17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ação política<br />

um pulso ao mesmo t<strong>em</strong>po rme e dócil, sente-se perdido (<strong>em</strong>briagado, no<br />

dizer <strong>de</strong> Platão 218 ) e acaba por agir <strong>em</strong> prejuízo do b<strong>em</strong> comum.<br />

<strong>Plutarco</strong> (es. 25. 3) apresenta-nos, portanto, um Teseu que é, segundo<br />

palavras que o biógrafo atribui a Aristóteles (fr. 2. Sandys),<br />

<br />

“o primeiro a inclinar-se para as massas e a abandonar o po<strong>de</strong>r absoluto.”<br />

No entanto, na Constituição <strong>dos</strong> Atenienses (41. 2), o Estagirita imputa o<br />

aparecimento da <strong>de</strong>mocracia a Sólon; <strong>de</strong> Teseu apenas diz que<br />

<br />

“se afastou um pouco da monarquia 219 .”<br />

Sagaz, Teseu procurou não só criar a coesão entre os que haviam passado<br />

a constituir um novo e único povo, como também fomentar as relações<br />

entre Atenienses e <strong>de</strong>mais Gregos, imprimindo a Atenas o tom <strong>de</strong> cida<strong>de</strong><br />

cosmopolita 220 . Para concretizar tal objetivo, institui as Panateneias e os<br />

Jogos Ístmicos 221 , respetivamente. Enquanto fundador, Teseu foi ainda autor<br />

<strong>de</strong> outras intervenções consi<strong>de</strong>ráveis: a cunhag<strong>em</strong> <strong>de</strong> moeda 222 , um fator<br />

político e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento fundamental; a criação <strong>dos</strong> jogos conheci<strong>dos</strong><br />

por Metécias 223 (que serviriam para celebrar o sinecismo) e o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> fronteiras, consi<strong>de</strong>rado por Tucídi<strong>de</strong>s um passo imprescindível para o<br />

progresso das cida<strong>de</strong>s, na medida <strong>em</strong> que permit<strong>em</strong> melhor <strong>de</strong>fesa, reserva<br />

<strong>de</strong> bens e o cultivo da terra (uc. 1. 2. 2). Esta última medida <strong>de</strong>staca-se<br />

218 R. 562 c-d: <br />

... “Quando uma<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, penso eu, se<strong>de</strong>nta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>, por força do a<strong>caso</strong>, no seu comando,<br />

maus escanções e se <strong>em</strong>bebeda muito mais do que <strong>de</strong>via com essa [liberda<strong>de</strong>] da pura, ...”<br />

A tradução apresentada é <strong>de</strong> Rocha Pereira (2001). Este passo da República é invocado por<br />

<strong>Plutarco</strong> <strong>em</strong> Per. 7. 8.<br />

219 Na verda<strong>de</strong>, este «<strong>de</strong>svio da monarquia» também caracteriza a ação <strong>de</strong> Rómulo, que, ao<br />

contrário <strong>de</strong> Teseu, enveredou pela tirania. Não admira, pois, que <strong>Plutarco</strong> (Rom. 31) consi<strong>de</strong>re<br />

reprovável o comportamento <strong>de</strong> ambos. Sobre este assunto, leia-se Larmour (1988: 368).<br />

220 Cf. página anterior.<br />

221 Sobre a instituição <strong>de</strong>stes festivais, vi<strong>de</strong> infra p. 101, notas 233 e 235.<br />

222 Cf. Arist. Pol. 1257a31-40. A cunhag<strong>em</strong> <strong>de</strong> moeda <strong>de</strong>nota um forte <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e t<strong>em</strong> implicações sociopolíticas: só uma socieda<strong>de</strong> minimamente organizada e estável t<strong>em</strong><br />

condições <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r a essa ativida<strong>de</strong> que, além <strong>de</strong> facilitar as trocas comerciais, favorece a<br />

justiça entre cidadãos (já que as trocas se baseiam numa escala comum <strong>de</strong> valores pré-<strong>de</strong>nida)<br />

e permite armar a autonomia da cida<strong>de</strong>. Para um aprofundamento <strong>de</strong>sta questão, consulte-se,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, Will (1954: 209-231; 1955: 5-23); Picard (1986 : 157-171).<br />

223 Infra p. 101, nota 234.<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!