17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Péricles e Alcibía<strong>de</strong>s<br />

29. 1), e hostilizou os Megarenses, através do famoso «<strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Mégara»,<br />

que os impedia <strong>de</strong> estabelecer relações comerciais nas regiões controladas por<br />

Atenas (Per. 29. 4).<br />

A intervenção no conito que opunha Corcira a Corinto permitiu-lhe<br />

satisfazer intuitos diversos: por um lado, enfurecer os Coríntios 305 e,<br />

indiretamente, os Espartanos; por outro, garantir que, quando a guerra<br />

eclodisse, teria o apoio <strong>de</strong> Corcira, senhora <strong>de</strong> um consi<strong>de</strong>rável po<strong>de</strong>r naval;<br />

por m, <strong>de</strong>sacreditar os lhos <strong>de</strong> Címon, algo que, <strong>de</strong> acordo com <strong>Plutarco</strong>,<br />

parecia ser o único «passat<strong>em</strong>po maquiavélico», a única ação excessiva do<br />

estadista 306 . Mas aquela que é consi<strong>de</strong>rada a principal motivação da maior<br />

guerra a opor os Helenos entre si (segundo uc. 1. 1) foi verda<strong>de</strong>iramente<br />

o conito com Mégara. De facto, os Lace<strong>de</strong>mónios mostraram-se iguais a<br />

si mesmos 307 e, na pessoa do rei Arquidamo 308 , tudo zeram para resolver as<br />

queixas s<strong>em</strong> danos maiores: enviaram <strong>em</strong>baixadas a Atenas e conseguiram<br />

encontrar uma base <strong>de</strong> negociação para evitar o confronto – bastava que os<br />

Atenienses revogass<strong>em</strong> o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Mégara e se reconciliass<strong>em</strong> com os seus<br />

cidadãos 309 . Péricles, no entanto, mostrou-se tão irredutível 310 e obstinado<br />

que foi acusado <strong>de</strong> ser o único responsável pela contenda (Per. 29. 8, 30. 1,<br />

31. 1) 311 .<br />

A sua posição originou um aceso <strong>de</strong>bate sobre qual seria a causa <strong>de</strong><br />

tamanha teimosia, s<strong>em</strong> que se tenha chegado a consenso (Per. 31. 1). Partindo<br />

<strong>de</strong> diversas fontes e perspetivas, <strong>Plutarco</strong> constrói a sua opinião. Para ele é óbvio<br />

apresenta-o como uma das causas da Guerra do Peloponeso.<br />

305 Sobre as acusações <strong>em</strong> causa, feitas <strong>em</strong> Esparta durante uma reunião que <strong>de</strong>correu <strong>em</strong><br />

432 a.C. (uc. 1. 67), as fontes nada nos diz<strong>em</strong> <strong>de</strong> concreto. De acordo com Tucídi<strong>de</strong>s, os<br />

principais instigadores da guerra foram precisamente os Megarenses e os Eginetas (uc. 1. 67.<br />

2), mas refere-os por or<strong>de</strong>m diferente da <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>, o que realça a importância que o biógrafo<br />

dá ao <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Mégara (cf. 30. 2-4) como causa do conito.<br />

306 Per. 29. 1-2. Como já vimos, a família <strong>de</strong> Címon era conhecida pelo seu lolaconismo.<br />

No t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que este era seu rival, Péricles votou-lhe uma acesa perseguição por causa da<br />

relação que mantinha com Esparta. Depois que aquele morreu, concentrou-se nos seus lhos.<br />

Este Alcmeónida não tinha por hábito atacar tão ferozmente os seus rivais <strong>ateniense</strong>s, pelo<br />

que somos leva<strong>dos</strong> a crer que esta sua obsessão pela família <strong>de</strong> Címon se pren<strong>de</strong> exatamente<br />

ao apreço que esta nutria pelos Lace<strong>de</strong>mónios, a ponto <strong>de</strong> Címon ter dado aos lhos nomes<br />

como Lace<strong>de</strong>mónio, Téssalo e Eleio. Sobre a intervenção a favor <strong>de</strong> Corcira, Lewis (1992:<br />

177-184).<br />

307 Sobre o perl menos ativo <strong>dos</strong> Lace<strong>de</strong>mónios por oposição aos Atenienses, vi<strong>de</strong> supra<br />

p. 119.<br />

308 Para mais informações acerca <strong>de</strong> Arquidamo, vi<strong>de</strong> supra p. 257, nota 216.<br />

309 uc. 1. 139. 1. Diodoro Sículo (12. 39) arma que essa era a condição imposta pelos<br />

Lace<strong>de</strong>mónios.<br />

310 Em Per. 30. 1, o biógrafo ilustra a irredutibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Péricles com um episódio <strong>de</strong> cariz<br />

anedótico: Péricles escusou-se a revogar o <strong>de</strong>creto, alegando que não era legalmente possível<br />

<strong>de</strong>struir a tábua on<strong>de</strong> aquele fora gravado. Perante tal alegação, o <strong>em</strong>baixador lace<strong>de</strong>mónio,<br />

Polialces, instou-o a virá-la ao contrário. Mas n<strong>em</strong> assim conseguiu convencê-lo…<br />

311 Sobre o papel <strong>de</strong> Péricles enquanto instigador da guerra, vi<strong>de</strong> Lewis (1992:186-192).<br />

277

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!