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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte III - A Vida <strong>de</strong> Teseu<br />

adversário das guerreiras era Héracles 99 . A segunda – preferida pelo biógrafo 100<br />

e test<strong>em</strong>unhada, entre outros, por Fereci<strong>de</strong>s (FGrHist 3 F 151), Helânico<br />

(FGrHist 4 F 166) e Herodoro (FGrHist 31 F 25a-b) – faz da expedição que<br />

<strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> à refrega (porque o jov<strong>em</strong> fez <strong>de</strong> Antíope prisioneira <strong>de</strong> guerra)<br />

uma iniciativa individual do lho <strong>de</strong> Egeu.<br />

Deste modo, a «primeira Amazonomaquia» terá ocorrido no estrangeiro,<br />

no país das Amazonas, que foi atacado pelo(s) herói(s). O mais antigo<br />

documento iconográco a atestar este combate <strong>de</strong>corava as métopas no<br />

Tesouro <strong>dos</strong> Atenienses <strong>em</strong> Delfos 101 e relaciona as duas versões, já que no<br />

lado norte estavam representa<strong>dos</strong> os labores <strong>de</strong> Héracles, no sul, os <strong>de</strong> Teseu e,<br />

ao centro, como que a relacioná-los, o combate contra as mulheres guerreiras.<br />

Mas, para o relato <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>, a Amazonomaquia que interessa explorar é<br />

a que correspon<strong>de</strong> à invasão da Ática pelas Amazonas, lenda cuja difusão data<br />

<strong>de</strong> mea<strong>dos</strong> do séc. V a.C.<br />

No âmbito da iconograa 102 , esta incursão está documentada <strong>em</strong> diferentes<br />

suportes: na cerâmica (a partir <strong>de</strong> 480 a. C.); no friso oeste do Teseion 103 (ca. <strong>de</strong><br />

450 a.C.), da autoria <strong>de</strong> Mícon e <strong>de</strong>scrito <strong>em</strong> Paus. 1. 17. 2; no Pórtico Pintado 104<br />

(ca. 460 a.C.), igualmente da autoria <strong>de</strong> Mícon 105 e <strong>de</strong>scrito por Paus. 1. 15;<br />

nas catorze métopas oci<strong>de</strong>ntais do Pártenon (439 a.C.) e nos relevos do escudo<br />

da estátua criselefantina <strong>de</strong> Atena Pártenos, da autoria <strong>de</strong> Fídias (438 a.C.),<br />

<strong>de</strong>scrito por Paus. 1. 17. 2. No âmbito da literatura, o test<strong>em</strong>unho mais antigo<br />

é o <strong>de</strong> Píndaro (fr. 174 Snell), que atribui a construção do santuário <strong>de</strong> Árt<strong>em</strong>is<br />

<strong>em</strong> Éfeso às Amazonas que se dirigiam para Atenas. Também Ésquilo alu<strong>de</strong><br />

à invasão nas Euméni<strong>de</strong>s (685-690), quando a <strong>de</strong>usa Atena, no momento da<br />

instituição do tribunal do Areópago, recorda que outrora as Amazonas xaram<br />

o seu acampamento nessa mesma colina.<br />

99 es. 26. 1. Hégias <strong>de</strong> Trezena (que, segundo Jacoby, comm. ad. FGrHist 606 F 1, é um<br />

autor helenístico) tornou secundária a participação <strong>de</strong> Héracles, ao armar que este só conseguiu<br />

tomar T<strong>em</strong>iscira quando Antíope, apaixonada por Teseu (que também participava na expedição),<br />

franqueou ao herói <strong>ateniense</strong> o acesso à fortaleza. Cf. Paus. 1. 2.1.<br />

100 es. 26. 1-2. Embora <strong>Plutarco</strong> e os historiadores áticos <strong>de</strong>fendam esta versão, a tradição<br />

literária prefere, <strong>de</strong> um modo geral, a anterior, que faz <strong>de</strong> Teseu companheiro <strong>de</strong> Héracles nesta<br />

aventura. Test<strong>em</strong>unhos nesse sentido ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> E. Heracl. 215-2 (o mais antigo); Philoch.<br />

FGrHist 328 F 110; D. S. 4. 16. 4; Apollod. Epit. 1. 16.<br />

101 A propósito da controvérsia existente <strong>em</strong> torno da data <strong>de</strong> edicação do monumento,<br />

vi<strong>de</strong> Boardman (1982: 3). Leia-se, igualmente, Portela (2002: 80-81) para pormenores da<br />

análise <strong>de</strong>sta e <strong>de</strong> outras representações iconográcas, com os quais não nos <strong>de</strong>moramos visto<br />

que <strong>Plutarco</strong> não lhes faz qualquer alusão.<br />

102 Cf. Boardman (1982: 16 sqq).<br />

103 No Teseion estavam representadas diversas cenas da vida <strong>de</strong> do herói, nomeadamente a<br />

recuperação do anel <strong>de</strong> Minos, a Centauromaquia, a Amazonomaquia e talvez também o resgate<br />

<strong>de</strong> Teseu do Ha<strong>de</strong>s.<br />

104 Neste pórtico, era possível cont<strong>em</strong>plar-se, por ex<strong>em</strong>plo, as Amazonas na acrópole, os<br />

Persas e os Gregos <strong>em</strong> Maratona e a queda <strong>de</strong> Troia.<br />

105 Cf. Ar. Lys. 678 sqq.<br />

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