17.04.2013 Views

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Parte V - O <strong>hom<strong>em</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do século V<br />

por ex<strong>em</strong>plo, Moralia 497E, 561D-563A – acreditava que a hereditarieda<strong>de</strong><br />

física e moral são uma realida<strong>de</strong> incontornável e inquestionável: mesmo que<br />

os traços comuns (tendência para doenças, s<strong>em</strong>elhanças físicas, propensão para<br />

vícios e virtu<strong>de</strong>s) não se revel<strong>em</strong> <strong>de</strong> imediato na geração seguinte e pareçam<br />

«adormeci<strong>dos</strong>» 16 , mais cedo ou mais tar<strong>de</strong> acabam por se manifestar.<br />

A estes el<strong>em</strong>entos segue-se (e aqui apenas nos referimos à estrutura<br />

comum; a especíca <strong>de</strong> cada uma das vidas será abordada a seu t<strong>em</strong>po) uma<br />

rápida caracterização <strong>dos</strong> protagonistas, centrada sobretudo <strong>em</strong> aspetos físicos.<br />

Da comparação que po<strong>de</strong>mos estabelecer entre o que nos é dito a respeito <strong>de</strong><br />

Péricles (Per. 3. 3),<br />

162<br />

<br />

<br />

“<strong>de</strong> aspeto físico <strong>em</strong> tudo o mais irrepreensível, mas <strong>de</strong> cabeça alongada e<br />

<strong>de</strong>sproporcionada 17 ,”<br />

e <strong>de</strong> Alcibía<strong>de</strong>s (Alc. 1. 4),<br />

<br />

<br />

<br />

“quanto à beleza física, nada há a dizer, senão que <strong>de</strong>sabrochou e conservou o<br />

seu brilho <strong>em</strong> todas as fases da sua vida: criança, adolescente, <strong>hom<strong>em</strong></strong> feito, teve<br />

s<strong>em</strong>pre um aspeto gracioso e encantador,”<br />

concluímos que Péricles nos é apresentado como uma pessoa vulgar (à exceção<br />

da cabeça) e que Alcibía<strong>de</strong>s é exaltado pela beleza singular que possuía e mesmo<br />

por uma pequena mácula da natureza, um <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> pronúncia (ceceio) que,<br />

ainda assim, lhe confere uma certa graça e amplia a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> persuasão.<br />

Uma avaliação nestes mol<strong>de</strong>s é tipicamente grega, pois segue o conhecido<br />

critério do 18 , segundo o qual importava que to<strong>dos</strong> foss<strong>em</strong> belos<br />

– <strong>em</strong> termos físicos – e bons – <strong>em</strong> termos morais.<br />

16 As s<strong>em</strong>elhanças cam esbatidas por força da socialização (o contacto com costumes,<br />

critérios e leis permite escon<strong>de</strong>r o mal e imitar o bom) até ao momento <strong>em</strong> que a conjuntura traz<br />

ao <strong>de</strong> cima as características que já nasceram com <strong>de</strong>terminado indivíduo, como por ex<strong>em</strong>plo a<br />

tendência para o roubo ou para a tirania. Cf. Moralia 562B.<br />

17 Daí que, segundo Per. 3. 4, os comediógrafos áticos lhe chamass<strong>em</strong> ‘cabeça <strong>de</strong> cebola’<br />

(esquinocéfalo). Os outros test<strong>em</strong>unhos <strong>de</strong> comediógrafos a este respeito serão explora<strong>dos</strong> mais<br />

à frente, vi<strong>de</strong> infra p. 164 sq.<br />

18 Sobre este conceito, vi<strong>de</strong> supra p. 139, nota 17. Segundo Platão (R. 494c), a beleza era um<br />

<strong>dos</strong> indicadores <strong>de</strong> uma potencial natureza losóca e, portanto, <strong>de</strong> um potencial lósofo-rei.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!