17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

<strong>ateniense</strong>s, Trasibulo 436 e Terâmenes 437 . Além disso, para sobrevalorizar o<br />

mérito <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s 438 , <strong>Plutarco</strong> arma que este se <strong>de</strong>frontou <strong>em</strong> simultâneo<br />

com as tropas comandadas por Farnábazo e Hipócrates; Xenofonte (HG 1.<br />

3. 7), no entanto, arma que Farnábazo se vira obrigado a retirar-se para o<br />

Heracleion, porque os Atenienses haviam erigido um muro que o impediu<br />

<strong>de</strong> se juntar a Hipócrates. Mas foram diversas as situações <strong>em</strong> que <strong>Plutarco</strong><br />

omitiu comentários <strong>de</strong> outros autores que, <strong>de</strong> algum modo, <strong>de</strong>smereciam o<br />

valor <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s: disso são ex<strong>em</strong>plo a retirada b<strong>em</strong> sucedida <strong>de</strong> Hipócrates<br />

da Calcedónia (X. HG 1. 3. 6; D. S. 13. 66. 2), que o biógrafo não menciona <strong>em</strong><br />

Alc. 30. 1-2, ou a ausência <strong>de</strong> Clearco quando Alcibía<strong>de</strong>s tomou Bizâncio (X.<br />

HG 1. 3. 17; D. S. 13. 66. 6), a que não faz referência <strong>em</strong> Alc. 31. 3-6.<br />

Do mesmo modo que Péricles, ao regressar <strong>de</strong> Samos, profere uma oração<br />

fúnebre celebrizada por Tucídi<strong>de</strong>s 439 , também Alcibía<strong>de</strong>s sobe à tribuna (Alc. 33.<br />

2 440 ). No primeiro <strong>caso</strong>, talvez por causa da fama que o discurso do lho <strong>de</strong><br />

Xantipo alcançara, <strong>Plutarco</strong> apenas lhe faz uma breve referência e concentra-se<br />

na crítica que Elpinice lhe tece por ter escolhido um povo grego para seu<br />

inimigo 441 . No segundo, o biógrafo aborda o assunto com mais pormenor.<br />

Primeiro, apresenta-nos um Alcibía<strong>de</strong>s que chora <strong>de</strong> arrependimento pelas<br />

suas faltas. Não chegamos, contudo, a ser capazes <strong>de</strong> avaliar a sincerida<strong>de</strong> do<br />

gesto: as suas lágrimas seriam fruto do amadurecimento que sofreu durante<br />

o exílio ou apenas uma estratégia <strong>de</strong>magógica para provocar no povo uma<br />

consternação maior pela perseguição que lhe havia movido? Se o objetivo era<br />

esse, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que, <strong>de</strong> imediato, se esforçou por aliviar a tensão que<br />

po<strong>de</strong>ria aumentar <strong>em</strong> crescendo se insistisse <strong>em</strong> responsabilizar a turba pela sua<br />

má sorte. Por isso, o Alcmeónida atribui o seu infortúnio ao azar e à divinda<strong>de</strong><br />

ciumenta 442 , e incentiva o povo, ao qual preten<strong>de</strong> dar esperança, a acreditar que<br />

dias melhores virão. Este cuidado que o Alcmeónida manifesta <strong>em</strong> revigorar o<br />

ânimo <strong>dos</strong> concidadãos foi algo que também caracterizou o governo <strong>de</strong> Péricles,<br />

que s<strong>em</strong>pre tentou encorajar os Atenienses nos momentos mais difíceis (cf. supra<br />

p. 309). Parece-nos, no entanto, mais uma daquelas reações que o Alcibía<strong>de</strong>s do<br />

período que prece<strong>de</strong>u o exílio não teria tido, pelo menos com igual <strong>em</strong>penho.<br />

436 Foi responsável pela organização da revolta contra os oligarcas e pela promoção do<br />

regresso <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s. Em 410 a.C., participou com o Alcmeónida na batalha naval que opôs<br />

Atenienses e Lace<strong>de</strong>mónios <strong>em</strong> Míndaros.<br />

437 Tomou parte no golpe que ocorreu <strong>em</strong> Atenas <strong>em</strong> 411 a.C. e fez parte do Conselho <strong>dos</strong><br />

Quatrocentos. Enquanto general, assistiu à conquista <strong>de</strong> Bizâncio. Sobre a sua popularida<strong>de</strong>,<br />

vi<strong>de</strong> Ra 538-541.<br />

438 <strong>Plutarco</strong> também exagera o mérito <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s na batalha <strong>de</strong> Abido. Vi<strong>de</strong> supra p. 292,<br />

nota 402.<br />

439 uc. 2. 34.<br />

440 Do mesmo discurso nos dão test<strong>em</strong>unho X. HG. 1. 4. 20; D. S. 13. 69. 1 e Nep. Alc. 6. 4.<br />

441 Supra p. 185, nota 104.<br />

442 Sobre a intervenção da divinda<strong>de</strong> ou da Fortuna, vi<strong>de</strong> supra p. 285, nota 354.<br />

298

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!