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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

«herda» e com ele aperfeiçoa a maioria – senão a totalida<strong>de</strong> – das suas virtu<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a elevação e nobreza <strong>de</strong> sentimentos, à gran<strong>de</strong>za da alma (), à<br />

majesta<strong>de</strong> () e à dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduta () (Per. 4. 6):<br />

180<br />

<br />

<br />

<br />

“mas qu<strong>em</strong> mais se relacionou com Péricles e lhe incutiu sobretudo uma<br />

majesta<strong>de</strong> e uma gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> alma capaz <strong>de</strong> suplantar qualquer <strong>de</strong>magogia,<br />

<strong>em</strong> uma palavra, qu<strong>em</strong> lhe inspirou a corag<strong>em</strong> e a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caráter foi<br />

Anaxágoras <strong>de</strong> Clazómenas,...”<br />

Essas qualida<strong>de</strong>s morais que Péricles <strong>de</strong>senvolveu com Anaxágoras<br />

manifestam-se exteriormente no discurso do estadista e na própria postura. Na<br />

verda<strong>de</strong>, um bom orador <strong>de</strong>veria possuir qualida<strong>de</strong>s a vários níveis: interiores<br />

– como a inteligência e o caráter – e externas, como a pose, a teatralida<strong>de</strong> e o<br />

tom <strong>de</strong> voz. Possuí-las na justa medida era atingir a perfeição, da qual Péricles<br />

é mo<strong>de</strong>lo 88 (Per. 5. 1):<br />

<br />

<br />

89 <br />

<br />

<br />

“Péricles não apenas possuía, ao que parece, distinção <strong>de</strong> espírito; tinha também<br />

um discurso elevado e isento <strong>de</strong> vulgarida<strong>de</strong>s populares e <strong>de</strong> mau tom; um rosto<br />

austero que não se abria <strong>em</strong> um sorriso; tranquilida<strong>de</strong> no andar e modéstia no<br />

vestir, que nunca se alteravam com a <strong>em</strong>oção <strong>dos</strong> discursos; a modulação da voz<br />

imperturbável; e outras tantas qualida<strong>de</strong>s que causavam a to<strong>dos</strong> admiração.”<br />

Neste último capítulo da parte do relato biográco <strong>de</strong>dicada à fase<br />

anterior ao ingresso na vida pública ativa, como b<strong>em</strong> po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r pela<br />

transcrição feita, o biógrafo salienta algumas características do discurso 90 <strong>de</strong><br />

com um <strong>de</strong>terminado mestre ou escola losóca, o que torna o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Péricles paradigmático.<br />

To<strong>dos</strong> os seus educadores parec<strong>em</strong> ten<strong>de</strong>r para orientá-lo numa mesma direção, ou seja, um<br />

estilo político especíco.<br />

88 Nesta avaliação entra a própria formação retórica <strong>de</strong> <strong>Plutarco</strong>, que conhece manifestamente<br />

as regras da prossão <strong>de</strong> orador. Sobre as características do bom orador, leia-se, e. g., Russell<br />

(1983: cap. V).<br />

89 po<strong>de</strong> referir-se ao domínio do físico, à paciência ou ao autocontrolo.<br />

90 Quanto à eloquência, convém l<strong>em</strong>brar que será um ponto novamente abordado pelo<br />

biógrafo alguns capítulos mais adiante. De facto, uma das principais marcas do estilo biográco

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