs no ar um<br />
hotsite com os registros diários do congresso,<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
postados pelos colegas Clóvis Artur Silva, Evandro<br />
Men<strong>de</strong>s Klumb, Francisco Airton Castro da Rocha,<br />
Lícia Mota, Roberto Ezequiel Heymann, Roger Levy,<br />
Rubens Bonfiglioli, Rosa Maria Rodrigues Pereira e<br />
Marcos Renato <strong>de</strong> Assis. O conteúdo do hotsite é<br />
riquíssimo e vale uma visita <strong>de</strong>morada (http://www.<br />
congressesupdate.com.br/acr2010/principal.htm).<br />
Para <strong>de</strong>ixar você com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> navegar por lá<br />
e se aprofundar nas recentes produções científicas<br />
internacionais, o Boletim Informativo da SBR<br />
traz um resumo das novida<strong>de</strong>s em cada uma das<br />
principais doenças reumáticas.<br />
Doenças<br />
osteometabólicas<br />
O ACR não apresentou novas <strong>de</strong>scobertas<br />
em relação ao Congresso Americano<br />
<strong>de</strong> Osteometabolismo (ASBMR<br />
2010), realizado em outubro <strong>de</strong>ste ano,<br />
mas trouxe palestras interessantes sobre<br />
os gran<strong>de</strong>s temas atuais da osteoporose,<br />
tais como vitamina D, Osteoimunologia<br />
e a controvérsia sobre as fraturas atípicas.<br />
Um dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>staques foi a palestra<br />
<strong>de</strong> Osteoimunologia proferida pelo<br />
professor Hiroshi Takayanagi, da Tokyo<br />
Medical and Dental University. A apresentação<br />
enfatizou o papel das células<br />
Th17 na osteoclastogênese, sob estímulo<br />
das citocinas inflamatórias IL-23, IL-6 e<br />
TGF-beta, bem como <strong>de</strong> outros fatores<br />
implicados nesse processo, caso do fator<br />
nuclear ativador <strong>de</strong> células T-citoplasmático<br />
(NFATc1) e da catepsina K.<br />
Dentre os pôsteres relevantes, vale<br />
9<br />
>>
10<br />
ACR 2010<br />
>> mencionar o estudo <strong>de</strong> Kim SY et al., que<br />
avaliaram o risco <strong>de</strong> fratura atípica <strong>de</strong><br />
fêmur em uma coorte <strong>de</strong> base populacional.<br />
Os autores compararam a prevalência<br />
<strong>de</strong>ssas fraturas em pacientes usando<br />
bisfosfonatos orais (1,46 por 1.000<br />
pessoas/ano) e calcitonina/raloxifeno<br />
(1,43 por 1.000 pessoas/ano), não tendo<br />
observado aumento significante do<br />
risco nos indivíduos que fizeram uso <strong>de</strong><br />
bisfosfonatos.<br />
Ainda <strong>de</strong>ntro do tema, foram enfatizados<br />
os critérios para <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma<br />
fratura atípica, incluindo a localização<br />
(diáfise e região subtrocantérica), a configuração<br />
transversal ou oblíqua curta, a<br />
reação periosteal observada no córtex lateral,<br />
a presença <strong>de</strong> comorbida<strong>de</strong>s (<strong>de</strong>ficiência<br />
<strong>de</strong> vitamina D, artrite reumatoi<strong>de</strong>,<br />
hipofosfatasia e diabetes mellitus)<br />
e a utilização <strong>de</strong> fármacos (bisfosfonatos,<br />
glicocorticoi<strong>de</strong> e inibidores da<br />
bomba <strong>de</strong> prótons).<br />
Dos trabalhos brasileiros, sobressaiu o<br />
estudo do Grupo <strong>de</strong> Doenças Osteometabólicas<br />
da FMUSP sobre a prevalência<br />
<strong>de</strong> fraturas clínicas não vertebrais em<br />
1.075 idosos da comunida<strong>de</strong>. A frequência<br />
atingiu 11,9%, sendo 15,3% em<br />
mulheres e 6,5% em homens, e os fatores<br />
implicados no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
doença incluíram baixa DMO no quadril<br />
em ambos os sexos, enquanto diabetes<br />
mellitus e tabagismo foram in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
associados com fraturas<br />
nos homens.<br />
Conteúdo postado pela professora-associada<br />
da FMUSP e presi<strong>de</strong>nte da Comissão<br />
<strong>de</strong> Doenças Osteometabólicas da<br />
SBR, Rosa Maria Rodrigues Pereira.<br />
Osteoartrite<br />
Nessa área, o ACR dirigiu seu enfoque<br />
principalmente para a inflamação e a<br />
biomecânica, dois aspectos extremamente<br />
relevantes para a fisiopatologia e a terapêutica<br />
da osteoartrite.<br />
Inicialmente, as atenções se voltaram<br />
à inflamação na etiopatogenia da doença,<br />
em especial em uma sessão coor<strong>de</strong>nada<br />
por Richard Loeser, da Wake Forest<br />
University (Winston-Salem, Carolina do<br />
Norte). A apresentação ressaltou a participação<br />
<strong>de</strong> citocinas, quimiocinas e fatores<br />
<strong>de</strong> crescimento, assim como <strong>de</strong> alterações<br />
genéticas e <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong>correntes<br />
da senescência <strong>de</strong> células, levando<br />
à liberação <strong>de</strong> mediadores inflamatórios<br />
potencialmente lesivos às articulações.<br />
A sessão também enfocou o papel<br />
das proteínas S100, que ativam a produção<br />
<strong>de</strong> metaloproteinases e contribuem<br />
para a <strong>de</strong>gradação da cartilagem.<br />
No que concerne ao tratamento não<br />
medicamentoso, o congresso <strong>de</strong>stacou os<br />
exercícios aeróbicos, que melhoram dor<br />
e função <strong>de</strong> quadril e joelho, embora o<br />
efeito seja muito pequeno. Segundo os<br />
especialistas, a hidroterapia supera os<br />
exercícios no solo. Órteses para joelhos<br />
e joelheiras não são indicadas. Por outro<br />
lado, o sinal está ver<strong>de</strong> para o uso <strong>de</strong><br />
palmilhas, especialmente para os pronadores,<br />
com evidência baseada principalmente<br />
no estudo do brasileiro Ricardo<br />
Fuller, da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
da FMUSP.<br />
Conteúdo postado pelo professor-associado<br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />
Ceará, Francisco Airton Castro da Rocha.<br />
Espondiloartrites<br />
O evento não trouxe gran<strong>de</strong>s novida<strong>de</strong>s<br />
no tema, mas mostrou que os novos<br />
critérios classificatórios ASAS 2009 estão<br />
<strong>de</strong>finitivamente se sedimentando e<br />
que os biológicos cada vez mais ocupam<br />
espaço. Por outro lado, a gran<strong>de</strong> maioria<br />
dos reumatologistas brasileiros presentes<br />
não observou condutas diferentes<br />
das já realizadas no seu dia a dia.<br />
O encontro <strong>de</strong>ixou claro que os novos<br />
critérios para artrite reumatoi<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Eular/ACR não <strong>de</strong>scartam quadros iniciais<br />
<strong>de</strong> artrite psoriásica. Sobre esse as-<br />
sunto, aliás, Gabrielle Kingsley <strong>de</strong>monstrou<br />
que o metotrexato não é um modificador<br />
<strong>de</strong> doença, <strong>de</strong> acordo com os<br />
dados do MIPA, um estudo multicêntrico<br />
do Reino Unido.<br />
Uma novida<strong>de</strong> divulgada na oportunida<strong>de</strong><br />
foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar um<br />
novo marcador <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença<br />
na espondiloartrite (EA), a calprotectina,<br />
encontrada nas fezes <strong>de</strong> pacientes.<br />
Do Brasil, vale mencionar o trabalho<br />
<strong>de</strong> Lucia Nukumizu, da FMUSP, que<br />
evi<strong>de</strong>nciou elevada frequência <strong>de</strong> varicocele<br />
associada à teratozoospermia em<br />
pacientes com EA, bem como o <strong>de</strong> Maria<br />
Helena S. Favarato, também da<br />
FMUSP, que apontou maior risco para<br />
hipertensão, diabetes e doença cardiovascular<br />
em indivíduos com artrite<br />
psoriásica.<br />
Conteúdo postado pelo professor <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong> da PUC-Campinas e<br />
membro da Comissão <strong>de</strong> Espondiloartrite<br />
da SBR, Rubens Bonfiglioli.<br />
Artrite reumatoi<strong>de</strong><br />
O congresso foi rico em informações<br />
sobre essa doença, com <strong>de</strong>staque para a<br />
etiologia e a patogênese da artrite<br />
reumatoi<strong>de</strong> (AR), o uso dos métodos <strong>de</strong><br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
imagem para seu diagnóstico e seguimento,<br />
como radiografia, ultrassonografia<br />
e ressonância magnética, e o tratamento<br />
da afecção com pequenas moléculas,<br />
biológicos e terapia gênica.<br />
Na conferência <strong>de</strong> abertura do evento,<br />
Uma etiologia infecciosa para a artrite<br />
reumatoi<strong>de</strong>, ministrada por Gerald<br />
Weissmann, do New York University<br />
Medical Center (EUA), foi abordada o<br />
que o palestrante <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> “epigenética<br />
na era do Twitter”, além do conceito<br />
<strong>de</strong> microbioma e da possível relação<br />
entre o superorganismo humano, os<br />
agentes infecciosos e a ocorrência <strong>de</strong><br />
doenças autoimunes. Weissmann <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />
a hipótese <strong>de</strong> que a resposta imune<br />
humoral a bactérias presentes na mucosa<br />
oral promoveria um estímulo para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da artrite. Nesse contexto,<br />
citou a Porphiromonas gingivalis, por<br />
ser encontrada em abundante quantida<strong>de</strong><br />
na placa sublingual <strong>de</strong> pacientes com<br />
AR <strong>de</strong> início recente e estabelecida.<br />
Ainda na área <strong>de</strong> pesquisa básica,<br />
Jeniffer Anolik, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Rochester, mo<strong>de</strong>rou o simpósio A revolução<br />
da epigenética na autoimunida<strong>de</strong>.<br />
Nessa apresentação, a epigenética foi<br />
<strong>de</strong>finida como um conjunto <strong>de</strong> mudanças<br />
na expressão gênica, causadas por<br />
