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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte III - A Vida <strong>de</strong> Teseu<br />

O biógrafo, que atribui a existência <strong>de</strong> tantas variantes à antiguida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

acontecimentos, evoca outras versões sobre o m do conito. Uma <strong>de</strong>las associa<br />

a estela funerária 124 existente nas proximida<strong>de</strong>s do t<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Terra Olímpica<br />

a uma homenag<strong>em</strong> feita a Antíope, que aí teria tombado durante a refrega. A<br />

outra conta que as Amazonas feridas foram enviadas para Cálcis pela rainha e<br />

que muitas <strong>de</strong>las acabaram sepultadas no Amazónion.<br />

Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser digno <strong>de</strong> menção o facto <strong>de</strong> a toponímia relacionada com<br />

a batalha incluir sobretudo lugares <strong>de</strong> culto ou profundamente liga<strong>dos</strong> à vida<br />

política – como aqueles on<strong>de</strong> reuniam tribunais ou ass<strong>em</strong>bleias. Talvez isso<br />

aconteça para mostrar que tais lugares assumiram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, um papel<br />

prepon<strong>de</strong>rante na vida <strong>de</strong> Atenas.<br />

Quanto à Centauromaquia 125 , ocupa o trigésimo capítulo da Vida <strong>de</strong><br />

Teseu, um <strong>dos</strong> mais breves <strong>de</strong>sta biograa. Deste episódio, <strong>Plutarco</strong> transmite<br />

duas versões. A primeira (aquela que lhe parece mais verosímil) faz <strong>de</strong> Teseu<br />

convidado <strong>de</strong> Pirítoo para o casamento <strong>de</strong>ste com Deidamia 126 , durante o<br />

qual eclo<strong>de</strong> o conito com os Centauros, também eles convida<strong>dos</strong> para a boda<br />

(es. 30. 2). De acordo com a outra versão, veiculada segundo o biógrafo por<br />

Herodoro, o herói não assiste ao início da contenda e só posteriormente v<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> socorro do amigo (es. 30. 3).<br />

Assim, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da versão <strong>em</strong> causa, trata-se <strong>de</strong> um conito<br />

que não t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> nenhum ato <strong>de</strong> Teseu (como acontece com a<br />

Amazonomaquia ou a invasão da Ática pelos Dioscuros) e que, por isso mesmo,<br />

<strong>de</strong>corre longe <strong>de</strong> Atenas. A Centauromaquia é antes apresentada como uma<br />

124 Paus. 1. 2. 1 também faz referência a um túmulo <strong>de</strong> Antíope, que parece coincidir com<br />

a estela funerária situada nas Portas Itónias, a sul do t<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Terra Olímpica, mencionado<br />

<strong>em</strong> Pl. Ax. 365a. Sabe-se que, além do <strong>de</strong> Antíope, existiam <strong>em</strong> Atenas outros túmulos <strong>de</strong><br />

Amazonas, como por ex<strong>em</strong>plo o <strong>de</strong> Molpadia, à qual algumas versões do mito (nomeadamente<br />

Paus. 1. 2. 1) atribu<strong>em</strong> a morte da rainha.<br />

125 As primeiras referências literárias a este combate ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> Il. 1. 265, 2. 742-744, Od.<br />

21. 295-304. Sobre a discussão <strong>em</strong> torno da autenticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Il. 1. 265 (único <strong>de</strong>stes passos que<br />

faz <strong>de</strong> Teseu um participante na Centauromaquia), leiam-se os estu<strong>dos</strong> para os quais Calame<br />

(1990: 286, n. 179) r<strong>em</strong>ete. No âmbito da iconograa, o primeiro test<strong>em</strong>unho evi<strong>de</strong>nte da<br />

participação <strong>de</strong> Teseu neste combate é o vaso François, pintado por Clítias entre 570 e 560<br />

a.C. Nesta altura, o combate <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser representado como conito armado e passa a estar<br />

especicamente relacionado com as bodas <strong>de</strong> Pirítoo. Esta nova forma <strong>de</strong> representação da<br />

Centauromaquia conrma a aticização da lenda. Pausânias (1. 17. 2) test<strong>em</strong>unha que este era um<br />

<strong>dos</strong> episódios que servia <strong>de</strong> t<strong>em</strong>a à <strong>de</strong>coração do Teseion. Sobre esta última representação, vi<strong>de</strong><br />

Woodford (1974: 158-165), que arma que esta foi a primeira «ethical representation of the<br />

th<strong>em</strong>e in terms of the struggle of civilisation against barbarity». O mesmo acontecia nas diversas<br />

métopas do Parténon, on<strong>de</strong> as batalhas entre Gregos e Amazonas, entre Lápitas e Centauros<br />

simbolizam o triunfo do helenismo sobre a barbárie. Para mais informações sobre a tradição<br />

literária e iconográca <strong>de</strong>ste episódio, vi<strong>de</strong> Brommer (1972: 104-109).<br />

126 <strong>Plutarco</strong> é o único a dar este nome à noiva <strong>de</strong> Pirítoo, que, segundo a tradição, se chamava<br />

Hipodamia (cf. Il. 2. 742; Apollod. Epit. 1. 21). É, por isso, provável que se trate <strong>de</strong> um engano.<br />

Sobre a tradição literária e iconográca que se pren<strong>de</strong> à amiza<strong>de</strong> entre os dois heróis, vi<strong>de</strong><br />

Brommer (1972: 139-140).<br />

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