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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte I<br />

versões <strong>em</strong> segunda. Por isso po<strong>de</strong>mos armar, com base nas suas próprias<br />

palavras, que o método por ele usado combina a observação (),<br />

a indagação () e o juízo/opinião () <strong>em</strong> que baseava a seleção <strong>dos</strong><br />

da<strong>dos</strong> e a relação que estabelecia entre eles ():<br />

20<br />

<br />

<br />

(Hdt. 2. 99)<br />

“Tudo o que disse até aqui é fruto do que observei e investiguei e da minha<br />

opinião. A partir <strong>de</strong> agora vou narrar as crónicas egípcias, segundo o que ouvi e<br />

acrescentando alguns pormenores que eu próprio constatei 22 .”<br />

Defendia, portanto, que, havendo mais do que uma variante sobre o mesmo<br />

acontecimento, todas as partes <strong>de</strong>veriam ser ouvidas, e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />

todas as versões <strong>de</strong>veriam ser apresentadas ao leitor/ouvinte 23 . No entanto,<br />

reservava-se o direito <strong>de</strong> não acreditar <strong>em</strong> tudo o que transmitia; fazia-o apenas<br />

por «obrigação cientíca»:<br />

<br />

(Hdt. 7. 152. 3)<br />

“Sou obrigado a contar relatos <strong>em</strong> que não <strong>de</strong>vo acreditar; e esta advertência é<br />

válida para toda a minha narração.”<br />

É possível ex<strong>em</strong>plicar um <strong>de</strong>sses momentos <strong>de</strong> referência a vários pontos<br />

<strong>de</strong> vista sobre um mesmo probl<strong>em</strong>a, recordando Hdt. 1. 5-6, no qual o autor<br />

reete sobre a causa da inimiza<strong>de</strong> entre Oci<strong>de</strong>nte e Oriente. Havia versões<br />

diferentes, do lado grego e do lado <strong>dos</strong> Persas e Fenícios; Heródoto não<br />

toma partido, mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma terceira versão que t<strong>em</strong> por verda<strong>de</strong>ira – tal<br />

hostilida<strong>de</strong> cou a <strong>de</strong>ver-se ao ataque <strong>de</strong> Creso contra os Helenos.<br />

Apesar <strong>de</strong> se assumir como historiador ao longo <strong>de</strong> toda a obra, é no<br />

segundo capítulo das suas Histórias que, <strong>de</strong> acordo com Hunter (1982: 92),<br />

isso é mais evi<strong>de</strong>nte:<br />

«It reveals the historian at work, choosing his material in the light of a thesis<br />

and reasoning to <strong>de</strong>fend that thesis by appealing to a source that he believed to<br />

be reliable. In justifying his assertions, he ma<strong>de</strong> clear what he consi<strong>de</strong>red truth<br />

and certainty, what opinion and belief.»<br />

22 Tradução <strong>de</strong> Ribeiro Ferreira – Silva (1994).<br />

23 Já Hecateu, que preferia a coerência da narração, optava por selecionar e criticar a mais<br />

provável das diferentes versões.

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