mecanismos outros que não modificações<br />
na sequência subjacente do DNA,<br />
o que inclui alterações na estrutura da<br />
cromatina, modificações na histona,<br />
metilação do DNA e regulação do<br />
micro-RNA. Os autores explicaram a<br />
penetrância variável <strong>de</strong> alguns fenótipos<br />
autoimunes e ainda fizeram uma revisão<br />
<strong>de</strong> estudos sobre as influências da<br />
epigenética no lúpus eritematoso sistêmico<br />
e na AR.<br />
Em relação ao tratamento da AR, dois<br />
gran<strong>de</strong>s nomes da <strong>Reumatologia</strong> mundial,<br />
Daniel Furst, da Universida<strong>de</strong> da<br />
Califórnia (EUA), e Marc Cohen, do<br />
National Medical and Research Center,<br />
protagonizaram importante <strong>de</strong>bate sobre<br />
prós e contras em torno da seguinte afirmativa:<br />
“O uso agressivo <strong>de</strong> DMARDs<br />
não biológicos é tão efetivo quanto o uso<br />
<strong>de</strong> biológicos no manejo da artrite<br />
reumatoi<strong>de</strong>”. Os dois palestrantes apresentaram<br />
dados da literatura que embasam,<br />
ou não, o emprego <strong>de</strong> terapia biológica<br />
como primeira linha e discutiram<br />
o custo <strong>de</strong> cada uma das alternativas.<br />
Conteúdo postado pela professora colaboradora<br />
<strong>de</strong> Clínica Médica da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Brasília, Lícia Maria Henrique da Mota.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Fibromialgia e outras<br />
síndromes dolorosas<br />
<strong>de</strong> partes moles<br />
O ACR <strong>de</strong>stacou os novos critérios<br />
para o diagnóstico da fibromialgia, aos<br />
quais foi acrescentada uma escala <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong><br />
dos sintomas que po<strong>de</strong> ser utilizada<br />
no acompanhamento da terapia.<br />
Outra novida<strong>de</strong> foi a incorporação do<br />
conceito <strong>de</strong> “estado <strong>de</strong> fibromialgia” em<br />
que o paciente se encontra, já aceito por<br />
vários especialistas e fortalecido por trabalho<br />
que seguiu 1.555 indivíduos com<br />
a afecção, no qual ficou evi<strong>de</strong>nte que os<br />
pacientes apresentam gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong><br />
da intensida<strong>de</strong> e da frequência dos<br />
sintomas. Como consequência, a sintomatologia<br />
da fibromialgia é extremamente<br />
flutuante, alternando-se estados em<br />
que se po<strong>de</strong> fazer o diagnóstico com<br />
outros em que não há sintomas suficientes<br />
para tanto.<br />
Em revisão <strong>de</strong> literatura, Yong Ho Lee<br />
et al. constataram que, <strong>de</strong> todos os<br />
polimorfismos genéticos <strong>de</strong>scritos nos<br />
pacientes com essa doença, somente o<br />
relacionado ao receptor 5-HT2A 102T/<br />
C está associado à fibromialgia. Em outro<br />
trabalho, Manuel Martinez Lavin<br />
aventou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma patologia<br />
nos canais <strong>de</strong> sódio, nas vias aferentes,<br />
contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>ssa síndrome dolorosa.<br />
O grupo <strong>de</strong> Gary J. Macfarlane apresentou<br />
estudo comparativo da eficácia<br />
entre o tratamento usual, a terapia<br />
cognitiva ocupacional, realizada por intermédio<br />
<strong>de</strong> sessões telefônicas, e a ativida<strong>de</strong><br />
física durante seis meses em pacientes<br />
com fibromialgia. Todas foram<br />
eficazes, mas a a<strong>de</strong>são ao programa <strong>de</strong><br />
exercícios foi baixa.<br />
Conteúdo postado pelo coor<strong>de</strong>nador do<br />
Ambulatório <strong>de</strong> Fibromialgia e assistente<br />
doutor da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
da Unifesp, Roberto Heymann, que também<br />
presi<strong>de</strong> a Comissão <strong>de</strong> Dor,<br />
11<br />
>>
ACR 2010<br />
Fibromialgia e Outros Reumatismos <strong>de</strong><br />
Partes Moles da SBR.<br />
Lúpus eritematoso<br />
sistêmico<br />
Na área <strong>de</strong> ciência básica, a epigenética<br />
foi discutida por Robert Colbert,<br />
do NIH, assim como em numa sessão<br />
<strong>de</strong> temas livres coor<strong>de</strong>nada pela professora<br />
Betty P. Tsao, da Universida<strong>de</strong> da<br />
Califórnia. De modo geral, ficou claro<br />
que os estudos atuais buscam marcadores<br />
<strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> global para o<br />
lúpus eritematoso sistêmico (LES), mas<br />
também para fenótipos específicos e<br />
com origem étnica distinta.<br />
A conferência proferida por Ann<br />
Marshak-Rohstein, da Escola <strong>de</strong> Medicina<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Massachusetts,<br />
abordou a ativação dos linfócitos B via<br />
receptores Toll-like (TLR). A palestrante<br />
<strong>de</strong>bateu as vias <strong>de</strong> ativação e a participação<br />
<strong>de</strong> agentes infecciosos na suscetibilida<strong>de</strong><br />
à doença, bem como a importância<br />
<strong>de</strong> tais proteínas como elementos<br />
participantes da ativação da resposta<br />
adaptativa nas afecções autoimunes, à<br />
medida que imunocomplexos também<br />
apresentam receptores para os TLR.<br />
A professora Nathalie Costedoat-<br />
Chalumeau, do Hospital Pittié-Salpetrière<br />
(Paris), encontrou correlação positiva<br />
entre as concentrações plasmáticas<br />
<strong>de</strong> hidroxicloroquina e a melhor resposta<br />
cutânea e a a<strong>de</strong>são ao tratamento, sugerindo<br />
que a refratarieda<strong>de</strong> da pele ao<br />
tratamento po<strong>de</strong> ter relação não só com<br />
o uso ina<strong>de</strong>quado do fármaco, mas também<br />
com as alterações em sua absorção.<br />
Assim, propôs a individualização<br />
das doses <strong>de</strong> acordo com a biodisponibilida<strong>de</strong><br />
dos antimaláricos.<br />
Já a professora cana<strong>de</strong>nse Dafna<br />
Gladman (Toronto) mostrou os resultados<br />
<strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> sobrevida da<br />
coorte multicêntrica SLICC, que reúne<br />
32 centros, com 1.593 pacientes. As<br />
causas mais comuns <strong>de</strong> óbito foram ati-<br />
12<br />
vida<strong>de</strong> da doença e infecção, seguidas<br />
por doença cardiovascular. Ida<strong>de</strong> avançada<br />
na entrada da coorte, valores mais<br />
altos <strong>de</strong> SLICC e valores baixos <strong>de</strong> domínios<br />
físicos do SF-36 se relacionaram<br />
com maior mortalida<strong>de</strong>, da mesma forma<br />
que o uso <strong>de</strong> imunossupressores e o<br />
não uso <strong>de</strong> antimaláricos.<br />
Impacto da doença nos rins<br />
Em relação à nefrite lúpica, um estudo<br />
conduzido pelo professor Fre<strong>de</strong>ric<br />
Housseau (Bélgica) analisou biópsias<br />
renais realizadas após dois anos <strong>de</strong> tratamento<br />
<strong>de</strong> indução com ciclofosfamida<br />
e micofenolato mofetil (MMF), seguido<br />
<strong>de</strong> manutenção com azatioprina ou<br />
mesmo MMF. Os resultados encontrados<br />
se assemelharam, abrindo a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> empregar ambos os esquemas<br />
como opção terapêutica.<br />
Vale <strong>de</strong>stacar a contribuição <strong>de</strong> dois<br />
trabalhos brasileiros. O primeiro, <strong>de</strong>senvolvido<br />
na Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
da FMUSP, por Danilo M. L. Prado e<br />
Fernanda R. Lima, apontou que a presença<br />
<strong>de</strong> disfunção autonômica no LES<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrada por déficit <strong>de</strong> resposta<br />
cronotrópica no primeiro e segundo<br />
minutos após esforço, quando comparados<br />
com pacientes controles. O outro<br />
estudo, <strong>de</strong>senvolvido na Disciplina<br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da Unifesp, sob a<br />
orientação <strong>de</strong> Emília Sato e Edgard Torres,<br />
envolveu um programa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />
física, composto <strong>de</strong> caminhada durante<br />
40 minutos, três vezes por semana, que<br />
<strong>de</strong>terminou melhora da disfunção<br />
endotelial, avaliada pela medida da dilatação<br />
mediada por fluxo, realizada por<br />
ultrassonografia <strong>de</strong> alta resolução.<br />
Conteúdo postado pelo assistente doutor<br />
da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Lúpus<br />
Eritematoso Sistêmico da SBR, Evandro<br />
Men<strong>de</strong>s Klumb.<br />
Vasculopatias<br />
Síndrome do anticorpo<br />
antifosfolípí<strong>de</strong> (SAF)<br />
No último dia do congresso, Silvia<br />
Pierangeli (Galveston) e os <strong>de</strong>mais pesquisadores<br />
discutiram a variabilida<strong>de</strong> dos<br />
resultados das dosagens <strong>de</strong> anticorpos<br />
anticardiolipina IgG e IgM, que é extremamente<br />
alta e torna esses marcadores<br />
passíveis <strong>de</strong> erros <strong>de</strong> interpretação. Os<br />
mesmos problemas também se aplicam<br />
aos resultados dos níveis do anticorpo<br />
anti- β2GPI.<br />
O sistema <strong>de</strong> multiplex<br />
BioPlex 2200 mostrou o melhor índice<br />
<strong>de</strong> reprodutibilida<strong>de</strong>. A correlação entre<br />
o teste enzimático antifosfatidil serina/<br />
protrombina (aPS/PT) e o lúpus anticoagulante<br />
foi igualmente estudada, do<br />
que se concluiu que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
testes para IgG e IgM para a obtenção<br />
<strong>de</strong> maior acurácia diagnóstica.<br />
S. Jatwani apresentou os resultados <strong>de</strong><br />
um estudo proveniente da colaboração<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alabama (Birmingham)<br />
