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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Orig<strong>em</strong>, formação e reconhecimento<br />

1. Orig<strong>em</strong>, formação e reconhecimento<br />

No que respeita à tradição sobre a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> Teseu, importa ter presente<br />

que se coaduna com os normalmente associa<strong>dos</strong> ao nascimento <strong>de</strong> um<br />

herói 4 . Deparamo-nos, por isso, <strong>em</strong> um primeiro momento, com a proibição<br />

estabelecida e comunicada ao progenitor por um oráculo, pois Egeu 5 , que<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sucessivos casamentos ainda não tinha <strong>de</strong>scendência, vai a Delfos<br />

consultar a Pítia, que lhe dá a seguinte resposta:<br />

<br />

6<br />

“Não soltes do odre o pé pro<strong>em</strong>inente, ó gran<strong>de</strong> príncipe,<br />

Antes <strong>de</strong> regressares a Atenas.”<br />

Como a mensag<strong>em</strong> divina não lhe parece clara, Egeu opta por passar<br />

por Trezena no regresso a casa para assim po<strong>de</strong>r questionar Piteu 7 sobre o<br />

sentido daquelas palavras. E <strong>de</strong> novo se verica (à s<strong>em</strong>elhança do que vimos<br />

anteriormente a propósito do nascimento <strong>de</strong> Ciro ou Édipo) que, quanto<br />

4 Cf. capítulo 2.<br />

5 Egeu era bisneto <strong>de</strong> Erecteu (o lho <strong>de</strong> Pandíon e Zeuxipa), neto <strong>de</strong> Cécrope, lho <strong>de</strong><br />

Pandíon II e irmão <strong>de</strong> Palanteu (don<strong>de</strong> o seu receio <strong>de</strong> que os Palântidas pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> vir a atentar<br />

contra a vida do lho – cf. infra p. 53).<br />

6 es. 3. 5. O oráculo <strong>em</strong> causa é invocado, com ligeiras variantes textuais, por outros autores<br />

como E. Med. 679-681; Apollod. Bibl. 3. 15. 6. De um modo geral, e segundo E. Med. 679, o<br />

odre é entendido como símbolo da barriga e o pé, do pénis. No entanto, Flacelière (1948: 71),<br />

chama a atenção para o facto <strong>de</strong>, <strong>em</strong> alguns oráculos (como os cita<strong>dos</strong> por <strong>Plutarco</strong> <strong>em</strong> (es. 24.<br />

5-6), a palavra odre ser <strong>em</strong>pregue simbolicamente <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> Teseu ou <strong>de</strong> Atenas.<br />

7 Consta que este era um <strong>dos</strong> muitos lhos <strong>de</strong> Pélops e Hipodamia, irmão, <strong>de</strong> entre outros,<br />

<strong>de</strong> Tiestes e Atreu. Além <strong>de</strong> sábio e poeta, era um arguto intérprete <strong>de</strong> oráculos. Este motivo é<br />

aproveitado por Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia (663-688), on<strong>de</strong> Egeu revela à heroína o oráculo divino e<br />

a sua intenção <strong>de</strong> consultar Piteu, não só o mais sábio <strong>dos</strong> homens, mas também o companheiro<br />

<strong>de</strong> armas preferido <strong>de</strong> Egeu. Teseu, que fora criado pelo avô, conou-lhe, após o casamento<br />

com Fedra, a educação <strong>de</strong> Hipólito, fruto da sua relação com a Amazona Segundo Paus. 2.<br />

30. 8-9, Piteu foi também responsável pela união <strong>de</strong> duas cida<strong>de</strong>s – Hipereia e Anteia –, que<br />

caram conhecidas pelo nome <strong>de</strong> Trezena, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao seu irmão Trézen. Por isso,<br />

po<strong>de</strong>mos armar com Pérez Jiménez (2000: 234) que, no <strong>caso</strong> da Vida <strong>de</strong> Teseu, o (que,<br />

na obra <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>, costuma funcionar como um referente positivo e explicar a atuação do<br />

biografado) justica a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste herói para «fundar» Atenas. A hereditarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> «comportamentos políticos» é igualmente sugerida no logos <strong>de</strong> Ciro (Hdt. 1. 98). Vi<strong>de</strong><br />

supra p. 39.<br />

51

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