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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Ação política<br />

convencionámos chamar «efebia»); do costume <strong>dos</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Ioxo <strong>de</strong><br />

não queimar espargos bravios n<strong>em</strong> arbustos com espinhos s<strong>em</strong> lhes prestar<br />

culto 244 (es. 8. 6); da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os m<strong>em</strong>bros do <strong>de</strong>mo <strong>de</strong> Palene e<br />

os <strong>de</strong> Hagnunte contraír<strong>em</strong> matrimónio entre si (es. 13. 4) e do hábito que<br />

os habitantes <strong>de</strong> Palene tinham <strong>de</strong> não recorrer à fórmula tradicional para<br />

reunir os concidadãos 245 ; ou a frase célebre com que Teseu terá reunido os<br />

povos da Ática 246 (es. 25. 1). Também a justicação do nome das moedas<br />

247 (es. 25. 3) t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma iniciativa <strong>de</strong><br />

Teseu (to<strong>dos</strong> <strong>de</strong>correntes do exercício do po<strong>de</strong>r <strong>em</strong> Atenas).<br />

Por m, importa referir que a Amazonomaquia está associada à orig<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

alguns monumentos <strong>ateniense</strong>s e à história <strong>de</strong> alguns <strong>dos</strong> lugares mais famosos<br />

se sabe <strong>em</strong> que local exato estaria situado o Teseia. Há qu<strong>em</strong> pense que a sua localização terá<br />

sido aproveitada para construir o Tesouro <strong>dos</strong> Atenienses <strong>em</strong> Delfos (cf. Pauly-Wissowa1924:<br />

col. 1279-1280).<br />

244 A referência, aparent<strong>em</strong>ente fora <strong>de</strong> contexto, à ligação entre Periguna e Teseu serve para<br />

revelar a relação <strong>de</strong> ascendência que une Teseu a Ioxo e para justicar o respeito <strong>dos</strong> Ióxidas<br />

pelas plantas mencionadas neste episódio. D<strong>em</strong>ais, confere à união entre Periguna e Teseu (que<br />

entra no rol <strong>dos</strong> amores menos próprios do herói) alguma dignida<strong>de</strong>, já que o fruto que <strong>de</strong>la<br />

nasceu, Melanipo, foi pai <strong>de</strong> Ioxo, um <strong>dos</strong> fundadores <strong>de</strong> uma colónia na Cária. Sobre a fundação<br />

<strong>de</strong> colónias <strong>ateniense</strong>s na Iónia e na Cária, vi<strong>de</strong> Cassola (1957: 84 sqq); sobre Ioxo, Roscher<br />

(1965). Existia <strong>em</strong> Atenas um lugar <strong>de</strong> culto chamado , próximo do <strong>de</strong>mo <strong>de</strong><br />

Melite (Cli<strong>de</strong>mo FGrHist 323 F 2), ainda que, segundo Jacoby (FGrHist III B, Kommentar a<br />

328 F 2, p. 134), essa referência <strong>de</strong> Cli<strong>de</strong>mo associe necessariamente Teseu a Melanipo.<br />

245 Estes dois estão liga<strong>dos</strong> aos habitantes do <strong>de</strong>mo <strong>de</strong> Palene (cujo epónimo é Palanteu).<br />

Como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, os seus antepassa<strong>dos</strong> apoiaram os Palântidas na luta pelo po<strong>de</strong>r<br />

contra Teseu. Dos partidários <strong>dos</strong> sobrinhos <strong>de</strong> Egeu fazia igualmente parte um arauto do <strong>de</strong>mo<br />

<strong>de</strong> Hagnuso, que traiu a causa, revelando ao fundador <strong>de</strong> Atenas os planos do inimigo, o que<br />

lhe permitiu <strong>em</strong>boscá-los e vencê-los. Tamanha <strong>de</strong>slealda<strong>de</strong> fomentou uma profunda aversão<br />

<strong>dos</strong> habitantes <strong>de</strong> Palene pelos <strong>de</strong> Hagnuso, inviabilizando a celebração <strong>de</strong> matrimónios entre<br />

eles. Esta ausência do direito <strong>de</strong> epigamia parece sugerir a existência na Ática <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes antes do sinecismo – De Sanctis (1975: 32). Pelo mesmo motivo, os <strong>de</strong> Palene<br />

<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> convocar os concidadãos através do chamamento ritual «», porque o<br />

nome do arauto traidor era . Note-se que este arauto foi epónimo da tribo <strong>dos</strong> Leóntidas -<br />

cf. Kron (1976: 194-198). Sobre o nome do arauto, vi<strong>de</strong> supra p. 66, nota 70.<br />

246 Quando projetava a formação <strong>de</strong> um povo universal, Teseu ter-se-á dirigido à multidão<br />

com o édito , <strong>de</strong> que nos dão test<strong>em</strong>unho Heraclidas <strong>de</strong> L<strong>em</strong>bo (no epítome da<br />

sua Constituição <strong>dos</strong> Atenienses) e Aristóteles (Ath. fr. 3). Cf. Rho<strong>de</strong>s (1981: 74 sqq). Sobre este<br />

assunto, consulte-se ainda Robertson (1986: 147-176).<br />

247 Atribuir a instituição da moeda a Teseu não passa <strong>de</strong> um anacronismo, pois é do<br />

conhecimento geral que, <strong>em</strong> Atenas, esta apenas surgiu no séc. VI a.C. Tal imputação<br />

justica-se pelo facto <strong>de</strong> as primeiras moedas <strong>ateniense</strong>s ter<strong>em</strong> gravada numa das faces a cabeça<br />

<strong>de</strong> um touro (que facilmente se associa às aventuras <strong>de</strong> Teseu que envolv<strong>em</strong> esse animal. Po<strong>de</strong>,<br />

no entanto, estar relacionada com a referência homérica aos bois enquanto unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valor e<br />

<strong>de</strong> troca (Il. 6. 119-129). Segundo <strong>Plutarco</strong>, havia também qu<strong>em</strong> fosse <strong>de</strong> opinião <strong>de</strong> que tal<br />

cunhag<strong>em</strong> visava instigar os Atenienses à prática da agricultura. Sobre este assunto, vi<strong>de</strong> Kraay<br />

(1970: 57).<br />

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