e do Hospital for Special Surgery,<br />
o HSS (<strong>Nov</strong>a York), que avaliou os níveis<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas citocinas e quimiocinas<br />
em quatro grupos: pacientes com<br />
SAF, indivíduos com SAF secundária ao<br />
lúpus, pessoas com anticorpos isolados<br />
e um grupo controle. Quando comparados<br />
com controles, os pacientes com SAF<br />
tiveram níveis elevados <strong>de</strong> IL-1, IL-6,<br />
TNF, IP-10, sCD40L e STF. Já nos indivíduos<br />
com SAF secundária ao lúpus, os<br />
níveis <strong>de</strong> TNF, IP-10 e sCD40L foram<br />
ainda mais altos. Esses achados po<strong>de</strong>m<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
apontar possíveis alvos terapêuticos no<br />
tratamento futuro da SAF.<br />
Na pesquisa básica, vale ressaltar a<br />
análise genômica realizada pelo grupo<br />
<strong>de</strong> Takao Koike (Sapporo, Japão). Esses<br />
pesquisadores, aliás, também assinam<br />
um outro estudo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque<br />
sobre SAF, que <strong>de</strong>tectou a β2GPI<br />
como o principal antígeno nos pacientes<br />
com a síndrome, em comparação<br />
com controles.<br />
Durante o evento, foi anunciada a formação<br />
<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho internacional<br />
multidisciplinar <strong>de</strong> estudiosos<br />
da SAF, li<strong>de</strong>rado por Doruk Erkan, do<br />
HSS, por Ronald Derksen, da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Utrecht, e pelo brasileiro Roger<br />
Levy, da UERJ. A partir <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong><br />
dados formado por características clínicas<br />
dos portadores da SAF, haverá uma<br />
série <strong>de</strong> estudos observacionais e clínicos<br />
sobre essa entida<strong>de</strong>.<br />
Síndrome <strong>de</strong> Sjögren<br />
Jacques-Olivier Pers (Brest, França)<br />
<strong>de</strong>monstrou expressão elevada do 4BAFF<br />
em pacientes com a síndrome <strong>de</strong> Sjögren.<br />
À semelhança do lúpus, em que o BAFF<br />
já está consolidado como marcador <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> e vem sendo utilizado como<br />
alvo terapêutico, na Sjögren o aumento<br />
<strong>de</strong> sua expressão estimula a permanência,<br />
na circulação, das células B, que produzem<br />
autoanticorpos <strong>de</strong> ação<br />
patogênica.<br />
Arterite <strong>de</strong> células gigantes<br />
Marie Clements-Baker (Hamilton,<br />
Ontário) avaliou a ressonância magnética<br />
<strong>de</strong> alto campo como método<br />
capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar e<strong>de</strong>ma mural e inflamação<br />
na superfície das artérias<br />
temporais e sua correlação com a<br />
biópsia em 55 pacientes.<br />
Doença <strong>de</strong> Behçet<br />
Um estudo apresentado por Guillaume<br />
Geri (Paris), com 40 pacientes com<br />
Behçet, revelou aumento <strong>de</strong> células do<br />
tipo Th17 no sangue <strong>de</strong> portadores da<br />
doença ativa. A IL-21, que estimula as<br />
células Th17, também estava elevada em<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
indivíduos com doença ativa, quando<br />
comparados com aqueles com doença<br />
inativa e controles saudáveis.<br />
Granulomatose <strong>de</strong> Wegener<br />
e poliangiite microscópica<br />
Em um simpósio clínico, Ulrich<br />
Specks, da Mayo Clinic (EUA), expôs o<br />
estudo RAVE, que comparou o uso <strong>de</strong><br />
rituximabe com ciclofosfamida na<br />
indução <strong>de</strong> remissão das vasculites<br />
induzidas pelo ANCA. Na pesquisa, os<br />
pacientes com poliangiite <strong>de</strong>veriam compor<br />
menos <strong>de</strong> 50% dos casos estudados.<br />
Com o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> não inferiorida<strong>de</strong>, os<br />
resultados com rituximabe foram semelhantes<br />
aos obtidos com ciclofosfamida,<br />
trazendo uma opção terapêutica bastante<br />
interessante como alternativa à<br />
ciclofosfamida.<br />
Conteúdo postado pelo assistente doutor<br />
da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
e presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Vasculopatias<br />
da SBR, Roger Abramino Levy.<br />
Atualização <strong>de</strong> interesse geral<br />
Quando as doenças reumáticas foram tomadas no conjunto, houve também<br />
algumas apresentações dignas <strong>de</strong> nota. Uma <strong>de</strong>las foi a bastante concorrida<br />
aula <strong>de</strong> Clifton O. Birgham, da Johns Hopkins University, sobre imunização e<br />
doenças reumáticas. Com gran<strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong> na prática clínica diária, a<br />
palestra abordou os benefícios da vacinação, a importância do cuidado vacinal<br />
com os contactantes domiciliares <strong>de</strong> pacientes imunossuprimidos e o racional<br />
para evitar vacinas <strong>de</strong> vírus vivos atenuados em estados <strong>de</strong> imunossupressão.<br />
Também houve gran<strong>de</strong> interesse na revisão <strong>de</strong> Amy Joseph, do Veterans Affair<br />
Medical Center (EUA), a respeito das manifestações da infecção pelo vírus da<br />
hepatite C e sua abordagem terapêutica. Vale mencionar ainda o simpósio<br />
clínico sobre manejo perioperatório <strong>de</strong> problemas selecionados em indivíduos<br />
com doenças reumáticas. Howard H. Weitz, da Thomas Jefferson University<br />
(EUA), fez uma revisão sobre a conduta pré-operatória em pacientes reumáticos,<br />
em especial quanto ao risco cardiovascular, e propôs abordagens para<br />
reduzir a ocorrência <strong>de</strong> complicações cardíacas no pós-operatório. Da mesma<br />
forma, Tim Bongartz, da Mayo Clinic, revisou a literatura sobre o manejo<br />
das medicações nesses casos, incluindo anti-inflamatórios e imunomoduladores<br />
no pré e no pós-operatório.<br />
Conteúdo postado pela professora colaboradora <strong>de</strong> Clínica Médica da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, Lícia Maria Henrique da Mota.<br />
13
Hilton Seda<br />
Coluna Seda<br />
O reumatismo <strong>de</strong> Lima Barreto<br />
Além <strong>de</strong> um importante legado literário, o escritor<br />
<strong>de</strong>ixou um extenso prontuário médico, que, ao que tudo<br />
indica, parece ter incluído também a gota.<br />
Se existe algum escritor que po<strong>de</strong> disputar com Machado<br />
<strong>de</strong> Assis a primazia <strong>de</strong> nossa literatura, esse é, sem dúvida,<br />
Afonso Henriques <strong>de</strong> Lima Barreto.<br />
Afonso Henriques era filho legítimo <strong>de</strong> João Henriques <strong>de</strong><br />
Lima Barreto, um mulato bem escuro, e <strong>de</strong> Amália Augusta,<br />
professora pública, igualmente mulata, que se uniram em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1878. Tiveram vários filhos. O nascimento do primeiro,<br />
em setembro <strong>de</strong> 1879, foi trágico; Amália quase morreu<br />
e a criança só durou uma semana. A seguir, vieram Afonso<br />
Henriques e, <strong>de</strong>pois, Evangelina (1882), Carlindo (1884) e<br />
Eliezer (1886). O casal vivia com dificulda<strong>de</strong>s. Amália Augusta,<br />
para ajudar nas <strong>de</strong>spesas, abriu um pequeno colégio para meninas<br />
(Santa Rosa), que funcionava na própria residência, com<br />
a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar somente as primeiras letras. Quando<br />
nasceu o caçula, ela já estava muito doente. Faleceu em <strong>de</strong>zembro<br />
<strong>de</strong> 1887 <strong>de</strong> tuberculose pulmonar “galopante”.<br />
João Henriques era filho <strong>de</strong> uma antiga escrava, Carlota Maria<br />
dos Santos, e <strong>de</strong> um português ma<strong>de</strong>ireiro que não reconhecia<br />
a paternida<strong>de</strong>, mas nasceu liberto. Apesar <strong>de</strong> sua origem, tinha<br />
sonhos: queria estudar, entrar para a Escola <strong>de</strong> Medicina e formar-se,<br />
mas as dificulda<strong>de</strong>s que teve <strong>de</strong> enfrentar fizeram-no<br />
<strong>de</strong>sistir. Estudou, entretanto, francês. Aos 35 anos, já estava<br />
viúvo e tinha a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar dos quatro filhos,<br />
todos pequenos. Afonso Henriques, o mais velho, estava com 7<br />
anos; Eliezer, o menor, só tinha 2. Trabalhava como tipógrafo<br />
no prestigiado Jornal do Comércio. Era excelente profissional,<br />
mas, por não ser atendido em suas pretensões, <strong>de</strong>ixou o emprego<br />
e foi trabalhar em d’A Reforma, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saiu para exercer<br />
funções na Imprensa Nacional. Como resultado <strong>de</strong> seu bom<br />
<strong>de</strong>sempenho, foi promovido, em agosto <strong>de</strong> 1889, <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong><br />
turma para mestre das oficinas <strong>de</strong> composição. Nessa mesma<br />
época, trabalhava na Tribuna Liberal, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do Viscon<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ouro Preto.<br />
Quando era chefe <strong>de</strong> turma na Imprensa Nacional, em 1888,<br />
traduziu, do francês, o Manual do Aprendiz Compositor, uma<br />
obra <strong>de</strong> 139 páginas <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Jules Claye, tendo feito modificações<br />
para adaptá-la ao seu ambiente <strong>de</strong> trabalho. Por razões<br />
políticas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 12 anos acabou <strong>de</strong>mitido da Imprensa<br />
Nacional, em 11 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1890. Nesse mesmo ano, no<br />
dia 5 <strong>de</strong> março, recebeu a nomeação <strong>de</strong> escriturário das Colônias<br />
<strong>de</strong> Alienados da Ilha do Governador. Em março <strong>de</strong> 1891,<br />
