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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

e eliminaram a oposição 390 . Este comportamento provocou a indignação <strong>dos</strong><br />

Sâmios que <strong>de</strong>cidiram socorrer os Atenienses e escolheram Alcibía<strong>de</strong>s para<br />

li<strong>de</strong>rar a expedição contra os tiranos.<br />

O Alcmeónida torna-se, então (<strong>de</strong> acordo com o retrato que <strong>Plutarco</strong> <strong>de</strong>le<br />

traça entre os capítulos 27 e 31), no único gran<strong>de</strong> responsável pela reversão<br />

da sorte <strong>de</strong> Atenas 391 . É neste contexto que nos <strong>de</strong>paramos com um novo<br />

Alcibía<strong>de</strong>s, que abandona o seu comportamento impulsivo <strong>de</strong> exilado errante<br />

e assume aquilo a que po<strong>de</strong>ríamos chamar a «postura <strong>de</strong> um Péricles» para<br />

prestar o seu primeiro gran<strong>de</strong> serviço à cida<strong>de</strong>. De facto, com o feitio que lhe<br />

conhec<strong>em</strong>os, seria <strong>de</strong> esperar que, recém-eleito estratego ao comando <strong>de</strong> uma<br />

frota e exército consi<strong>de</strong>ráveis, Alcibía<strong>de</strong>s tivesse cedido aos <strong>de</strong>sejos da multidão<br />

e reagido <strong>de</strong> forma mais instintiva 392 . No entanto, como arma <strong>Plutarco</strong>:<br />

290<br />

<br />

393 <br />

(Alc. 26. 4)<br />

“comportou-se como um gran<strong>de</strong> chefe, resistiu aos solda<strong>dos</strong> toma<strong>dos</strong> pela<br />

cólera, impediu-os <strong>de</strong> fazer uma asneira e salvou manifestamente, pelo menos<br />

nesta ocasião, os interesses da cida<strong>de</strong>.”<br />

A este «primeiro serviço», seguiu-se um segundo, que não foi visto com<br />

bons olhos, porque quer Espartanos quer Atenienses já não sabiam o que<br />

esperar <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s. Referimo-nos ao facto <strong>de</strong> este, cumprindo uma promessa<br />

feita aos Atenienses, ter impedido – através <strong>de</strong> Tissafernes – que os Fenícios<br />

se aliass<strong>em</strong> a Esparta. O Persa, no entanto, não permitiu que o Alcmeónida<br />

cumprisse a outra parte da promessa feita aos Atenienses: tornar os Fenícios<br />

seus alia<strong>dos</strong> 394 . Este acontecimento motivou uma forte crítica por parte <strong>de</strong><br />

Atenienses e Lace<strong>de</strong>mónios, que o acusaram <strong>de</strong> aconselhar o Bárbaro a <strong>de</strong>ixar<br />

que se <strong>de</strong>struíss<strong>em</strong> mutuamente. Ainda assim, a iniciativa do Alcmeónida foi<br />

louvável, pois aqueles a qu<strong>em</strong> as tropas se tivess<strong>em</strong> aliado teriam <strong>de</strong>struído os<br />

<strong>de</strong>mais.<br />

Apesar das críticas, que foram mais fruto da matreirice <strong>de</strong> Tissafernes<br />

do que <strong>de</strong> segundas intenções <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s, a sua vida estava para sofrer<br />

390 <strong>Plutarco</strong> fala <strong>em</strong> «não poucos» assassinatos (Alc. 26. 2) por oposição a uc. 8. 70. 2 («não<br />

muitos»).<br />

391 Cf. Lys. 3. 1, Moralia 349E. Esta posição exagerada <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong> é diversa da que Cornélio<br />

Nepos apresenta <strong>em</strong> Alc. 5. 6 e r. 1. 3. E é tanto mais exagerada quanto Alcibía<strong>de</strong>s, no fundo,<br />

v<strong>em</strong> salvar os Atenienses <strong>de</strong> um mal cujo instigador foi ele próprio.<br />

392 Sobre a preocupação que Alcibía<strong>de</strong>s revela para com os Atenienses e a neste<br />

contexto, vi<strong>de</strong> supra p. 268.<br />

393 É impossível ignorar o rasgo <strong>de</strong> ironia do biógrafo…<br />

394 Alc. 26. 7 segue <strong>de</strong> perto uc. 8. 88.

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