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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte III - A Vida <strong>de</strong> Teseu<br />

Delos <strong>em</strong> honra <strong>de</strong> Apolo 228 (es. 21. 2), <strong>em</strong> que vencedores receb<strong>em</strong> um ramo<br />

<strong>de</strong> palma; as Oscofórias 229 , festas <strong>em</strong> honra <strong>de</strong> Dioniso (es. 22. 4 e 23. 2) e<br />

as Pianépsias 230 (es. 22. 4-7). Mas este é também o grupo responsável pela<br />

dança ritual <strong>em</strong> honra <strong>de</strong> Ariadne, a que os Délios chamavam «<strong>de</strong> grua» (es.<br />

21. 2); pelos <strong>de</strong> Nausítoo e Féax 231 (es. 17. 7), pelo epíteto Epitrágia,<br />

<strong>de</strong> Afrodite 232 (es. 18. 3) e pela <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> «Ariadne Afrodite» atribuída<br />

a um bosque 233 (es. 20. 6-7).<br />

Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> chamar a atenção para o facto <strong>de</strong> as festas até<br />

agora mencionadas não ser<strong>em</strong> celebradas <strong>em</strong> Atenas, o que, como já se disse,<br />

faz <strong>de</strong> Teseu responsável pelo aparecimento <strong>de</strong> fenómenos pan-helénicos. Mas,<br />

no dia 2 do mês <strong>de</strong> Gorpieu (mês macedónio equivalente aos nossos agosto e set<strong>em</strong>bro), um<br />

jov<strong>em</strong> assumia o comportamento <strong>de</strong> uma parturiente.<br />

228 Cf. Paus. 8. 48. 3; Moralia 724A. A atribuição da orig<strong>em</strong> do certame a Teseu, que teria<br />

instituído o festival e o prémio ( ‘ramo <strong>de</strong> palma’), pren<strong>de</strong>-se à reorganização das festas<br />

<strong>de</strong> Delos, levada a cabo pelos Atenienses (uc. 3. 104. 3-5).<br />

229 As informações que <strong>Plutarco</strong> nos dá sobre as Oscofórias, aparec<strong>em</strong> entrecortadas pelas<br />

que diz<strong>em</strong> respeito às Pianépsias, o que ilustra, mais uma vez, as frequentes divagações do<br />

biógrafo. S<strong>em</strong> entrar <strong>em</strong> pormenores relativamente à forma como as festas se <strong>de</strong>senrolavam,<br />

chama a atenção para o facto <strong>de</strong> nelas se coroar o caduceu e não o arauto (à s<strong>em</strong>elhança do que<br />

o herói fez quando soube da notícia da morte do pai) e para a natureza <strong>dos</strong> gritos proferi<strong>dos</strong><br />

durante as libações, que combinam a dor pela morte <strong>de</strong> Egeu e a alegria pelo regresso <strong>dos</strong> que<br />

haviam sido con<strong>de</strong>na<strong>dos</strong> ao Minotauro. Revela igualmente a orig<strong>em</strong> da presença <strong>de</strong> dois jovens<br />

vesti<strong>dos</strong> <strong>de</strong> mulher na procissão: é que quando Teseu partiu para Atenas, ao invés <strong>de</strong> levar todas<br />

as jovens exigidas pelo Minotauro, substituiu duas por dois jovens, que lhe eram próximos, <strong>de</strong><br />

aspeto ef<strong>em</strong>inado e <strong>de</strong>licado – mas corajosos e viris – que preparou para que se parecess<strong>em</strong> ainda<br />

mais com mulheres. E ninguém <strong>de</strong>u pela diferença... No regresso, esses jovens participaram<br />

consigo, transportando rebentos <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>iras (), na procissão <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a Dioniso<br />

e Ariadne, <strong>em</strong> honra <strong>dos</strong> quais a festa tinha lugar. Sobre esta procissão, vi<strong>de</strong> Kadletz (1980:<br />

363-371). Sobre a relação entre Teseu, T<strong>em</strong>ístocles e as Oscofórias, vi<strong>de</strong> Podlecki (1975: 1-20).<br />

230 Estas festas tinham lugar a 7 <strong>de</strong> Pianépsion (quarto mês do calendário <strong>ateniense</strong>,<br />

equivalente aos nossos outubro e nov<strong>em</strong>bro, durante o qual se celebravam, além das Pianépsias,<br />

também as Teseias, as Tesmofórias e as Apatúrias), um dia consagrado a Apolo. Foi igualmente<br />

nesse dia que ocorreu o regresso <strong>de</strong> Creta. Consta que o nome <strong>de</strong>stas festas <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> /<br />

‘fava’ e do verbo ‘cozo’, pois um <strong>dos</strong> ritos que as constituíam consistia <strong>em</strong> cozer<br />

legumes e cereais <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os tipos numa única panela. Terá tido orig<strong>em</strong> no facto <strong>de</strong> os<br />

sobreviventes <strong>de</strong> Creta ter<strong>em</strong> juntado numa única panela to<strong>dos</strong> os restos <strong>de</strong> alimentos que<br />

possuíam e com base nos quais prepararam uma refeição que <strong>em</strong> seguida partilharam. Sobre<br />

esta festivida<strong>de</strong>, vi<strong>de</strong> Calame (1990: 291-324, passim); Parke (1977).<br />

231 Trata-se <strong>dos</strong> mesmos heróis <strong>em</strong> honra <strong>dos</strong> quais se celebram as Cibernésias. Cf. p. 99,<br />

nota 226.<br />

232 A conselho <strong>de</strong> Apolo, Teseu invoca Afrodite como companheira <strong>de</strong> viag<strong>em</strong> e celebra-lhe um<br />

sacrifício, durante o qual a cabra que estava a ser imolada se transforma <strong>em</strong> bo<strong>de</strong>, o que vale à <strong>de</strong>usa<br />

o epíteto <strong>de</strong> Epitrágia. Segundo Simon (1985: 250 sqq), era atribuído a Teseu o culto <strong>de</strong> Afrodite<br />

Pan<strong>de</strong>mos, a <strong>de</strong>usa do povo unicado pelo herói através do sinecismo (Paus. 1. 22. 3), cuja <strong>de</strong>signação<br />

se altera para Epitrágia numa fase mais tardia. Vi<strong>de</strong> etiam Calame (1990: 231-2, passim).<br />

233 Ariadne estava tradicionalmente associada a Afrodite, sobretudo na ilha <strong>de</strong> Chipre. O<br />

bosque <strong>em</strong> causa era chamado pelos Amatúsios <strong>de</strong> «Ariadne Afrodite», porque aí existiria um<br />

túmulo <strong>de</strong> Ariadne Afrodite. Paus. 2. 23. 7 dá-nos conta <strong>de</strong> um túmulo <strong>de</strong> Ariadne no t<strong>em</strong>plo<br />

<strong>de</strong> Dioniso Cretense <strong>em</strong> Argos, próximo do túmulo <strong>de</strong> Afrodite Urânia.<br />

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