foi promovido a almoxarife <strong>de</strong>ssas colônias e, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1893, a seu administrador. Em 1902, entretanto, licenciou-se<br />
14<br />
do trabalho por estar sofrendo <strong>de</strong> doença mental e, em 2 <strong>de</strong><br />
março <strong>de</strong> 1903, foi aposentado por <strong>de</strong>creto. João Henriques<br />
faleceu em 1922, dois dias <strong>de</strong>pois da morte do filho Afonso<br />
Henriques <strong>de</strong> Lima Barreto 1,2 .<br />
Devoto <strong>de</strong> Nossa Senhora da Glória<br />
Afonso Henriques <strong>de</strong> Lima Barreto nasceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
no bairro <strong>de</strong> Laranjeiras, na Rua Ipiranga, número 19, na<br />
sexta-feira 13 do mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1881, dia que muitos consi<strong>de</strong>ram<br />
agourento. Mais tar<strong>de</strong> escreveria: “Nasci sem dinheiro,<br />
mulato e livre”. Foi batizado em 13 <strong>de</strong> outubro do mesmo ano<br />
na Igreja Nossa Senhora da Glória, santuário tradicional, tombado<br />
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional<br />
(Iphan), construído no início do século XVIII e localizado<br />
no outeiro do mesmo nome, um lugar primitivamente chamado<br />
<strong>de</strong> Uruçumirim e Leripe. Seu padrinho foi Afonso Celso <strong>de</strong><br />
Assis Figueiredo (1837-1912), o futuro Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro Preto.<br />
Apesar <strong>de</strong> ter a<strong>de</strong>rido ao maximalismo russo, jamais per<strong>de</strong>u<br />
sua <strong>de</strong>voção por Nossa Senhora da Glória 1-4 .<br />
A primeira infância <strong>de</strong> Afonso Henriques foi dominada pelo<br />
sentimento <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> sua mãe. A angústia que o dominava fez<br />
com que, certa vez, pensasse em suicídio. Não se <strong>de</strong>u bem com<br />
uma senhora chamada Clemência, contratada por seu pai como<br />
ama. Apren<strong>de</strong>ra com Amália Augusta as primeiras letras e, quando<br />
começou a frequentar a escola, ia para o colégio “calado,<br />
taciturno, quase carrancudo”; não gostava <strong>de</strong> brincar. Começou<br />
a frequentar, em março <strong>de</strong> 1888, a Escola Pública Municipal,<br />
dirigida pela professora Teresa Pimentel do Amaral, por<br />
quem tinha afeição. Devia ser um bom aluno, pois recebeu, em<br />
1890, como prêmio escolar, a obra As Gran<strong>de</strong>s Invenções, <strong>de</strong><br />
Guillaume Louis Figuier (1819-1894), um médico, criador do<br />
teatro científico, uma série <strong>de</strong> peças que tinham como heróis os<br />
gran<strong>de</strong>s inventores. Em março <strong>de</strong> 1891, ajudado por seu padrinho,<br />
matriculou-se como aluno interno no Liceu Popular<br />
Niteroiense, dirigido por William Cunditt (1841-1893), um<br />
inglês reconhecido como hábil educador <strong>de</strong> crianças. Lima<br />
Barreto – que permaneceu no Liceu até 1894, tendo ali completando<br />
o curso secundário e parte do suplementar – viria a<br />
lembrar-se, com sauda<strong>de</strong>s, da sua professora <strong>de</strong> inglês, Miss<br />
Annie Cunditt Guimarães, que, com a morte do pai, assumiu a<br />
direção da instituição.<br />
Nessa época, o pai <strong>de</strong> Lima Barreto morava, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros<br />
meses <strong>de</strong> 1891, em um sítio na Ilha do Governador,<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
para on<strong>de</strong> o futuro escritor sempre ia nos fins <strong>de</strong> semana. Certa<br />
vez, porém, estando com sauda<strong>de</strong>s, fugiu do Liceu e para lá se<br />
dirigiu, tendo sido severamente repreendido pelo pai, ocasião<br />
em que pensou novamente em suicidar-se. A pacata vida na<br />
ilha foi interrompida quando esta sofreu ocupação <strong>de</strong> um contingente<br />
<strong>de</strong> marinheiros que faziam parte da Revolta da Armada,<br />
levante iniciado em 1893 contra o governo <strong>de</strong> Floriano Peixoto,<br />
o que obrigou a família a ir morar no Engenho da Pedra,<br />
na Penha 1-4 .<br />
Depois que terminou o Liceu, Lima Barreto <strong>de</strong>sejou tornarse<br />
engenheiro. Aos 14 anos, prestou exames iniciais para o Ginásio<br />
Nacional, novo nome, dado pelos republicanos, ao antigo<br />
Imperial Colégio D. Pedro II. Fez também um curso preparatório<br />
para a Escola Politécnica do Largo <strong>de</strong> São Francisco no<br />
Colégio Paula Freitas, em regime <strong>de</strong> internato, durante todo o<br />
ano <strong>de</strong> 1896. A partir <strong>de</strong> 1897, passou a morar em pensões<br />
com outros estudantes e adquiriu o salutar hábito <strong>de</strong> frequentar<br />
a Biblioteca Nacional. Nesse ano, concluiu todos os exames<br />
preparatórios que faltavam no Ginásio Nacional e fez o vestibular<br />
para a Escola Politécnica, no qual foi aprovado. Matriculou-se<br />
no curso geral <strong>de</strong> Engenharia Civil e lá permaneceu cinco<br />
anos. Em 1897, ano da gran<strong>de</strong> pregação positivista, Lima<br />
Barreto a<strong>de</strong>riu a esse movimento. Abandonou-o, entretanto,<br />
por terem os positivistas passado a apoiar Floriano Peixoto 1,2 .<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Na Escola Politécnica, Lima Barreto não se mostrou um bom<br />
estudante, a ponto <strong>de</strong> não ter conseguido aprovação nos exames<br />
para completar o primeiro ano. Durante o curso, foi reprovado<br />
cinco vezes em Mecânica – a última em 1903 – pelo<br />
professor Licínio Atanásio Cardoso (1852-1926), um<br />
positivista intransigente. Esse professor não era só temido pelos<br />
estudantes, mas igualmente odiado. Assim, Afonso Henriques<br />
não conseguiu formar-se nessa disciplina. Sentia-se perseguido<br />
por ser negro e escreveu em seu Diário Íntimo: “É triste<br />
não ser branco” 1,2,4 .<br />
Do mesmo modo que a morte <strong>de</strong> sua mãe, a doença <strong>de</strong> seu<br />
pai – loucura com <strong>de</strong>lírio <strong>de</strong> perseguição – trouxe gran<strong>de</strong>s problemas<br />
para Lima Barreto e prejudicou seu <strong>de</strong>sempenho na Escola<br />
Politécnica, inclusive. É possível que sua ligação com o<br />
álcool tenha nascido <strong>de</strong>ssa situação 1 .<br />
Em 1903, Lima Barreto fez concurso para uma única vaga<br />
<strong>de</strong> amanuense na Diretoria <strong>de</strong> Expediente da Secretaria <strong>de</strong><br />
Guerra, tendo sido aprovado em segundo lugar. Apesar disso,<br />
acabou admitido em virtu<strong>de</strong> da morte <strong>de</strong> um funcionário. Foi<br />
nomeado em 27 <strong>de</strong> outubro do mesmo ano. A família, nessa<br />
época, mudou-se para uma habitação no alto <strong>de</strong> um morro, na<br />
Rua Boa Vista, número 76, em Todos os Santos. Por causa dos<br />
acessos <strong>de</strong> fúria <strong>de</strong> João Henriques, o local passou a ser conhecido<br />
como “a casa do louco”. Em 1913, houve nova mudança para<br />
a Rua Major Mascarenhas, 42, também em Todos os Santos,<br />
on<strong>de</strong> o escritor permaneceu até o fim da vida. Como forma <strong>de</strong><br />
provocação, <strong>de</strong>nominou sua residência <strong>de</strong> “Vila Quilombo” 1,2 .<br />
Paralelamente ao seu trabalho como amanuense, Lima<br />
Barreto, em 1903, complementava sua renda colaborando em<br />
publicações <strong>de</strong> vida curta como O Diabo e Tagarela. Foi também,<br />
por alguns meses, secretário da Revista da Época. Durante<br />
a vida, colaborou em vários periódicos: A Lanterna, jornal <strong>de</strong><br />
estudantes (1902), Correio da Manhã (1905), Floreal (1907),<br />
Gazeta da Tar<strong>de</strong> (1911), Jornal do Comércio (1911), Correio<br />
da Noite (1914), A Noite (1915), Careta (1915 e longos anos),<br />
ABC, um semanário político (1916), Lanterna (1918), Hoje<br />
(1919), Revista Souza Cruz (1921) e O Mundo Literário (1922).<br />
Além do mais, editou, com Manoel Bastos Tigre (1882-1957),<br />
uma publicação <strong>de</strong> curta duração <strong>de</strong>nominada A Quinzena Alegre<br />
(1902) e foi redator da Fon-Fon (1907) 1,2,4 .<br />
Em setembro <strong>de</strong> 1910, Lima Barreto participou do Primeiro<br />
Júri da Primavera <strong>de</strong> Sangue, que se reuniu para julgar os responsáveis<br />
pela chacina do Largo <strong>de</strong> São Francisco, na qual dois<br />
estudantes foram mortos durante um protesto organizado por<br />
estudantes da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, em 1909. O tenente<br />
Wan<strong>de</strong>rley foi con<strong>de</strong>nado 1,2 .<br />
Sem vaga entre os imortais<br />
Lima Barreto candidatou-se à Aca<strong>de</strong>mia <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras<br />
(ABL) mais <strong>de</strong> uma vez sem sucesso, a última em 1921, na<br />
vaga <strong>de</strong> Emílio <strong>de</strong> Menezes. A ABL <strong>de</strong>u-lhe, no máximo, uma<br />
menção honrosa pela publicação <strong>de</strong> Vida e Morte <strong>de</strong> M. J.<br />
Gonzaga <strong>de</strong> Sá. Em 1914, participou <strong>de</strong> um movimento para a<br />
fundação da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> dos Homens <strong>de</strong> Letras 1,2 .<br />
15<br />
>>
Coluna Seda<br />
>> O escritor não se casou. Só havia namorado uma vez, aos 16<br />
anos. Era tímido com as mulheres, às quais tratava sempre por<br />
“minha senhora”, jamais por tu ou você. Em reportagem <strong>de</strong><br />
1940, Raimundo Silva refere-se a um boato <strong>de</strong> um suposto<br />
caso <strong>de</strong> amor: “A moça era branca e <strong>de</strong> família – família rica,<br />
resi<strong>de</strong>nte em subúrbio distante –, e não permitiram que ela se<br />
