17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

vitória, Atenas assenhorou-se da frota inimiga presente <strong>em</strong> Cízico e da própria<br />

cida<strong>de</strong>, recuperou o domínio sobre o Helesponto, expulsou os Lace<strong>de</strong>mónios<br />

do resto do mar 413 e recuperou psicologicamente do <strong>de</strong>sastre da Sicília. Mas,<br />

mais do que isso, minou a autoconança e a crescente soberba <strong>de</strong> Esparta, a<br />

ponto <strong>de</strong> os sobreviventes ter<strong>em</strong> armado:<br />

294<br />

<br />

414 .<br />

“a frota está perdida; Míndaro morreu 415 ; os solda<strong>dos</strong> têm fome; não sab<strong>em</strong>os<br />

o que fazer.”<br />

De acordo com esta <strong>de</strong>scrição, Alcibía<strong>de</strong>s cumprira, ainda que não <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>nitivo, o seu intento e seguramente também o objetivo que Péricles visara<br />

com a sua estratégia.<br />

Com o <strong>de</strong>sespero lace<strong>de</strong>mónio contrasta a euforia e <strong>em</strong>páa <strong>dos</strong> solda<strong>dos</strong><br />

que combateram ao lado do Alcmeónida e que terão sido acometi<strong>dos</strong> do<br />

«mal <strong>de</strong> orgulho» que o caracterizava. Se nos referimos ao estado <strong>de</strong> espírito<br />

<strong>de</strong>stes homens é porque nos parece oportuno reetir sobre o tipo <strong>de</strong> relação<br />

que uniu cada um <strong>dos</strong> Alcmeónidas aos seus companheiros <strong>de</strong> armas. Já o<br />

z<strong>em</strong>os na perspetiva general/soldado, quando mencionámos o cuidado<br />

que Péricles (e Alcibía<strong>de</strong>s a seu modo) tinha <strong>de</strong> evitar que os seus homens<br />

corress<strong>em</strong> riscos <strong>de</strong>snecessários ou a preocupação com o seu treino militar e<br />

r<strong>em</strong>uneração condigna (Per. 11. 4). É chegado o momento <strong>de</strong> abordar a forma<br />

como os solda<strong>dos</strong> se relacionavam com os seus superiores hierárquicos. No que<br />

a Péricles diz respeito, <strong>Plutarco</strong> não dá qualquer informação especíca, fala<br />

apenas no reconhecimento geral da população. Mas, <strong>em</strong> relação a Alcibía<strong>de</strong>s,<br />

suas <strong>em</strong>barcações ancoradas no porto <strong>de</strong> Cízico, o que lhes permitiria procurar refúgio <strong>em</strong> terra<br />

mal se apercebess<strong>em</strong> da dimensão da presença do inimigo. Perspicaz, Alcibía<strong>de</strong>s or<strong>de</strong>na que<br />

os <strong>de</strong>mais estrategos permaneçam na retaguarda e avança, ele próprio, com quarenta navios<br />

para <strong>de</strong>saar o inimigo. Ora este, ao ver tão reduzido número <strong>de</strong> <strong>em</strong>barcações, agarra o isco do<br />

Alcmeónida, pois sobrevaloriza a sua superiorida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nha do adversário, comprovando<br />

a tese <strong>de</strong> que a conança <strong>em</strong> excesso po<strong>de</strong> causar gran<strong>de</strong>s males. A carnicina que se seguiu<br />

foi enorme, porque Alcibía<strong>de</strong>s apren<strong>de</strong>ra por experiência que não <strong>de</strong>via facilitar o acesso <strong>dos</strong><br />

Lace<strong>de</strong>mónios à terra durante um combate. Escorregadio por natureza, o Ateniense fura por<br />

entre a frota lace<strong>de</strong>mónia com vinte das suas melhores <strong>em</strong>barcações e impe<strong>de</strong> a fuga por terra<br />

do adversário. Cf. D. S. 13. 50. 1-4.<br />

413 Plu. Alc. 28. 9. Cf. X. HG 1. 1. 14-18, D. S. 13. 50 e Hatzfeld (1940: 271-274). Esta vitória,<br />

que ocorre <strong>em</strong> 410 a.C., foi <strong>de</strong>cisiva para o regresso <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s a Atenas.<br />

414 Alc. 28. 10. Esta informação <strong>de</strong> caráter telegráco, ou – se preferirmos – lacónico, foi<br />

recolhida <strong>de</strong> uma mensag<strong>em</strong> que os venci<strong>dos</strong> enviaram para Esparta <strong>em</strong> dialeto lacónico e que<br />

os Atenienses intercetaram. Cf. X. HG 1. 1. 23.<br />

415 Sobre a morte <strong>de</strong> Míndaro e a fuga <strong>de</strong> Farnábazo, vi<strong>de</strong> D. S. 13. 50. 5 - 51. 7; X. HG 1.<br />

1. 18.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!