17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Parte I<br />

vida <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>: não nos po<strong>de</strong>mos esquecer <strong>de</strong> que era um m<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> valor<br />

reconhecido na socieda<strong>de</strong> greco-romana (era, inclusive, cidadão <strong>de</strong> Roma e <strong>de</strong><br />

Atenas), que beneciava ainda do lelenismo que então grassava na capital do<br />

Império. Por isso podia comparar os dois povos s<strong>em</strong> ferir suscetibilida<strong>de</strong>s, já<br />

que era legítimo manifestar a sua admiração por ambas as pátrias, s<strong>em</strong> ter que<br />

negar nenhuma <strong>de</strong>las. A sua obra torna-se <strong>de</strong>ste modo agente <strong>de</strong> fomento da<br />

relação entre os dois povos e da (auto)estima pelos Graeculi (diminutivo <strong>de</strong><br />

conotações negativas), que ao ser<strong>em</strong> compara<strong>dos</strong> com os Romanos, se não os<br />

superavam, pelo menos não lhes cavam atrás 38 ... Por m, penso que também<br />

po<strong>de</strong>mos realçar o seu intuito <strong>de</strong> mostrar como constituições tão diversas e<br />

povos com t<strong>em</strong>peramentos tão diferentes po<strong>de</strong>m ambos dar orig<strong>em</strong> a homens<br />

<strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, dignos <strong>de</strong> imitação. Basta pensarmos no <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Péricles e Fábio<br />

Máximo: <strong>em</strong>bora o primeiro seja grego e o segundo latino e mais novo (com<br />

uma diferença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois séculos) e as circunstâncias das suas vidas<br />

obviamente sejam também diferentes, possu<strong>em</strong> muitas virtu<strong>de</strong>s s<strong>em</strong>elhantes,<br />

que, logo no proémio da Vida <strong>de</strong> Péricles 39 , o Queroneu indica. Essa «inclusão»<br />

só é passível <strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong><br />

personalida<strong>de</strong> que foram xa<strong>dos</strong> sobretudo com os peripatéticos 40 , segundo os<br />

quais a um tipo especíco correspon<strong>de</strong>riam ações e maneiras <strong>de</strong> ser próprias<br />

e facilmente <strong>de</strong>dutíveis <strong>de</strong>pois da sua i<strong>de</strong>nticação. No entanto, a <strong>de</strong>scrição<br />

feita nas Vidas <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong> conjuga esse método indutivo, inuenciado pelos<br />

peripatéticos, segundo o qual o caráter permite compreen<strong>de</strong>r e até antever as<br />

ações, com o <strong>de</strong>dutivo, <strong>de</strong> acordo com o qual só chegamos ao caráter pela<br />

observação <strong>dos</strong> feitos.<br />

Na sequência do que foi brev<strong>em</strong>ente explanado nas páginas anteriores,<br />

é fácil constatarmos que a história daquele t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong>bora seja o gérmen da<br />

atual, era entendida <strong>de</strong> forma bastante diversa. Segundo Luce (1997: 4), a<br />

historiograa clássica não era<br />

26<br />

«an account of abiding conditions and institutions, whether military, religious<br />

or political; not an analysis of social classes, economic factors or cultural<br />

achiev<strong>em</strong>ents. Such topics did appear in histories, to be sure, but in the form<br />

of prefaces and digressions, often brief. e overall framework was narrative of<br />

events, without which those other subjects, which most people today consi<strong>de</strong>r<br />

central to historical writing, could nd no place. When an author wished to<br />

write an exten<strong>de</strong>d account of topics like the constitutions of states or military<br />

tactics he sometimes composed a separate long monograph rather than making<br />

it a subordinate part of a larger history».<br />

38 Sobre este assunto, vi<strong>de</strong> Russell (1966: 140-141).<br />

39 Esta breve exposição das s<strong>em</strong>elhanças funciona como justicação da opção por aquele par<br />

e não por outro.<br />

40 Invoqu<strong>em</strong>os o ex<strong>em</strong>plo <strong>dos</strong> Caracteres <strong>de</strong> Teofrasto.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!