casasse com um mulato” 1 .<br />
Lima Barreto sempre foi um inconformado. A<strong>de</strong>riu aos anarquistas,<br />
que tiveram gran<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> durante a Primeira Gran<strong>de</strong><br />
Guerra, e igualmente ao maximalismo russo radical 1 .<br />
Ao longo <strong>de</strong> sua carreira, escreveu romances (Recordações<br />
do Escrivão Isaías Caminha, <strong>de</strong> 1909, Triste Fim <strong>de</strong> Policarpo<br />
Quaresma, <strong>de</strong> 1915, Numa e a Ninfa, <strong>de</strong> 1915, Vida e Morte <strong>de</strong><br />
M. J. Gonzaga <strong>de</strong> Sá, <strong>de</strong> 1919, e Clara dos Anjos, <strong>de</strong> 1948);<br />
peças <strong>de</strong> humorismo, como Aventuras do Dr. Bogóloff, <strong>de</strong> 1912;<br />
contos (Histórias e Sonhos, <strong>de</strong> 1920, e Histórias e Sonhos em<br />
segunda edição, com o acréscimo <strong>de</strong> Outras Histórias e Contos<br />
Argelinos, <strong>de</strong> 1952); sátiras, como Os Bruzundangas, <strong>de</strong> 1922;<br />
crônicas (Bagatelas, <strong>de</strong> 1923, Feiras e Mafuás e Marginália,<br />
ambos <strong>de</strong> 1953) e memórias (Diário Íntimo, Diário do Hospício<br />
e Cemitério dos Vivos, todos também <strong>de</strong> 1953).<br />
Como se vê, vários <strong>de</strong><br />
seus trabalhos só tiveram<br />
divulgação <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<br />
morte. Em 1956, apareceram<br />
suas obras completas,<br />
em 17 volumes, editadas<br />
pela Brasiliense; do mesmo<br />
modo, uma segunda edição,<br />
em 1961. Após esse período, só foram lançados volumes<br />
esparsos. O inédito Subterrâneo do Morro do Castelo, que saiu<br />
sob forma <strong>de</strong> reportagem no Correio da Manhã, entre abril e<br />
junho <strong>de</strong> 1905, foi editado em livro no ano <strong>de</strong> 1997. Só em<br />
2001 é que a Editora <strong>Nov</strong>a Aguilar publicou Prosa Seleta, em<br />
tomo único, composto em papel especial.<br />
O primeiro romance <strong>de</strong> Lima Barreto, Recordações do Escrivão<br />
Isaías Caminha, não foi bem recebido pela crítica, mas Triste<br />
Fim <strong>de</strong> Policarpo Quaresma obteve muitos elogios <strong>de</strong> vários periódicos.<br />
O crítico literário Joaquim Osório Duque Estrada<br />
(1870-1927), apesar <strong>de</strong> acentuar que havia erros <strong>de</strong> gramática<br />
na obra, afirmou que o trabalho tinha merecimento indiscutível.<br />
Lima Barreto foi um escritor antiacadêmico e até revolucionário,<br />
que seguramente contribuiu para uma mudança no panorama<br />
da literatura brasileira. Os vanguardistas da Semana<br />
<strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> 1922 o admiravam. Sua obra retrata muito<br />
<strong>de</strong> sua vida, já que é impregnada <strong>de</strong> confissões 1,2,4,5,6 .<br />
Longo prontuário médico<br />
O alcoolismo foi a gran<strong>de</strong> tragédia da vida <strong>de</strong> Lima Barreto,<br />
a ponto <strong>de</strong> tê-lo levado à loucura, mas, em sua história médica,<br />
várias outras doenças constam <strong>de</strong> laudos oficiais: impaludismo,<br />
quando menino, que se repetiu em 1910, aos 29 anos,<br />
segundo laudo da Secretaria <strong>de</strong> Guerra justificando licença para<br />
tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; “fraqueza geral” (1906); reumatismo<br />
16<br />
poliarticular e hipercinesia cardíaca (1911/1912); neurastenia<br />
(1914); blenorragia (1914); neurastenia associada a anemia<br />
pronunciada (1916); epilepsia tóxica (1918) e fratura <strong>de</strong> clavícula<br />
(1918). Obteve licenças para tratar <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> em diversas<br />
ocasiões, como nos anos <strong>de</strong> 1906, 1910, 1912, 1914 e 1916.<br />
Foi internado em <strong>de</strong>corrência do alcoolismo pela primeira vez<br />
no dia 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1914, tendo sido encaminhado por<br />
policiais para o Instituto <strong>de</strong> Psiquiatria da Universida<strong>de</strong> do<br />
Brasil, on<strong>de</strong> permaneceu até 13 <strong>de</strong> outubro do mesmo ano. A<br />
razão foi ter provocado <strong>de</strong>satinos na casa <strong>de</strong> um tio, em<br />
Guaratiba, quebrando vidraças, virando ca<strong>de</strong>iras e mesas e<br />
tendo alucinações visuais – via fantasmas –, conforme consta<br />
<strong>de</strong> seu prontuário, que também revela blenorragia, com reação<br />
<strong>de</strong> Wasserman positiva no soro, e a ocorrência <strong>de</strong> cancros<br />
venéreos no passado.<br />
Em julho <strong>de</strong> 1917, foi recolhido, enfermo, ao Hospital Central<br />
do Exército. Em 4 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1918, houve nova<br />
internação, na mesma instituição, por fratura da clavícula, ocorrida<br />
em consequência <strong>de</strong> uma alucinação alcoólica. Recebeu<br />
alta em 5 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1919 com a notificação <strong>de</strong> alcoolismo<br />
crônico. Em pleno Natal <strong>de</strong> 1919, aos 34 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, novamente<br />
conduzido pela polícia,<br />
quando errava pelo<br />
subúrbio em <strong>de</strong>lírio persecutório,<br />
foi internado no<br />
Hospício Nacional <strong>de</strong> Alienados,<br />
tendo sido transferido<br />
para a Seção Calmeil<br />
no dia 29, on<strong>de</strong> permaneceu<br />
até a alta, no dia 2 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1920, com o diagnóstico<br />
<strong>de</strong> alcoolismo. O laudo, que era assinado pelo Dr. José Carneiro<br />
Airosa, também apontava, nos antece<strong>de</strong>ntes pessoais, que o<br />
paciente já sofrera <strong>de</strong> icterícia, sem, entretanto, especificar a<br />
época. Na Seção Calmeil, ficou sob os cuidados do Dr.<br />
Humberto Gotuzzo 1,2 .<br />
Francisco <strong>de</strong> Assis Barbosa afirma: “Lima Barreto não bebia<br />
pelo simples prazer <strong>de</strong> beber. O álcool era, para ele, uma forma<br />
<strong>de</strong> evasão...” 1 . O próprio escritor fortalece essa afirmativa ao<br />
escrever, em seu livro O Cemitério dos Vivos, que “... sem dinheiro,<br />
mal vestido, sentindo a catástrofe próxima da minha<br />
vida, fui levado às bebidas fortes e, aparentemente baratas, as<br />
que embriagam mais <strong>de</strong>pressa. Desci do whisky à genebra, ao<br />
gim e, daí, até a cachaça”. Mais adiante: “Embriagava-me antes<br />
do almoço, <strong>de</strong>pois do almoço, até ao jantar, e <strong>de</strong>ste até a<br />
hora <strong>de</strong> dormir” 5 . Como diz Alfredo Bosi: “O que me impressiona<br />
é o efeito <strong>de</strong> serena luci<strong>de</strong>z que sai <strong>de</strong>ssas páginas escritas<br />
em um asilo <strong>de</strong> alienados” 5 . O próprio Lima Barreto confessa:<br />
“De mim para mim, tenho certeza <strong>de</strong> que não sou louco,<br />
mas, <strong>de</strong>vido ao álcool, misturado com toda espécie <strong>de</strong> apreensões<br />
que as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> minha vida material há seis anos me<br />
assoberbam, <strong>de</strong> quando em quando dou sinais <strong>de</strong> loucura: <strong>de</strong>liro”<br />
5 . O médico e escritor Ranulfo Prata, admirador <strong>de</strong> Lima<br />
Barreto, que vivia em São Paulo, foi ao Rio <strong>de</strong> Janeiro e interessou-se<br />
em recuperar o romancista. Em abril <strong>de</strong> 1921, levou-o<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
para Mirassol, no interior <strong>de</strong> São Paulo, com essa<br />
intenção. A pequena e agradável cida<strong>de</strong> recebeu<br />
o escritor com homenagens. Quando lá estava,<br />
seguindo as instruções médicas, foi convidado<br />
a fazer uma conferência em Rio Preto, cida<strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> e se<strong>de</strong> da comarca. Aceitou, escreveu a palestra que<br />
faria, mas ficou muito ansioso à espera do dia da apresentação.<br />
Na data aprazada, entretanto, <strong>de</strong>sapareceu. Foi encontrado<br />
bêbado, estirado em uma sarjeta, por Ranulfo Prata.<br />
Tudo voltou à estaca zero.<br />
Às voltas com a gota<br />
Como se viu, entre as doenças que acometeram Lima Barreto<br />
constam também o reumatismo poliarticular e a hipercinese cardíaca,<br />
conforme parecer <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1911, que se<br />
encontra no Arquivo do Ministério da Guerra 1 . Com esse diagnóstico,<br />
foi licenciado para tratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> até 30 <strong>de</strong> abril<br />
<strong>de</strong> 1912. A presença <strong>de</strong> reumatismo poliarticular po<strong>de</strong>ria fazer<br />
pensar em febre ou doença reumática, mas essa hipótese é inaceitável.<br />
Naquela época, o escritor estava com 31 anos. A referência<br />
à hipercinese cardíaca não tem significado específico;<br />
não <strong>de</strong>fine lesão do coração. Hipercinese, ou hipercinesia, é<br />
nada mais que “função ou ativida<strong>de</strong> muscular anormalmente<br />
aumentada, que po<strong>de</strong> ser neurogênica, psicogênica ou uma<br />
combinação <strong>de</strong> ambas” 7 . Por outro lado, não há informação <strong>de</strong><br />
que Lima Barreto tenha tido surto reumático na infância ou juventu<strong>de</strong>.<br />
O prontuário <strong>de</strong> sua primeira internação, em 1914, portanto,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> feito o diagnóstico <strong>de</strong> reumatismo poliarticular,<br />
relata que seu aparelho circulatório estava normal 1 .<br />
Vale a pena analisar o que Lima Barreto escreveu sobre seu<br />
próprio reumatismo, ao explicar o motivo <strong>de</strong> estar encarcerado<br />
