17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ação política<br />

que lhes quer<strong>em</strong> fazer b<strong>em</strong>, como os que apenas pensam no proveito próprio),<br />

a sua inépcia para escolher o melhor caminho e a sua ingratidão: é que,<br />

corrompido () pelo <strong>de</strong>magogo, o povo <strong>de</strong>pressa se esquece <strong>de</strong> ser<br />

disciplinado e obediente. Fica, assim, claro que a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> mais <strong>dos</strong><br />

bons chefes do que do povo, facto que corrobora o interesse <strong>dos</strong> paradigmas<br />

individuais <strong>de</strong> que as Vidas são mo<strong>de</strong>lo.<br />

Abalado o prestígio <strong>de</strong> Teseu, não foi difícil usar contra ele a invasão <strong>dos</strong><br />

Dioscuros, provocada por um seu <strong>de</strong>svario 256 . Assim, aquele que, nos capítulos<br />

12 e 17, surgia como restaurador da or<strong>de</strong>m por causa da sua e<br />

<strong>de</strong>mocráticos, gura, <strong>em</strong> es. 35. 4, como causador da convulsão<br />

política. Como se não bastasse ter <strong>de</strong>ixado o povo entregue à sua sorte, ter<br />

dado azo à invasão da Ática, quando regressa da terra <strong>dos</strong> Molossos, faz tudo<br />

por tudo para recuperar o po<strong>de</strong>r, para governar ( e não ),<br />

contribuindo assim para o aumento da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e da instabilida<strong>de</strong>.<br />

Deparamo-nos, portanto, nas palavras <strong>de</strong> Pérez Jiménez (2000: 239), com<br />

um «viejo egoísta que ha perdido toda dignidad moral y autoridad política»,<br />

já que, se<strong>de</strong>nto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, se esquece <strong>dos</strong> objetivos do bom político, a justiça<br />

e a paz social, e tudo faz para reassumir o governo da . Assim, Teseu<br />

é retratado nesta fase como um da ida<strong>de</strong> heroica (qual prepotente<br />

Agamémnon <strong>de</strong>scrito no primeiro canto da Ilíada), pois exige obediência que<br />

lhe é <strong>de</strong>vida enquanto «chefe <strong>de</strong> <strong>Estado</strong>», mesmo que, ao fazê-lo, contribua<br />

para aumentar a instabilida<strong>de</strong> político-social. No entanto, mostra-se ainda<br />

com luci<strong>de</strong>z suciente para não usar a força até ao limite e abandona o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> livre vonta<strong>de</strong>, quando se apercebe <strong>de</strong> que já nada po<strong>de</strong> contra o «monstro»<br />

que criara 257 .<br />

Este reconhecimento não o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> se sentir revoltado com o povo<br />

que apadrinhara e que agora o atraiçoa, pelo que, antes <strong>de</strong> partir para o exílio,<br />

amaldiçoa os Atenienses, do mesmo modo que Édipo amaldiçoara Creonte e<br />

os lhos.<br />

256 Muito <strong>em</strong>bora corresse uma versão segundo a qual os Dioscuros teriam invadido a Ática<br />

<strong>de</strong> conluio com Menesteu. Cf. es. 32. 2.<br />

257 A passag<strong>em</strong> do po<strong>de</strong>r para Menesteu é um mal necessário, ao qual o objetivo racionalizador<br />

<strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong> não po<strong>de</strong> fugir, pois só assim se consegue coadunar o reinado <strong>de</strong> Teseu com o passo<br />

da Ilíada (2. 551-2) que faz <strong>de</strong> Menesteu o chefe <strong>dos</strong> Atenienses que participam na expedição<br />

a Troia.<br />

107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!