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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte I<br />

Ora, uma vez que Péricles representa o auge <strong>de</strong> Atenas (ou, s<strong>em</strong> exagerar, o apogeu<br />

da própria Héla<strong>de</strong>, pela magnicência que alcançou), pareceu-me interessante<br />

escolher biograas cujos protagonistas tivess<strong>em</strong> por berço a mesma . No<br />

entanto, agurou-se-me impossível tratar mais do que três Vidas que respon<strong>de</strong>ss<strong>em</strong><br />

a esse critério, sob pena <strong>de</strong> me <strong>de</strong>frontar com um volume <strong>de</strong> material incomportável<br />

<strong>em</strong> uma dissertação. Por isso, ao visualizar to<strong>dos</strong> os textos que correspondiam ao<br />

critério «vidas <strong>de</strong> Atenienses», optei por acrescentar ao corpus a Vida <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s,<br />

visto que este, além <strong>de</strong> ser um Alcmeónida como o lho <strong>de</strong> Xantipo 2 , estava para a<br />

<strong>de</strong>cadência da cida<strong>de</strong> como Péricles para o seu apogeu.<br />

Escolhidas que estavam as biograas <strong>de</strong> Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rei<br />

pertinente completar o estudo com a Vida <strong>de</strong> Teseu. A i<strong>de</strong>ia da integração <strong>de</strong>ste<br />

terceiro ex<strong>em</strong>plo surge do facto <strong>de</strong>, como a própria história antiga (Heródoto<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo) <strong>de</strong>monstra, haver a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo ou padrão i<strong>de</strong>al, que<br />

sirva como que <strong>de</strong> frontão à obra. Teseu, do seu plano mitológico, caracterizado<br />

já com el<strong>em</strong>entos que vieram a tipicar o «<strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> <strong>ateniense</strong>» no seu<br />

melhor, cumpria naturalmente esse papel.<br />

Denido o corpus, senti que era fundamental tratar à parte a Vida <strong>de</strong> Teseu, já<br />

que esta se encontra naquela fronteira ténue que separa o mito da história, como<br />

o próprio biógrafo arma 3 . Esta mesma razão levou-me a antece<strong>de</strong>r o capítulo<br />

<strong>de</strong>dicado à análise <strong>de</strong>sta biograa <strong>de</strong> dois outros, um consagrado à reexão<br />

sobre a diferença entre mito e história; outro sobre o tratamento literário dado<br />

a personagens que, como Teseu, estiveram envolvidas na fundação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<br />

ou dinastias. Quanto ao capítulo sobre Teseu propriamente dito, dividi-o,<br />

grosso modo, <strong>em</strong> quatro gran<strong>de</strong>s momentos 4 , compatíveis com a análise que<br />

queria fazer também das vidas <strong>dos</strong> Alcmeónidas, <strong>de</strong> modo a vericar se seria<br />

possível vislumbrar uma linha <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> no que respeita à orig<strong>em</strong>,<br />

formação e ativida<strong>de</strong> entre os três ex<strong>em</strong>plos seleciona<strong>dos</strong>. No que concerne<br />

às vidas <strong>de</strong> Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s, optei por cotejá-las <strong>em</strong> um mesmo capítulo,<br />

por razões diversas: o facto <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> personagens históricas, a pertença a uma<br />

mesma família e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r ver Alcibía<strong>de</strong>s como um sucessor<br />

<strong>de</strong> Péricles, não por ter o mesmo perl ou por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os mesmos objetivos,<br />

mas porque subiu ao po<strong>de</strong>r pouco <strong>de</strong>pois da morte do lho <strong>de</strong> Xantipo.<br />

Foi, portanto, <strong>de</strong>ste modo e com base nos pressupostos explicita<strong>dos</strong> que<br />

concebi um estudo cujos principais objetivos são especicar os traços <strong>de</strong> caráter<br />

que, <strong>de</strong> acordo com este corpus, <strong>de</strong>n<strong>em</strong> o bom político e vericar a inuência<br />

concreta <strong>de</strong>ssas qualida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos na ação política <strong>de</strong> cada um.<br />

2 O facto <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> parentes permite-nos reetir sobre aspetos como a inuência da genética<br />

e da educação na forma <strong>de</strong> agir do político.<br />

3 Vi<strong>de</strong> p. 32.<br />

4 Orig<strong>em</strong>, formação e reconhecimento; Aventuras (que <strong>de</strong>corre da especicida<strong>de</strong> da Vida <strong>de</strong> Teseu);<br />

Ação política e Fim <strong>de</strong> vida. No <strong>caso</strong> concreto da parte <strong>de</strong>dicada à vida <strong>dos</strong> Alcmeónidas, antepus-lhe<br />

algumas páginas on<strong>de</strong> se reete sobre o paradigma da educação do <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> no séc. V a.C.<br />

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