17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Do nascimento ao ingresso na vida ativa: a educação do político <strong>em</strong> Atenas<br />

Notas finais<br />

Finda a análise das biograas <strong>de</strong> Teseu e <strong>dos</strong> Alcmeónidas, parece-nos<br />

pertinente sist<strong>em</strong>atizar algumas i<strong>de</strong>ias que fomos abordando ao longo das<br />

páginas anteriores.<br />

Comec<strong>em</strong>os por tentar respon<strong>de</strong>r a uma das primeiras questões que nos<br />

colocámos no início do trabalho: até que ponto Teseu e a sua vida po<strong>de</strong>m<br />

funcionar como prenúncio do que viriam a ser os políticos da época clássica?<br />

A nosso ver, o lho <strong>de</strong> Egeu apresenta, <strong>de</strong> facto, traços <strong>de</strong> caráter – como<br />

a ousadia, os dotes retóricos, o <strong>de</strong>sapego pela vida ou o <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dorismo –<br />

que <strong>de</strong>n<strong>em</strong> a maneira <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Péricles e <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s, mas que, sobretudo,<br />

<strong>de</strong>n<strong>em</strong> a maneira <strong>de</strong> ser <strong>dos</strong> verda<strong>de</strong>iros <strong>ateniense</strong>s. De acordo com o nosso<br />

corpus, estamos perante uma inuência exercida pelo fundador sobre os<br />

concidadãos das gerações vindouras. No entanto, a história sugere que foi o<br />

caráter <strong>de</strong> Teseu que sofreu alterações <strong>em</strong> função da reformulação da tradição<br />

sobre esta gura, ocorrida sobretudo nos séculos IV e V a.C. Po<strong>de</strong>mos, por isso,<br />

concluir que, <strong>de</strong> facto, no contexto do nosso corpus, Teseu acaba por funcionar<br />

como uma espécie <strong>de</strong> base <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> valores, à qual os Atenienses vão buscar<br />

a maneira <strong>de</strong> ser que os caracteriza e que abordámos no capítulo intitulado<br />

«Atenas, o umbigo da Héla<strong>de</strong>».<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, importa recordar que, no âmbito do nosso estudo,<br />

Teseu e a sua vida acabam por funcionar como prenúncio preciso das vidas <strong>de</strong><br />

Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s. É que a fundação <strong>de</strong> uma nova Atenas com o sinecismo<br />

e os sonhos imperialistas que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, o lho <strong>de</strong> Egeu revela, simbolizam<br />

a glória que Atenas haveria <strong>de</strong> alcançar com Péricles. Do mesmo modo que<br />

o afastamento <strong>de</strong> Teseu do governo da cida<strong>de</strong>, substituído pelo <strong>de</strong>magogo<br />

Menesteu, pregura simultaneamente a situação <strong>de</strong> abandono <strong>em</strong> que Atenas<br />

cai após a morte <strong>de</strong> Péricles e aquela <strong>em</strong> que cai após os exílio e morte <strong>de</strong><br />

Alcibía<strong>de</strong>s.<br />

Por outro lado, quer Péricles quer Alcibía<strong>de</strong>s têm uma atuação que se<br />

revela her<strong>de</strong>ira da maneira <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Teseu, no que esta tinha <strong>de</strong> bom e <strong>de</strong> mau.<br />

No que respeita a Péricles, po<strong>de</strong>mos acrescentar que, segundo a perspetiva <strong>de</strong><br />

<strong>Plutarco</strong>, foi sobretudo inuenciado pelos traços positivos da personalida<strong>de</strong><br />

e da atuação do fundador, que, regra geral, até superou. Apenas a forma<br />

como envolveu Atenas na Guerra do Peloponeso po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma<br />

ascendência negativa, sobretudo se recordarmos o ponto <strong>de</strong> vista daqueles que<br />

culpavam Péricles por ter dado início ao conito por razões do foro pessoal,<br />

311

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!