17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nota introdutória<br />

O triunfo da sobre o <br />

A escolha do autor e do corpus a trabalhar no âmbito <strong>de</strong>ste estudo não foi<br />

fortuita e pren<strong>de</strong>u-se sobretudo a quatro fatores: o apreço pela obra <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>; o<br />

facto <strong>de</strong> já me ter <strong>de</strong>bruçado sobre a Vida <strong>de</strong> Péricles anteriormente; a glória imortal<br />

<strong>de</strong> Atenas e a minha curiosida<strong>de</strong> pelo funcionamento da mente humana.<br />

V<strong>em</strong> <strong>de</strong> há muito o meu fascínio pela obra do Queroneu que, apesar <strong>de</strong><br />

ter perto <strong>de</strong> dois mil anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, continua a ser atual. Não é preciso gran<strong>de</strong><br />

esforço <strong>de</strong> concentração para nos <strong>de</strong>pararmos amiú<strong>de</strong> com reparos feitos por<br />

<strong>Plutarco</strong>, <strong>em</strong> relação aos quais pensamos: «Mas isso ainda hoje é assim!» ou<br />

«Como po<strong>de</strong> algo s<strong>em</strong>elhante ao que ainda hoje experimentamos ter também<br />

ocorrido há mais <strong>de</strong> dois mil anos?» O gran<strong>de</strong> mérito das Vidas Paralelas <strong>de</strong><br />

<strong>Plutarco</strong> consiste exatamente <strong>em</strong> dar a conhecer a essência do caráter humano<br />

– cujas virtu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos são tão int<strong>em</strong>porais quanto a própria humanida<strong>de</strong><br />

– e estimular a reexão sobre esse t<strong>em</strong>a, com recurso a episódios das vidas <strong>de</strong><br />

indivíduos (muitos <strong>dos</strong> quais por ocasião da redação das respetivas biograas<br />

já podiam ser consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> paradigmáticos) que alcançaram posições <strong>de</strong> topo<br />

nas suas comunida<strong>de</strong>s. É que o Queroneu <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que cabe a cada um <strong>de</strong> nós<br />

voltar os olhos para o passado, apren<strong>de</strong>r com o que outros antes <strong>de</strong> nós tiveram<br />

e zeram <strong>de</strong> bom e mau e <strong>em</strong>pregar os conhecimentos adquiri<strong>dos</strong> através da<br />

experiência alheia, <strong>de</strong> modo a tentarmos não incorrer nos mesmos erros.<br />

Embora a sugestão do nosso autor seja excelente, não se po<strong>de</strong> dizer que os homens<br />

a tenham seguido. Com efeito, torna-se difícil <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r como é que seres<br />

dota<strong>dos</strong> <strong>de</strong> inteligência insist<strong>em</strong> <strong>em</strong> cometer as mesmas faltas já protagonizadas pelos<br />

seus mais r<strong>em</strong>otos ascen<strong>de</strong>ntes. Não obstante, o biógrafo t<strong>em</strong> o mérito <strong>de</strong> ter sabido<br />

perscrutar a alma <strong>dos</strong> seus heróis, <strong>de</strong> ter avaliado a inuência das suas características<br />

sobre as ações que levaram a cabo, mas sobretudo <strong>de</strong> ter escapado à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

classicar algum <strong>de</strong>les como exclusivamente bom ou mau.<br />

Explicado <strong>em</strong> traços gerais o meu fascínio pelo autor, impõe-se agora<br />

justicar a opção pelas biograas <strong>de</strong> Teseu, Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s. Perante uma<br />

produção <strong>de</strong> cariz quase enciclopédico como é a <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>, coube-me limitar<br />

o corpus a tratar. Para essa <strong>de</strong>limitação contribuiu o facto <strong>de</strong> já anteriormente<br />

ter traduzido a Vida <strong>de</strong> Péricles. Pareceu-me, assim, incontornável rentabilizar<br />

esse trabalho prévio. E também a i<strong>de</strong>ia veiculada pelo biógrafo <strong>de</strong> que nos<br />

aperceb<strong>em</strong>os melhor das s<strong>em</strong>elhanças e diferenças da virtu<strong>de</strong>, colocando vidas<br />

ao lado <strong>de</strong> vidas, ações ao lado <strong>de</strong> ações, como gran<strong>de</strong>s trabalhos <strong>de</strong> arte 1 .<br />

1 Plu. Moralia 243B-C.<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!