17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3. Morte<br />

Morte<br />

Como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, <strong>Plutarco</strong> t<strong>em</strong> por hábito consagrar alguns<br />

capítulos das suas biograas ao tratamento do contexto <strong>em</strong> que <strong>de</strong>correu a<br />

morte do herói cuja vida está a tratar. De um modo geral, segue uma estrutura<br />

comum que cont<strong>em</strong>pla a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> como as circunstâncias da morte,<br />

as exéquias, o local <strong>de</strong> sepultura e a referência ao impacto do <strong>de</strong>saparecimento<br />

do protagonista na comunida<strong>de</strong> e ao <strong>de</strong>stino da família 463 . Curiosamente,<br />

nas Vidas que constitu<strong>em</strong> o corpus do nosso trabalho, o Queroneu foge a esse<br />

padrão, o que é sugestivo do caráter <strong>de</strong> exceção <strong>de</strong> Teseu e <strong>dos</strong> Alcmeónidas.<br />

No <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Péricles, esta parte (constituída pelos capítulos 38 e 39)<br />

não segue os mol<strong>de</strong>s gerais, porque <strong>Plutarco</strong> «se distraiu» com o elogio do<br />

estadista, com as reexões sobre a sua importância política e com o excurso<br />

sobre o cognome <strong>de</strong> Olímpico 464 . É essa a razão que leva o biógrafo a, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, esquecer-se <strong>de</strong> mencionar as indicações relativas à sua sepultura 465<br />

– que seguramente visitou mais do que uma vez 466 . Além disso, os seus lhos<br />

legítimos já haviam morrido (também eles vítimas da peste – Per. 36) e o<br />

<strong>de</strong>stino da companheira Aspásia e do lho ilegítimo <strong>de</strong> ambos já havia sido<br />

indicado (Per. 24, 32), logo nada havia a dizer sobre o <strong>de</strong>stino <strong>dos</strong> seus familiares<br />

mais próximos.<br />

Na Vida <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s, <strong>Plutarco</strong> omite igualmente os parâmetros <strong>em</strong> causa.<br />

Embora o biógrafo também não faça qualquer alusão à localização do túmulo<br />

<strong>de</strong>ste Alcmeónida, esta era conhecida, já que Ateneu (574e), que arma tê-lo<br />

visitado, o situa <strong>em</strong> uma al<strong>de</strong>ia chamada Melissa, na Frígia, on<strong>de</strong> aquele viveu os<br />

463 A estrutura <strong>de</strong>sta parte nal da biograa, b<strong>em</strong> como a organização <strong>dos</strong> textos das Vidas<br />

na generalida<strong>de</strong>, sugere a formação retórica <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>. Sobre este assunto, consulte-se, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, Pérez Jiménez (1996: 257): “Parece seguir <strong>Plutarco</strong>, en primer lugar, un esqu<strong>em</strong>a que<br />

combina los tópicos retóricos ja<strong>dos</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Isócrates y Jenofonte por la teoría <strong>de</strong>l encomio<br />

biográco, incardinado en las etapas cronológicas que marcan la evolución ético-política <strong>de</strong>l<br />

personaje biografado. De acuerdo con este esqu<strong>em</strong>a, las referencias al , padres, nacimiento,<br />

caracterización física y espiritual, formación e imitación, vocación pública, primeros hechos<br />

(que ej<strong>em</strong>plican esa vocación y coneren al personaje la popularidad que posibilita su papel<br />

histórico como rey, legislador, militar o polítco), la , la vejez, muerte, exequias y signicado<br />

póstumo <strong>de</strong>l biografado, pue<strong>de</strong>n entrar en el relato por <strong>de</strong>recho proprio.”<br />

464 Vi<strong>de</strong> supra p. 212 sqq.<br />

465 A referência às sepulturas é um topos comum às outras Vidas que escreveu, pelo que<br />

só assim se justica este esquecimento. Segundo Pausânias (1. 28. 2-3), cava próxima da<br />

Aca<strong>de</strong>mia, junto às <strong>de</strong> Trasibulo, Cábrias e Fócio (cf. Cic. Fin. 5. 5).<br />

466 Stadter (1989: 350).<br />

303

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!