17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aventuras<br />

com a jov<strong>em</strong> cretense, que consi<strong>de</strong>ra in<strong>de</strong>cente () e incorreta (<br />

).<br />

Convém chamar a atenção para o facto <strong>de</strong>, neste capítulo, não se fazer<br />

mais do que uma ligeira referência à relação entre o herói e Ariadne. Tal<br />

acontece, porque esta foi <strong>de</strong>senvolvida até à exaustão a propósito da vitória<br />

<strong>de</strong> Teseu sobre o Minotauro. À s<strong>em</strong>elhança do que acontece com Periguna, o<br />

Queroneu, que se abstivera <strong>de</strong> reprovar o procedimento do herói na parte da<br />

obra <strong>de</strong>dicada à exaltação das suas virtu<strong>de</strong>s, aproveita o teor do vigésimo nono<br />

capítulo para censurar o abandono <strong>de</strong> Ariadne.<br />

Mas, para o biógrafo, o cúmulo do <strong>de</strong>svario é o rapto <strong>de</strong> Helena (es. 31),<br />

ao qual atribui a responsabilida<strong>de</strong> pela invasão da Ática levada a cabo pelos<br />

Dioscuros e a queda 171 , <strong>de</strong>sterro e morte <strong>de</strong> Teseu.<br />

Este episódio é um <strong>dos</strong> mais antigos da saga do herói. Um <strong>dos</strong> primeiros<br />

test<strong>em</strong>unhos <strong>de</strong>ssa ancestralida<strong>de</strong> 172 ocorre <strong>em</strong> Il. 3. 144, verso no qual Etra, a<br />

mãe do herói, é i<strong>de</strong>nticada como uma das criadas <strong>de</strong> Helena 173 . Curiosamente,<br />

<strong>em</strong>bora o motivo do rapto <strong>de</strong> Helena tenha sido largamente tratado na<br />

literatura 174 , nunca é referido nas tragédias protagonizadas por Teseu, o que<br />

é consequência <strong>de</strong> estas (à exceção do Hipólito <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s) já o retratar<strong>em</strong><br />

com as virtu<strong>de</strong>s que costumam estar associadas à personalida<strong>de</strong> do fundador<br />

mítico <strong>de</strong> Atenas, o que coibia os autores <strong>de</strong> referir<strong>em</strong> este comportamento<br />

consi<strong>de</strong>rado uma mancha no «curriculum» <strong>de</strong> Teseu (cf. Isoc. 10. 18; D. S. 4.<br />

63. 3).<br />

Por essa mesma razão, este mit<strong>em</strong>a aparece representado <strong>em</strong> artefatos 175<br />

(como vasos, a couraça <strong>em</strong> bronze <strong>de</strong> Olímpia, os relevos <strong>em</strong> bronze do escudo<br />

<strong>de</strong> Olímpia e os relevos <strong>em</strong> ouro do escudo <strong>de</strong> Creta) anteriores ao séc. V a.C.<br />

e oriun<strong>dos</strong> do Peloponeso ou <strong>de</strong> Creta, e nunca na arte monumental. Segundo<br />

171 Sobre a queda, vi<strong>de</strong> infra p.109 sqq. A propósito da tradição literária e iconográca<br />

relacionada com este rapto, vi<strong>de</strong> Brommer (1972: 93-96). Para os test<strong>em</strong>unhos iconográcos,<br />

consulte-se ainda LIMC 4. 1., s. v. “Helena”, 507-513.<br />

172 Sobre este assunto, vi<strong>de</strong> Mills (1997: 7); Walker (1995: 17-18).<br />

173 A autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste verso t<strong>em</strong> sido posta <strong>em</strong> causa por alguns estudiosos. Cf. Walker<br />

(1995: 18).<br />

174 E. g. Alcm. frs. 21 e 22 Page; Stesich. fr. 191 Page; Pi. frs. 243 e 258 Snell; Apollod.<br />

Epit. 1. 23; Hyg. Fab. 79. Para uma visão alargada do mito <strong>de</strong> Helena, consult<strong>em</strong>-se, entre<br />

outros, Lindsay (1974); Alsino Clota (1957: 373-394); Komornicka (1991: 9-26); Ghali-Kahil<br />

(1955). Corria entre os antigos que Helena, difamada por Estesícoro, cegara o poeta <strong>em</strong> jeito<br />

<strong>de</strong> castigo (cf. Isoc. 10. 46; Pl. Phdr. 243 e R. 586). Contudo, <strong>de</strong>ra-lhe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

redimir e recuperar a visão. Por isso, o poeta compôs um novo po<strong>em</strong>a, no qual negava tudo<br />

quanto antes armara, com base no pressuposto <strong>de</strong> que a Helena que acompanhara Páris a Troia<br />

era apenas um da que cara, el ao marido, no Egito. Segundo Pr<strong>em</strong>erstein (1896:<br />

634-653), que procura racionalizar esta lenda, o primeiro po<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Estesícoro terá causado<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scontentamento nas populações que habitavam os locais on<strong>de</strong> Helena recebia culto, já<br />

que os éis não podiam aceitar que Helena fosse responsável pela Guerra <strong>de</strong> Troia.<br />

175 Cf. Brommer (1972: 96).<br />

85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!