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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Parte I<br />

a narração. Embora Tucídi<strong>de</strong>s tenha sido mais comedido no <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>ssas<br />

técnicas, preferindo sobretudo os discursos, <strong>em</strong> Heródoto abundam digressões,<br />

o recurso à ring-composition (que lhe valeu duras críticas, pois narrativas<br />

anacrónicas não são consi<strong>de</strong>radas muito áveis pelos leitores) e às fórmulas à<br />

maneira homérica, que lhe permitiam organizar e repartir a narrativa.<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda referir que, do mesmo modo que os Po<strong>em</strong>as Homéricos<br />

<strong>de</strong>ixam transparecer como viviam os Gregos <strong>de</strong> outrora, Heródoto também<br />

nos permite observar o modus vivendi <strong>dos</strong> Gregos e <strong>dos</strong> Persas do século<br />

VI e V a.C., b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> outros povos que vai tratando: Egípcios, Citas,<br />

Etíopes...<br />

Por tudo o que já foi dito relativamente aos el<strong>em</strong>entos que conuíram<br />

dando orig<strong>em</strong>, no século V a. C., com Heródoto (consi<strong>de</strong>rado por Cícero 17 o pai<br />

da história – pater historiae), à , e se pensarmos no que hoje enten<strong>de</strong>mos<br />

por história, facilmente vericamos que, <strong>em</strong>bora aquela esteja na orig<strong>em</strong> do<br />

conceito mo<strong>de</strong>rno, apresenta-se como uma realida<strong>de</strong> bastante diferente, quiçá<br />

mesmo nada cientíca.<br />

Importa, pois, <strong>de</strong> seguida, vericar o que Heródoto <strong>de</strong> Halicarnasso<br />

entendia por (já que as gerações futuras ou refutaram as suas conceções<br />

– <strong>caso</strong> <strong>de</strong> Tucídi<strong>de</strong>s, por ex<strong>em</strong>plo – ou voltaram a <strong>de</strong>fendê-las) e comparar esse<br />

entendimento com o atual.<br />

Logo no início do Livro I das suas Histórias, Heródoto apresenta-nos os<br />

seus objetivos com a redação <strong>de</strong>sta obra:<br />

18<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

“Esta é a exposição das investigações <strong>de</strong> Heródoto <strong>de</strong> Halicarnasso, para que os feitos<br />

<strong>dos</strong> homens não se <strong>de</strong>svaneçam com o t<strong>em</strong>po, n<strong>em</strong> qu<strong>em</strong> s<strong>em</strong> renome as gran<strong>de</strong>s e<br />

maravilhosas <strong>em</strong>presas, realizadas quer pelos Helenos quer pelos Bárbaros e sobretudo<br />

a razão por que entraram <strong>em</strong> guerra uns com os outros 18 .”<br />

Tal como havíamos mencionado, a principal intenção da era<br />

conservar <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> feitos para m<strong>em</strong>ória futura. Mas Heródoto acrescenta<br />

ainda a importância <strong>de</strong> que aqueles foss<strong>em</strong> explica<strong>dos</strong> – só assim as gerações<br />

vindouras po<strong>de</strong>riam ter uma perceção mais profunda do sucedido.<br />

17 Leg. 1. 1.5: Marcus: Quippe cum in illa ad ueritat<strong>em</strong>, Quinte, referantur, in hoc ad<br />

<strong>de</strong>lectation<strong>em</strong> pleraque; quamquam et apud Herodotum patr<strong>em</strong> historiae et apud eopompum sunt<br />

innumerabiles fabulae. Assim é, Quinto, porque uma [a história] r<strong>em</strong>ete para a verda<strong>de</strong>, a outra<br />

[a poesia] geralmente para o prazer, ainda que <strong>em</strong> Heródoto, o pai da história, e <strong>em</strong> Teopompo<br />

haja inúmeros relatos fabulosos.<br />

18 Tradução <strong>de</strong> Ribeiro Ferreira - Silva (1994).

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