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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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O <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s<br />

o <strong>caso</strong> muda <strong>de</strong> gura, muito provavelmente por causa da especicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

biograa 416 . Assim, o Queroneu alu<strong>de</strong> à <strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e admiração que unia os<br />

solda<strong>dos</strong> ao lho <strong>de</strong> Clínias (Alc. 19. 4) e também ao orgulho que sentiam<br />

por combater ao seu lado (Alc. 34. 7). Na sequência da batalha <strong>de</strong> Cízico,<br />

camos, como já diss<strong>em</strong>os, com a impressão <strong>de</strong> que se tornam orgulhosos por<br />

contágio: recusam-se a conviver com os solda<strong>dos</strong> que combatiam sob as or<strong>de</strong>ns<br />

<strong>de</strong> Trasilo, por se consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> invencíveis e superiores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sob o seu<br />

comando 417 . O mesmo sentimento inva<strong>de</strong> os seus solda<strong>dos</strong>, quando, <strong>de</strong> volta a<br />

Atenas, reestabelece a procissão <strong>de</strong> Elêusis 418 .<br />

Mas as intervenções militares <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s antes do regresso a<br />

Atenas ainda não tinham terminado. Logo a seguir à batalha <strong>de</strong> Cízico, os<br />

Calcedónios resolv<strong>em</strong> também eles <strong>de</strong>sertar. Alcibía<strong>de</strong>s avança contra a cida<strong>de</strong>,<br />

mas é surpreendido pelo golpe <strong>de</strong> mestre <strong>dos</strong> dissi<strong>de</strong>ntes que, por precaução,<br />

enviaram tudo o que corria o risco <strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> saque para a região <strong>de</strong> Bitínia,<br />

que era sua aliada. Os Atenienses sitiam, então, a Calcedónia e dirig<strong>em</strong>-se a<br />

Bitínia com um arauto. Intimida<strong>dos</strong> por aqueles, os habitantes locais entregam<br />

os bens que estavam na sua posse e celebram uma aliança com Alcibía<strong>de</strong>s 419 .<br />

Entretanto, Farnábazo e o harmosta Hipócrates 420 un<strong>em</strong> esforços para libertar<br />

a Calcedónia do cerco. O Alcmeónida põe o primeiro <strong>em</strong> fuga e torna-se<br />

responsável pela morte <strong>de</strong> muitos espartanos 421 , <strong>de</strong> entre os quais Hipócrates,<br />

o que nos permite dizer que também Alcibía<strong>de</strong>s, à s<strong>em</strong>elhança do que fora<br />

sugerido <strong>em</strong> relação a Péricles 422 , passa por uma fase <strong>de</strong> invencibilida<strong>de</strong> que,<br />

no seu <strong>caso</strong>, se prolonga até ao momento <strong>em</strong> que cona a armada a Antíoco.<br />

Resolvido o probl<strong>em</strong>a com os Calcedónios, Alcibía<strong>de</strong>s regressa ao<br />

Helesponto para arrecadar mais contributos e conquistar Selímbria 423 . Este<br />

episódio é signicativo, porque nos revela um Alcibía<strong>de</strong>s contraditoriamente<br />

igual a si mesmo. É certo que estamos habitua<strong>dos</strong> a um <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong><br />

416 Não traça propriamente um perl <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s, já que este t<strong>em</strong> uma personalida<strong>de</strong> difícil<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>nir, mas procura sugerir a opinião controversa e variável que o seu caráter <strong>de</strong>sperta nas<br />

pessoas.<br />

417 Cf. X. HG 1. 1. 15; D. S. 13. 66. 1. Trasilo e os seus homens haviam sofrido pouco antes<br />

uma pesada <strong>de</strong>rrota <strong>em</strong> Éfeso, na sequência da qual os Efésios erigiram um troféu que muito<br />

envergonhou os Atenienses (X. HG 1. 2. 7-10; D. S. 13. 64. 1 – segundo este último, o general<br />

<strong>em</strong> causa chama-se Trasibulo e não Trasilo). Note-se, contudo, que esta <strong>de</strong>savença entre os<br />

militares <strong>de</strong> Atenas viria a ser rapidamente superada: é que, pouco <strong>de</strong>pois, Alcibía<strong>de</strong>s e Trasilo<br />

juntos puseram <strong>em</strong> fuga Farnábazo, que os atacara na região <strong>de</strong> Abi<strong>dos</strong>. Nessa mesma noite, os<br />

solda<strong>dos</strong> reconciliaram-se (cf. X. HG 1. 2. 15-17).<br />

418 Sobre este assunto, vi<strong>de</strong> infra p. 217<br />

419 Cf. X. HG 1. 3. 2-3.<br />

420 Este era lho <strong>de</strong> Míndaro. Cf. D. S. 13. 66. 2.<br />

421 Cf. D. S. 13. 66. 2<br />

422 Supra p. 273.<br />

423 Sobre a conquista <strong>de</strong> Selímbria, X. HG 1. 3. 10; Hatzfeld (1940: 283-284). O relato <strong>de</strong><br />

<strong>Plutarco</strong> é mais pormenorizado do que os <strong>de</strong> Xenofonte e Diodoro Sículo.<br />

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