17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte III - A Vida <strong>de</strong> Teseu<br />

que Tucídi<strong>de</strong>s diz <strong>em</strong> 2. 41. 4:<br />

66<br />

<br />

<br />

“Com a nossa ousadia, tornámos todo o mar e toda a terra acessíveis.”<br />

Os feitos que o biógrafo invoca <strong>de</strong> seguida pren<strong>de</strong>m-se ao acesso <strong>de</strong> Teseu<br />

ao po<strong>de</strong>r, após o acolhimento <strong>em</strong> Atenas. Não nos po<strong>de</strong>mos esquecer <strong>de</strong> que,<br />

apesar <strong>de</strong> ter sido reconhecido por Egeu como lho legítimo, o jov<strong>em</strong> não<br />

conquistou <strong>de</strong> imediato a simpatia e a conança <strong>dos</strong> Atenienses.<br />

Os primeiros a revelar<strong>em</strong> a hostilida<strong>de</strong> que alimentavam contra o herói<br />

foram os seus primos, que haviam estado – até ao momento da sua chegada –<br />

convictos <strong>de</strong> que assumiriam o po<strong>de</strong>r por ocasião da morte do rei. No entanto,<br />

alertado a t<strong>em</strong>po pelo mensageiro do inimigo 71 , Teseu conseguiu <strong>de</strong>rrotar os<br />

cinquenta. É curioso notar que <strong>Plutarco</strong> se <strong>de</strong>marca da tradição relativa a este<br />

episódio 72 : ao contrário, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> Apolodoro (Epit. 1. 11) que o integra<br />

entre a morte <strong>de</strong> Egeu e o sinecismo, o Queroneu invoca-o logo a seguir ao<br />

reconhecimento. Além disso, não menciona n<strong>em</strong> o exílio 73 a que Teseu se<br />

submeteu para se puricar <strong>de</strong>sse crime, n<strong>em</strong> o julgamento <strong>de</strong> Delfínio 74 , que o<br />

absolveu. Tal esquecimento parece justicar-se pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não entrar<br />

<strong>em</strong> contradição 75 com o que arma <strong>em</strong> es. 24. 2, on<strong>de</strong> apresenta o sinecismo<br />

como um processo pacíco.<br />

No âmbito das peripécias vividas na Ática, a que se segue é a do Touro<br />

<strong>de</strong> Maratona 76 . Mais uma vez, o biógrafo prefere a versão 77 que melhor se<br />

71 Parece relevante o facto <strong>de</strong> este arauto se chamar ‘Povo’, o que sugere que o povo<br />

<strong>de</strong>sejava Teseu no po<strong>de</strong>r. Sobre os relaciona<strong>dos</strong> com este episódio, vi<strong>de</strong> infra p. 103, notas<br />

245 e 246.<br />

72 Embora a conheça, como facilmente se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Moralia 112D, 607A. Cf. E. Hipp.<br />

34 sqq.<br />

73 Test<strong>em</strong>unhado por E. Hipp. 35.<br />

74 Cf. Paus. 1. 28. 10.<br />

75 Segundo Larmour (1988: 369), uma das razões para a omissão po<strong>de</strong>rá ser o facto <strong>de</strong><br />

Rómulo nunca ter estado no exílio.<br />

76 Sobre o tratamento <strong>de</strong>ste t<strong>em</strong>a e do episódio do Minotauro na iconograa, vi<strong>de</strong> Taylor<br />

(1981: capítulo IV) e Brommer (1972: 27-64). Esta aventura é igualmente importante por dar<br />

azo a mais um , que explica o nome <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> <strong>de</strong>mos da Ática, Hécala, assim chamado<br />

<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> à velha sacerdotisa <strong>de</strong> Zeus Hecálio. É que, antes <strong>de</strong> enfrentar o touro, Teseu<br />

foi acolhido por ela, que o tratou como se fosse seu neto, isto é, à maneira das mulheres <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

com carícias e diminutivos. Além disso, Hécala pediu a Zeus proteção para o herói <strong>em</strong> troca<br />

<strong>de</strong> sacrifícios, promessa que, apesar da morte da sacerdotisa, Teseu cumpriu quando regressou<br />

vitorioso. Sobre os <strong>de</strong>mos <strong>ateniense</strong>s, leia-se Lewis (1963: 22-40).<br />

77 Cf. Apollod. Epit. 1. 5. A versão que apresenta este episódio como uma imposição <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>ia antes do reconhecimento é, segundo Sourvinou-Inwood (1979: 51), a mais recente e<br />

<strong>de</strong>ve ser uma consequência da propaganda associada às Guerras Médicas. De acordo com esta

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!