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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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3. 2.<br />

Ação política<br />

À criação <strong>de</strong>ssa dimensão não é alheio o facto <strong>de</strong> a Teseu ter sido<br />

atribuída a instituição <strong>de</strong> diferentes el<strong>em</strong>entos não só da cultura <strong>ateniense</strong><br />

<strong>em</strong> particular, mas até da cultura pan-helénica, da qual Atenas se tornou<br />

mo<strong>de</strong>lo. Na verda<strong>de</strong>, Teseu funciona como para muitas práticas, festas<br />

e tradições, cuja orig<strong>em</strong> se acreditava r<strong>em</strong>ontar aos primórdios da história da<br />

cida<strong>de</strong> que fundou, <strong>de</strong>nindo-se, por isso, como pai <strong>de</strong> uma civilização e <strong>de</strong><br />

uma cultura. Ora, essa especicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>corrente da sua condição <strong>de</strong> fundador<br />

e civilizador, t<strong>em</strong> consequências práticas na redação da Vida <strong>de</strong> Teseu, que se<br />

<strong>de</strong>marca das restantes pela gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nela referidas: <strong>Plutarco</strong><br />

evoca mais <strong>de</strong> vinte, que são como que reexo do que melhor e pior teve a<br />

atuação do fundador. Reitamos <strong>em</strong> seguida sobre a natureza <strong>dos</strong> e <strong>dos</strong><br />

acontecimentos a que <strong>de</strong>ram orig<strong>em</strong>.<br />

Em primeiro lugar, po<strong>de</strong>mos dividir os <strong>em</strong> quatro gran<strong>de</strong>s grupos<br />

que, grosso modo, coinci<strong>de</strong>m com os feitos que se tornaram mais populares:<br />

as façanhas (Touro <strong>de</strong> Maratona, expedição a Creta, regresso do Ha<strong>de</strong>s), a<br />

efebia (<strong>em</strong> Atenas e <strong>em</strong> Delfos), o exercício do po<strong>de</strong>r na Ática (luta contra os<br />

Palântidas e o sinecismo) e os amores (Periguna, Ariadne, Amazonas e Helena).<br />

Do mesmo modo, po<strong>de</strong>mos, <strong>em</strong> traços gerais, agrupar os acontecimentos a que<br />

<strong>de</strong>ram orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> seis núcleos: festivida<strong>de</strong>s, fórmulas/expressões, costumes,<br />

toponímia, monumentos e dança.<br />

Foram as façanhas e os amores os grupos <strong>de</strong> mais produtivos. Importa,<br />

contudo, l<strong>em</strong>brar que os blocos Creta e Ariadne po<strong>de</strong>m ser lido como um único,<br />

na medida <strong>em</strong> que a relação do herói com esta jov<strong>em</strong> <strong>de</strong>corre da expedição<br />

àquela ilha. Se olharmos para a questão sob tal prisma, este é, s<strong>em</strong> dúvida, o<br />

núcleo que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> a mais el<strong>em</strong>entos. Curiosamente, a gran<strong>de</strong> maioria<br />

das «produções» <strong>de</strong>ste são festas (muitas <strong>de</strong>las <strong>de</strong> cariz religioso 225 ),<br />

<strong>em</strong> relação às quais <strong>Plutarco</strong> fornece pouca informação: as Cibernésias 226 , <strong>em</strong><br />

homenag<strong>em</strong> ao comandante e ao chefe <strong>de</strong> proa escolhi<strong>dos</strong> por Teseu (es. 17.<br />

7); a festa <strong>de</strong> homenag<strong>em</strong> a Ariadne <strong>em</strong> Chipre 227 (es. 20. 6-7); o certame <strong>de</strong><br />

225 A profusão <strong>de</strong> festivais religiosos instituí<strong>dos</strong> por Teseu t<strong>em</strong> que ver com a importância da<br />

componente religiosa na vida <strong>dos</strong> indivíduos e da na Antiguida<strong>de</strong>.<br />

226 Cf. Philoch. FGrHist 328 F 3. A festa <strong>dos</strong> pilotos seria celebrada, <strong>em</strong> data por nós<br />

<strong>de</strong>sconhecida, <strong>em</strong> m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> Nausítoo e <strong>de</strong> Feácio, nomes certamente inspira<strong>dos</strong> <strong>em</strong><br />

habitantes da ilha <strong>de</strong> Esquéria, a ilha <strong>dos</strong> Feáces na Odisseia. Teseu terá sido obrigado a escolher<br />

pilotos estrangeiros, porque os Atenienses ainda não se <strong>de</strong>dicavam ao mar. Embora a narrativa<br />

<strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong> pareça sugerir que a homenag<strong>em</strong> (festas e monumentos) tenha sido instituída antes<br />

do regresso <strong>de</strong> Creta, o mais lógico é que o tenha sido apenas no regresso. Alguns estudiosos<br />

avançam datas possíveis para esse festival, nomeadamente Deubner (1932: 225), segundo o qual<br />

coincidiria com a celebração das Teseias e Jacoby (FGrHist IIIb, Suppl. Notes, 345), que acredita<br />

que teriam lugar na abertura ou no fecho do período <strong>de</strong> navegação.<br />

227 Na ilha <strong>de</strong> Chipre, Teseu encarrega habitantes locais <strong>de</strong> fazer sacrifícios <strong>em</strong> m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong><br />

Ariadne e <strong>de</strong> erigir estatuetas, uma <strong>em</strong> prata e outra <strong>em</strong> bronze. Durante a festa, que tinha lugar<br />

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