em casa quando escrevia seu último romance, Clara dos Anjos:<br />
“Além <strong>de</strong> outros motivos, <strong>de</strong>vido a um infernal reumatismo que<br />
não me <strong>de</strong>ixa há bem seis anos, e não me <strong>de</strong>ixará nunca, por<br />
assim dizer não tenho arredado o pé <strong>de</strong> casa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o povo<br />
do Brasil houve por bem reconhecer que estávamos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
há um século.” Isso foi escrito em 7 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1922,<br />
na revista Careta, o que indica que já se encontrava retido na<br />
residência havia, pelo menos, um mês. Além do reumatismo,<br />
teve um entorse do pé, como assinala Francisco <strong>de</strong> Assis Barbosa<br />
1 . Em janeiro do mesmo ano <strong>de</strong> 1922, também ficou impedido<br />
<strong>de</strong> sair “<strong>de</strong>vido a um aci<strong>de</strong>nte ridículo que me impedia <strong>de</strong><br />
calçar.” Se o reumatismo já o importunava fazia cerca <strong>de</strong> seis<br />
anos, <strong>de</strong>ve ter começado quando tinha 35 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Juntaram-se<br />
alcoolismo, trauma e comprometimento do pé em um<br />
homem na faixa dos 30 a 40 anos. Não existe uma <strong>de</strong>scrição<br />
das características do comprometimento articular do escritor,<br />
mas é provável que tenha havido um quadro inflamatório.<br />
É curioso lembrar que seu maior biógrafo, Francisco <strong>de</strong> Assis<br />
Barbosa, que não era médico, fez o seguinte comentário:<br />
“No ano seguinte, está (Lima Barreto) novamente doente, atacado<br />
<strong>de</strong>ssa vez <strong>de</strong> reumatismo poliarticular e hipercinese cardíaca,<br />
moléstias comuns dos viciados no álcool” 1 . Não se compreen<strong>de</strong><br />
bem o porquê <strong>de</strong>ssa ilação, mas ela po<strong>de</strong> ter sentido,<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
se admitirmos que Lima Barreto sofria <strong>de</strong> gota,<br />
um diagnóstico com real probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />
correto. E por que esse diagnóstico não foi estabelecido<br />
na época? A doença era conhecida, tanto<br />
que está muito bem <strong>de</strong>scrita em um livro que<br />
foi, durante anos, tradicional no Brasil e serviu aos leigos e até<br />
aos médicos – o Formulário e Guia Médica, <strong>de</strong> Pedro Luiz<br />
Napoleão Chernoviz 8 . A explicação está no fato <strong>de</strong> a gota ter<br />
sido consi<strong>de</strong>rada, durante muito tempo, uma afecção rara no<br />
Brasil. Geraldo Castelar Pinheiro, em sua tese sobre a doença,<br />
afirmou: “No Brasil, a gota era tida como muito rara” 9 . Essa<br />
visão mudou com o tempo, mas prevalecia ainda em 1946, tanto<br />
que J. B. Correa publicou, nesse ano, um trabalho com título<br />
muito sugestivo, A gota não é assim tão rara entre nós, chamando<br />
a atenção para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificar esse conceito,<br />
que era aceito como regra pelos médicos brasileiros.<br />
Por essa ocasião, a <strong>de</strong>scrição que Francisco <strong>de</strong> Assis Barbosa<br />
faz <strong>de</strong> Lima Barreto é <strong>de</strong>soladora: “Desaparecera por completo<br />
o viço da juventu<strong>de</strong>. Era ele, agora, um mulato gordo e vermelho,<br />
tresandando a cachaça” 1 . Aproximava-se o fim, apesar <strong>de</strong><br />
o escritor não dar a impressão <strong>de</strong> estar com doença grave. Estava<br />
preocupado com o pai. Evangelina colocou uma ban<strong>de</strong>ja<br />
sobre o travesseiro que cobria as pernas do irmão. Uma hora<br />
<strong>de</strong>pois ele estava morto, abraçando um volume da Revue <strong>de</strong>s<br />
Deux Mon<strong>de</strong>s. Faleceu às 17 horas na Rua Major Mascarenhas,<br />
26. Era Dia <strong>de</strong> Todos os Santos, 1º <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1922, e<br />
chovia muito. Foi sepultado no Cemitério São João Batista, no<br />
dia seguinte, em túmulo humil<strong>de</strong>, tendo sido acompanhado<br />
por muita gente pobre e poucos intelectuais. No seu atestado<br />
<strong>de</strong> óbito constam, como causa da morte, gripe torácica e colapso<br />
cardíaco. Seu pai, que morreu dois dias <strong>de</strong>pois, foi colocado<br />
junto ao filho 1 .<br />
Referências<br />
1 Assis Barbosa F: A Vida <strong>de</strong> Lima Barreto, Livraria José Olympio<br />
Editora / INL-MEC, 6ª edição, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1981.<br />
2 Lima Barreto: Prosa Seleta, Editora <strong>Nov</strong>a Aguilar, terceira impressão,<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2008.<br />
3 Silva Telles AC: Guia dos Bens Tombados. Cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Editora Expressão e Cultura, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2001.<br />
4 Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse, Editora Abril,<br />
São Paulo, 2006.<br />
5 Lima Barreto: Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos,<br />
Cosac Naify, São Paulo, 2010.<br />
6 Lima Barreto: O Subterrâneo do Morro do Castelo, Dantes,<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1997.<br />
7 Dorland’s Illustrated Medical Dictionary, W. B. Saun<strong>de</strong>rs Company,<br />
Phila<strong>de</strong>lphia, 1994.<br />
8 Chernoviz PLN: Formulário e Guia Médica, Livraria <strong>de</strong> A. Roger & F.<br />
Chernoviz, Pariz, 1884.<br />
9 Castelar Pinheiro G: Gota, Tese.<strong>de</strong> concurso para Livre-Docência<br />
<strong>de</strong> Clínica Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas,<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1960.<br />
10 Correa JB: A gota não é assim tão rara entre nós.<br />
Fich. Médico-Terap. “Labofarma” 8 (35), IX-XII, 1946 (citado in 9).<br />
17
Notas<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong> cria<br />
Câmara Técnica em <strong>Reumatologia</strong><br />
m gran<strong>de</strong> passo foi dado para valorizar a <strong>Reumatologia</strong><br />
e ampliar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidados aos brasileiros<br />
U com doenças reumáticas. No último dia 12 <strong>de</strong> novembro,<br />
o Diário Oficial da União publicou a Portaria n o 3.443, do<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong> (MS), que institui no País uma Câmara<br />
Técnica em <strong>Reumatologia</strong>. O grupo, segundo o documento,<br />
nasceu com o propósito <strong>de</strong> elaborar diretrizes<br />
voltadas para a atenção e a saú<strong>de</strong> do portador <strong>de</strong> afecções<br />
reumatológicas, bem como para acompanhar, avaliar e<br />
atualizar as normas, os parâmetros e os procedimentos da<br />
Tabela <strong>de</strong> Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses<br />
e Materiais Especiais do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. A iniciativa<br />
partiu da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (SBR).<br />
No fim do ano passado, por solicitação do atual presi<strong>de</strong>nte<br />
da SBR, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, a reumatologista<br />
Ana Patrícia <strong>de</strong> Paula, coor<strong>de</strong>nadora-geral <strong>de</strong><br />
Oitava edição <strong>de</strong> encontro<br />
<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes e docentes da SBR<br />
atrai 128 participantes<br />
iniciativa já é tradicional, mas<br />
sempre soa como novida<strong>de</strong>, jus-<br />
Atamente por envolver quem está iniciando<br />
na <strong>Reumatologia</strong>. Nos dias 20 e 21<br />
<strong>de</strong> agosto, a SBR promoveu uma nova<br />
edição do Encontro Nacional <strong>de</strong> Resi<strong>de</strong>ntes<br />
e Docentes em <strong>Reumatologia</strong>, a<br />
oitava <strong>de</strong> sua história, no Hotel Sofitel<br />
Ibirapuera, em São Paulo, com o apoio<br />
da Abbott. O evento reuniu nada menos<br />
que 128 participantes <strong>de</strong> todo o Brasil,<br />
dos quais 91 resi<strong>de</strong>ntes e especializandos<br />
e 37 preceptores, além dos palestrantes<br />
que conduziram o programa <strong>de</strong> atualização,<br />
entre os quais Ieda Laurindo,<br />
Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro e<br />
Rina Dalva Neubarth Giorgi (SBR), José<br />
Marques Filho (Cremesp/SBR), Marco<br />
Ta<strong>de</strong>u Moreira <strong>de</strong> Moraes (Cremesp),<br />
Richard Moralez (Abbott), Maria Gorete<br />
Sales Maciel (HSPE-SP), Marcelo Pi-<br />
18<br />
nheiro (Unifesp), Wiliam Habib Chaha<strong>de</strong><br />
(SP), Luis Eduardo Coelho Andra<strong>de</strong><br />
(Unifesp), José Alexandre Mendonça<br />
(PUC-Campinas) e Wan<strong>de</strong>rley M. Bernardo<br />
(AMB). Pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interessarem<br />
ao futuro candidato à prova do<br />
título <strong>de</strong> especialista, os temas escolhidos<br />
versaram sobre um pouco <strong>de</strong> tudo<br />
que o reumatologista encontra na prática<br />
clínica. Por isso, as palestras abordaram<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as questões éticas e legais, passando<br />
pela prestação <strong>de</strong> cuidados paliativos<br />
ao paciente e pelos métodos diagnósticos,<br />
até o emprego correto da métrica<br />
e a busca, <strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado, <strong>de</strong><br />
informação científica na maior biblioteca<br />
virtual internacional, o PubMed. Vale<br />
<strong>de</strong>stacar o formato do encontro, bem<br />
a<strong>de</strong>quado ao público-alvo, com diversos<br />
<strong>de</strong>bates entre as apresentações e mais<br />
duas sessões interativas.<br />
pesquisa clínica do Departamento <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />
