17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

vez com o comportamento <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s. Também ele teve lhos, pelo menos<br />

três: um <strong>de</strong> uma prisioneira <strong>de</strong> guerra 170 (Alc. 16. 5), outro <strong>de</strong> Timaia, a mulher<br />

do rei Ágis 171 , que tivera <strong>de</strong> se ausentar (Alc. 23. 7-9), e um da própria esposa<br />

Hipáreta (provavelmente aquele que lhe imitava os gestos – cf. Alc. 1. 8). Mas<br />

<strong>Plutarco</strong> <strong>em</strong> nenhum momento sugere que lhes <strong>de</strong>dicasse particular atenção.<br />

Antes pelo contrário, revela-nos um Alcibía<strong>de</strong>s que vê na prole um meio para<br />

atingir os ns a que se propunha: <strong>em</strong> Alc. 23. 8, <strong>Plutarco</strong> conta que Alcibía<strong>de</strong>s<br />

armava que o seu objetivo com o lho <strong>de</strong> Timaia não havia sido n<strong>em</strong> saciar<br />

um <strong>de</strong>sejo carnal, n<strong>em</strong> afrontar o rei, mas tão só gerar o her<strong>de</strong>iro da coroa da<br />

Lace<strong>de</strong>mónia 172 . Já <strong>em</strong> Alc. 8. 3-4, somos coloca<strong>dos</strong> perante um jov<strong>em</strong> pai que,<br />

mal a criança nasce, se apressa a ir buscar junto do sogro <strong>de</strong>z talentos como<br />

pagamento da sua fertilida<strong>de</strong> 173 .<br />

Como já vimos, Hermipo acusa Aspásia <strong>de</strong> favorecer encontros entre o «seu»<br />

Péricles e outras mulheres 174 . No entanto, somos leva<strong>dos</strong> a encarar essa hipótese<br />

como inverosímil, por duas razões <strong>de</strong> monta. A primeira é a caracterização que o<br />

biógrafo faz da relação entre ambos (Per. 24. 8-9), que sugere uma cumplicida<strong>de</strong><br />

e comunhão tão gran<strong>de</strong>s que não se coadunam com traições engendradas pelos<br />

dois. A outra é o facto <strong>de</strong>, <strong>em</strong> Per. 13. 15, através <strong>de</strong> um fragmento anónimo cujo<br />

conteúdo é atribuído a vários cómicos (a<strong>de</strong>sp. 702 K.-A), <strong>Plutarco</strong> apresentar um<br />

outro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>sses ataques: Péricles é acusado <strong>de</strong> receber favores f<strong>em</strong>ininos,<br />

nomeadamente da mulher <strong>de</strong> um seu companheiro – Menipo – e <strong>de</strong> várias<br />

outras, com o auxílio <strong>de</strong> outro amigo chamado Pirilampes:<br />

246<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

“os cómicos <strong>de</strong>itaram mão à história e espalhavam muita s<strong>em</strong>-vergonhice a seu<br />

respeito, com insinuações contra a mulher <strong>de</strong> Menipo, seu amigo e subalterno,<br />

inadiável, também fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar que o lho fosse alistado.<br />

170 Cf. supra p. 232, nota 107.<br />

171 <strong>Plutarco</strong> também consagrou uma biograa a este estadista, rei <strong>de</strong> Esparta entre ca. 427 –<br />

400 a.C., on<strong>de</strong> é possível saber mais a seu respeito.<br />

172 Segundo Ath. 535b-c, Alcibía<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se da acusação <strong>de</strong> adultério com toda a<br />

<strong>de</strong>sfaçatez, atribuindo ao seu relacionamento com a mulher <strong>de</strong> Ágis a intenção <strong>de</strong> auxiliar<br />

Esparta: a linhag<strong>em</strong> que <strong>de</strong>le nascesse melhoraria a que <strong>de</strong>scen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Héracles. Mas os planos <strong>de</strong><br />

Alcibía<strong>de</strong>s sa<strong>em</strong> <strong>de</strong> novo gora<strong>dos</strong>, como quase tudo na sua vida… Ao aperceber-se da traição,<br />

o rei renegou o lho <strong>de</strong> Timaia, impedindo assim o seu acesso ao trono. Sobre os amores <strong>de</strong><br />

Alcibía<strong>de</strong>s e Timaia e a reação <strong>de</strong> Ágis, vi<strong>de</strong> Plu. Lys. 22. 6-8, Agis. 3.8-9, Moralia 467F; Ath.<br />

574d; X. HG 3. 3. 2-3; Paus. 3. 8. 9.<br />

173 Sobre este assunto, vi<strong>de</strong> Isoc. 16. 31 e [And.] 13, que apresenta uma versão ainda mais<br />

indigna <strong>de</strong> alguém com o potencial <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s.<br />

174 Cf. supra p. 241.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!