da Secretaria <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos<br />
do MS, iniciou as negociações com o ministério, visando<br />
a estabelecer um acordo <strong>de</strong> cooperação entre a pasta<br />
e a SBR. As conversações resultaram em duas reuniões,<br />
que envolveram também o próprio Castelar, além <strong>de</strong> Ieda<br />
Laurindo, Mário Soares Ferreira, Rodrigo Aires Corrêa<br />
Lima e Sérgio Candido Kowalski. “O processo evoluiu para<br />
a criação da câmara técnica, que é mais abrangente, mas<br />
ainda não houve a reunião final <strong>de</strong> estruturação com a<br />
SBR”, explica Ana Patrícia. Por isso, ela sugere que cada<br />
coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> comissão da entida<strong>de</strong> promova discussões<br />
com sua equipe, <strong>de</strong> forma que seja consolidada uma proposta<br />
geral ao Ministério da Saú<strong>de</strong>. Sem dúvida, uma ótima<br />
i<strong>de</strong>ia para que as ativida<strong>de</strong>s do grupo reflitam o pensamento<br />
da maioria.<br />
Serviço <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong> do<br />
Hospital Heliópolis<br />
realiza encontro <strong>de</strong><br />
reciclagem<br />
Também em sua oitava edição,<br />
o Encontro <strong>de</strong> Reciclagem do<br />
Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> do<br />
Hospital Heliópolis ocorreu entre<br />
13 e 14 <strong>de</strong> agosto, em São Paulo.<br />
Na ocasião, foram discutidos<br />
temas da prática clínica diária,<br />
com foco em reumatismo <strong>de</strong><br />
partes moles, interpretação<br />
da ressonância magnética e<br />
tratamento da artrite reumatoi<strong>de</strong><br />
e da osteoporose.<br />
O clima amigável e <strong>de</strong>scontraído<br />
garantiu o sucesso do encontro,<br />
segundo os organizadores.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
Notas<br />
SBR mobiliza 20 mil brasileiros no Dia Mundial<br />
<strong>de</strong> Conscientização sobre a Artrite Reumatoi<strong>de</strong><br />
Sol e calor marcaram o Dia Mundial<br />
<strong>de</strong> Conscientização sobre a Artrite<br />
Reumatoi<strong>de</strong>, que reuniu, em 12 <strong>de</strong> outubro,<br />
cerca <strong>de</strong> 20 mil pessoas em <strong>de</strong>z capitais<br />
brasileiras: Aracaju, Belém, Brasília,<br />
Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia,<br />
Manaus, Porto Alegre e Recife. À exceção<br />
do Sul do País, que encarou muito<br />
frio nessa data, o clima geral estava<br />
ensolarado nas cida<strong>de</strong>s-alvo, que contaram<br />
com tendas, banners e cartazes montados<br />
em vias públicas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação.<br />
Em cada uma <strong>de</strong>las, reumatologistas<br />
forneceram à população informações sobre<br />
a artrite reumatoi<strong>de</strong>, o tratamento correto<br />
e a importância do diagnóstico precoce.<br />
A campanha atraiu sobretudo pacientes<br />
com suspeita da forma avançada da doen-<br />
ça, em busca <strong>de</strong> uma orientação e <strong>de</strong> esclarecimento<br />
sobre essa afecção, tendo<br />
cumprido, assim, seu objetivo. “O expressivo<br />
número <strong>de</strong> pessoas atendidas por<br />
meio <strong>de</strong>ssa iniciativa mostrou a relevância<br />
da expansão do projeto e a responsabilida<strong>de</strong><br />
da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
perante a população vitimada<br />
pela artrite reumatoi<strong>de</strong>, que atinge cerca<br />
<strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> brasileiros”, assinala a<br />
reumatologista Ieda Laurindo, que presidiu<br />
a SBR durante o planejamento <strong>de</strong>ssa<br />
edição da campanha. Para completar, o<br />
evento também ajudou a “chamar a atenção<br />
das autorida<strong>de</strong>s para melhorar o atendimento<br />
no sistema público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”,<br />
frisa Ieda. Sem dúvida, vários alvos atingidos<br />
com uma só estratégica jogada!<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Como surgiu a iniciativa<br />
Iniciado na Europa, o Dia Mundial<br />
<strong>de</strong> Conscientização sobre a Artrite<br />
Reumatoi<strong>de</strong> foi, aos poucos,<br />
ganhando proporções mundiais.<br />
O objetivo é disseminar informações<br />
sobre todas as formas da doença,<br />
que acomete cerca <strong>de</strong> 1% da<br />
população do globo, para pacientes,<br />
comunida<strong>de</strong> médica, público leigo e<br />
agências <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. No Brasil, a ação<br />
ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, sempre no dia<br />
12 <strong>de</strong> outubro, e vem crescendo ano<br />
após ano, motivada pelo contato<br />
com o World Arthritis Day<br />
(www.worldarthritisday.org).<br />
19
Notas<br />
Programe-se para iniciar o ano em ascensão. As inscrições<br />
para a próxima prova <strong>de</strong> suficiência para a obtenção<br />
<strong>de</strong> título <strong>de</strong> especialista em <strong>Reumatologia</strong> vão até o dia 24<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro e po<strong>de</strong>m ser feitas tanto por sócios da SBR<br />
quanto por não sócios. Para participar, o candidato <strong>de</strong>ve<br />
apresentar comprovante <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> residência em<br />
<strong>Reumatologia</strong> em serviço cre<strong>de</strong>nciado pelo MEC ou curso<br />
<strong>de</strong> especialização oficializado por órgãos ou câmaras<br />
superiores, também cre<strong>de</strong>nciados pelo mesmo ministério,<br />
com duração mínima <strong>de</strong> dois anos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que observado<br />
o pré-requisito <strong>de</strong> 24 meses concluídos <strong>de</strong> Clínica Médica.<br />
Também po<strong>de</strong>rão se inscrever médicos formados há<br />
mais <strong>de</strong> cinco anos que comprovem atuação profissional<br />
e participação em ativida<strong>de</strong>s científicas em <strong>Reumatologia</strong>,<br />
acreditadas pela Associação Médica <strong>Brasileira</strong>, totalizando,<br />
no mínimo, cem pontos. Além disso, evi<strong>de</strong>ntemente, é necessário<br />
comprovar a inscrição e a manutenção do vínculo<br />
no Conselho Regional <strong>de</strong> Medicina. Outros <strong>de</strong>talhes<br />
po<strong>de</strong>m ser encontrados no edital do concurso, que está<br />
disponível no site da SBR (www.reumatologia.com.br).<br />
Convém lembrar que a prova do título será realizada nos<br />
dias 25 e 26 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2011, em São Paulo.<br />
20<br />
Comece 2011<br />
como especialista<br />
Grupo <strong>de</strong> brasileiros se<br />
atualiza em congresso <strong>de</strong><br />
espondiloartrites, na Bélgica<br />
Cerca <strong>de</strong> 20 brasileiros marcaram presença no<br />
7 o Congresso Mundial <strong>de</strong> Espondiloartrites, que ocorreu<br />
na cida<strong>de</strong> medieval <strong>de</strong> Ghent, na Bélgica, <strong>de</strong> 7 a 9 <strong>de</strong><br />
outubro. Essa iniciativa, que se repete a cada quatro anos,<br />
reúne cerca <strong>de</strong> 300 reumatologistas <strong>de</strong> todo o mundo,<br />
particularmente da Europa. Nossos conterrâneos<br />
compareceram ao congresso a fim <strong>de</strong> trocar experiências<br />
e os resultados <strong>de</strong> seis trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos no Brasil.<br />
Fórum <strong>de</strong> biossimilares inclui curso com pesquisador<br />
que participou da produção do adalimumabe<br />
Val<strong>de</strong>rilio Feijó Azevedo (UFPR), coor<strong>de</strong>nador do Fórum Nacional<br />
<strong>de</strong> Biossimilares, abre o segundo dia <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do evento.<br />
m parceria com a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Queensland, na Austrália,<br />
a Edumed, empresa <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> ações educativas<br />
E em saú<strong>de</strong>, organizou o I Fórum Nacional <strong>de</strong> Biossimilares nos<br />
dias 12 e 13 <strong>de</strong> novembro, em Curitiba, sob a coor<strong>de</strong>nação do<br />
reumatologista Val<strong>de</strong>rilio Feijó Azevedo, com o apoio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />
Paranaense <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> e da Associação Nacional <strong>de</strong><br />
Grupos <strong>de</strong> Pacientes Reumáticos. Na oportunida<strong>de</strong>, dois<br />
bioengenheiros da universida<strong>de</strong> australiana conduziram um curso<br />
sobre biotecnologia e produção <strong>de</strong> imunobiológicos. Um <strong>de</strong>les,<br />
Steve Mahler, participou da produção da molécula do<br />
adalimumabe, dos Laboratórios Abbott. Além disso, o evento<br />
contou com palestrantes nacionais e internacionais, incluindo o<br />
consultor do FDA e do senado americano, Gurkirpal Singh, da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stanford, e Thomas Schreitmuller, que trabalha<br />
na linha <strong>de</strong> produção do Avastin, da Roche, na Basileia.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
Notas<br />
Hilton Seda recebe homenagem da PUC-Rio<br />
E m comemoração aos 70 anos <strong>de</strong><br />
sua fundação, a Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />
Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro instituiu<br />
a Medalha Setuagésimo Aniversário,<br />
<strong>de</strong>stinada a homenagear personalida<strong>de</strong>s,<br />
órgãos e instituições que tenham<br />
prestado relevantes serviços à universida<strong>de</strong>.<br />
Confirmando seu estreito vínculo<br />
com o ensino e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
novos médicos, o professor Hilton Seda<br />
fez parte do seleto grupo que recebeu o<br />
distinto reconhecimento, entregue em<br />
cerimônia solene realizada no último dia<br />
11 <strong>de</strong> novembro, no campus da PUC-<br />
Rio. Mais do que merecido!<br />
Professor Hilton Seda, tendo ao seu lado o reitor<br />
da PUC-Rio, o padre Josafá Carlos <strong>de</strong> Siqueira.<br />
Chefe da <strong>Reumatologia</strong> da Unifesp é<br />
nomeado para presidir entida<strong>de</strong> internacional<br />
<strong>de</strong> padronização <strong>de</strong> autoanticorpos<br />
m dos maiores especialistas<br />
da América Latina no<br />
U <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> testes<br />
laboratoriais para o diagnóstico<br />
<strong>de</strong> doenças autoimunes, o<br />
reumatologista Luis Eduardo<br />
Coelho Andra<strong>de</strong>, chefe da Disciplina<br />
<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da<br />
Unifesp, acaba <strong>de</strong> ser nomeado<br />
presi<strong>de</strong>nte do Autoantibody<br />
Standardization Committee in<br />
Rheumatic and Associated Conditions<br />
(www.autoab.org). Criada na década <strong>de</strong><br />
80, essa entida<strong>de</strong> existe para padronizar<br />
ensaios, gerar padrões <strong>de</strong> referência,<br />
valorizar clinicamente os autoanticorpos<br />
e elaborar diretrizes para o<br />
diagnóstico <strong>de</strong> doenças reumáticas, contando<br />
hoje com o patrocínio <strong>de</strong> organizações<br />
como o CDC, a Arthritis Foundation,<br />
a OMS e a International Union<br />
of Immunological Societies. À frente do<br />
comitê pelos próximos três anos,<br />
Andra<strong>de</strong>, que já era<br />
membro <strong>de</strong> sua atual<br />
gestão, terá responsabilida<strong>de</strong>s<br />
como a proposição<br />
<strong>de</strong> ações, a coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>de</strong> iniciativas,<br />
o estabelecimento <strong>de</strong><br />
parcerias e a busca <strong>de</strong><br />
suporte financeiro e político<br />
para os projetos<br />
aprovados. “Nosso trabalho<br />
<strong>de</strong>verá contribuir para o aperfeiçoamento<br />
dos testes laboratoriais utilizados<br />
para o diagnóstico <strong>de</strong> doenças<br />
autoimunes”, resume. Para ele, essa nomeação<br />
reflete o reconhecimento, por<br />
seus pares em nível internacional, do<br />
trabalho que <strong>de</strong>senvolve com sua equipe<br />
na Unifesp e no Fleury, on<strong>de</strong> é assessor<br />
médico em <strong>Reumatologia</strong> e Imunologia,<br />
já que boa parte dos estudos<br />
que conduz e publica é fruto da colaboração<br />
entre as duas instituições.<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
Trabalho da<br />
PUC-Campinas recebe<br />
menção honrosa<br />
no ACR 2010<br />
Durante o último Encontro Científico<br />
Anual do ACR, o reumatologista José<br />
Alexandre Mendonça, da PUC-<br />
Campinas, mereceu menção honrosa<br />
pela apresentação do trabalho<br />
Ultrasound i<strong>de</strong>ntification of<br />
tophaceous <strong>de</strong>posits in patient with a<br />
chronic symmetric poliarthritis,<br />
tornando-se o primeiro brasileiro a<br />
receber esse reconhecimento do<br />
Colégio Americano <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>.<br />
Essa conquista provém da <strong>de</strong>dicação<br />
<strong>de</strong> Mendonça, que, nestes últimos<br />
dois anos, tem se <strong>de</strong>bruçado<br />
assiduamente ao estudo da<br />
correlação clínica e ultrassonográfica<br />
no Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da PUC-<br />
Campinas. O Boletim Informativo da<br />
SBR parabeniza Mendonça e <strong>de</strong>seja<br />
que essa notícia se repita muitas<br />
vezes entre os brasileiros.<br />
21
22<br />
Notas<br />
Infiltrações intra-articulares na prática<br />
ssa foi a proposta do II Curso<br />
Teórico e Prático <strong>de</strong> Infiltrações<br />
E em <strong>Reumatologia</strong>, que a Disciplina <strong>de</strong><br />
<strong>Reumatologia</strong> da Unifesp realizou nos<br />
dias 22 e 23 <strong>de</strong> outubro, em São Paulo.<br />
Além das aulas expositivas, na<br />
oportunida<strong>de</strong>, como esperado, houve<br />
<strong>de</strong>monstração da técnica, guiada por<br />
ultrassom, tanto em pacientes quanto<br />
em carne bovina. Para completar, os<br />
15 alunos inscritos, entre os quais uma<br />
argentina, pu<strong>de</strong>ram efetuar infiltrações<br />
intra-articulares em pacientes, sob a<br />
orientação <strong>de</strong> professores experientes<br />
nesse procedimento, como Jamil<br />
Natour, Rita Furtado e Monique<br />
Sayuri Konai, e ainda receberam seis<br />
pontos <strong>de</strong> certificação pela Associação<br />
Médica <strong>Brasileira</strong>. Melhor, impossível!<br />
Que venha a terceira edição em 2011.<br />
Docentes da Unifesp lançam livro sobre técnicas<br />
<strong>de</strong> infiltrações no aparelho locomotor<br />
D do, ambos docentes da Unifesp, lançaram seu novo livro, Infiltra-<br />
urante o XXVIII Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, em<br />
Porto Alegre, os reumatologistas Jamil Natour e Rita Furta-<br />
ções no Aparelho Locomotor, publicado pela Editora Artmed. Com<br />
180 páginas, a obra apresenta técnicas para realização <strong>de</strong> infiltrações<br />
com e sem auxílio <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> imagem, incluindo informações<br />
sobre indicações, contraindicações e fármacos mais<br />
comumente usados nesses procedimentos. Dessa forma, configura<br />
material indispensável para os profissionais interessados<br />
em intervenção não cirúrgica no aparelho locomotor, entre os quais<br />
reumatologistas, radiologistas, ortopedistas e fisiatras. Em São<br />
Paulo, o lançamento do livro está previsto para fevereiro <strong>de</strong> 2011.<br />
ASBMR 2010<br />
recebe mais <strong>de</strong><br />
100 profissionais<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do Brasil<br />
A 32 a edição do maior evento mundial<br />
sobre o metabolismo mineral e ósseo,<br />
o congresso da The American Society<br />
for Bone and Mineral Research,<br />
(ASBMR 2010), que aconteceu em<br />
Toronto, no Canadá, <strong>de</strong> 15 a 19 <strong>de</strong><br />
outubro, contou com a participação <strong>de</strong><br />
nada menos que 120 brasileiros. Com<br />
cerca <strong>de</strong> 30 trabalhos científicos em<br />
mãos, a <strong>de</strong>legação ver<strong>de</strong> e amarela<br />
tinha reumatologistas, nefrologistas,<br />
geriatras, endocrinologistas,<br />
ortopedistas, fisiatras, clínicos e<br />
profissionais <strong>de</strong> áreas afins, como<br />
biomédicos, fisioterapeutas e<br />
nutricionistas. O evento apresentou<br />
diversas novida<strong>de</strong>s sobre o tratamento<br />
da osteoporose, especialmente no<br />
campo dos agentes biológicos capazes<br />
<strong>de</strong> induzir a neoformação óssea. Além<br />
disso, apontou gran<strong>de</strong>s perspectivas<br />
em relação ao estudo da qualida<strong>de</strong><br />
óssea com técnicas <strong>de</strong><br />
microtomografia óssea. O próximo<br />
ASBMR está marcado para setembro<br />
<strong>de</strong> 2011, <strong>de</strong>sta vez em San Diego,<br />
Califórnia. Programe-se!<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010
Agenda<br />
Março<br />
Curso <strong>de</strong> Especialização em <strong>Reumatologia</strong> para<br />
Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais<br />
Data: <strong>de</strong> 1 o <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011 a 21 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2012<br />
Local: Unifesp (SP)<br />
Informações: http://procdados.epm.br/dpd/proex/asp/<br />
in<strong>de</strong>x.asp?page=INS&tipo=E&clss=D&fltr=&codc=96&anoc=2011<br />
I Curso <strong>de</strong> Capilaroscopia Periungueal e Microcirculação<br />
nas Doenças Reumáticas Autoimunes<br />
Data: <strong>de</strong> março a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011,<br />
com início em 10/3/2011<br />
Local: Unifesp (SP)<br />
Informações: www.capilaroscopia.com.br<br />
www.reumatologia.com.br<br />
Programe-se para participar dos principais eventos nacionais e internacionais <strong>de</strong> atualização em <strong>Reumatologia</strong> no ano que vem.<br />
A charge do Val<strong>de</strong>rílio<br />
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA N o 4 out/nov/<strong>de</strong>z/2010<br />
I International Congress on Controversies<br />
in Rheumatology and Autoimmunity<br />
Local: Florença, Itália<br />
Data: <strong>de</strong> 10 a 12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011<br />
Informações: www2.kenes.com/cora/Pages/Home.aspx<br />
Maio<br />
XXI Jornada Norte-Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
Local: Aracaju (SE)<br />
Data: <strong>de</strong> 12 a 14 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011<br />
Agosto/setembro<br />
XVI Jornada Centro-Oeste <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
Local: Campo Gran<strong>de</strong> (MS)<br />
Data: <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto a 3 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2011<br />
Outubro<br />
XVIII Jornada <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> do Cone Sul<br />
Local: Florianópolis (SC)<br />
Data: 13 a 15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2011<br />
<strong>Dez</strong>embro<br />
XIX Encontro Rio-São Paulo <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
Local: a ser <strong>de</strong>finido<br />
Data: <strong>de</strong> 8 a 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011<br />
2012<br />
XXIX Congresso Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />
Local: Vitória (ES)<br />
Data: <strong>de</strong> 19 a 22 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2012<br />
www.reumatologia.com.br<br />
23