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O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcméonidas

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Do nascimento ao ingresso na vida ativa: a educação do político <strong>em</strong> Atenas<br />

possa custear a educação do lho:<br />

<br />

<br />

<br />

“Eu <strong>de</strong>sejaria muito que a educação fosse para to<strong>dos</strong> igualmente proveitosa.<br />

(...) Com efeito, até os pobres <strong>de</strong>v<strong>em</strong> tentar por to<strong>dos</strong> os meios procurar dar a<br />

melhor educação aos lhos. Mas, se tal não for possível, <strong>de</strong>ve dar-se-lhes a que<br />

estiver <strong>de</strong>ntro das possibilida<strong>de</strong>s.”<br />

Em segundo lugar, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os salientar que os objetivos <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

eram inevitavelmente formar elites, políticos e fomentar a .<br />

Pretendia-se, pois, ajudar a atingir o i<strong>de</strong>al clássico da 17 , cujas<br />

origens não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> estar ligadas à educação homérica, que procurava<br />

fomentar no indivíduo o apreço pela e qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> guerreiro, orador,<br />

atleta e músico, <strong>de</strong> modo a que aquele se tornasse o melhor <strong>de</strong> entre os seus<br />

pares.<br />

Consequent<strong>em</strong>ente, os valores <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> pela prática educativa<br />

<strong>de</strong>scrita/prescrita pelos Po<strong>em</strong>as Homéricos condicionaram a «estruturação do<br />

curriculum» da que tinha uma forte componente <strong>de</strong>sportiva e<br />

musical.<br />

De acordo com o uso corrente, as crianças cavam ao cuidado da mãe e<br />

da ama até atingir<strong>em</strong> os sete anos 18 . Nessa altura, os rapazes eram cona<strong>dos</strong><br />

a um pedagogo 19 e passavam a frequentar as aulas – pagas – <strong>dos</strong> mestres (os<br />

, responsáveis pela educação formal, que os pais escolhiam a gosto<br />

mais po<strong>de</strong>m) educam o lho <strong>de</strong> acordo com a tradição (ou seja, custeiam aos lhos a frequência<br />

das aulas do mestre das letras, do citarista e do pedotriba) durante um largo intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po,<br />

muito maior do que aqueles que não têm meios nanceiros.<br />

17 Sobre este i<strong>de</strong>al, leia-se e.g. Marrou (1965: 77-80); Dover (1974: 41-45).<br />

18 Segundo Protágoras (Pl. Prt. 325d), a educação moral das crianças tinha forçosamente<br />

início antes do ingresso no ensino formal. Aristóteles (Pol. 1336a23-25) indica a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cinco anos como sendo aquela até à qual as crianças não <strong>de</strong>veriam ser iniciadas <strong>em</strong> quaisquer<br />

aprendizagens ou trabalhos obrigatórios <strong>de</strong> modo a não prejudicar o crescimento.<br />

19 Os pedagogos eram vistos como m<strong>em</strong>bros da família (Hdt. 8. 75; E. El. 286-287),<br />

dignos <strong>de</strong> conança e consi<strong>de</strong>ração. Com o advento da época clássica, o pedagogo «<strong>de</strong>legou»<br />

aos diferentes a função <strong>de</strong> transmissor <strong>de</strong> conhecimentos, mas continuou a ter a<br />

seu cargo a orientação e vigilância do dia-a-dia das crianças: levava-as à escola, carregava-lhes<br />

o material, assistia às aulas com eles, supervisionava-lhes as ativida<strong>de</strong>s e aplicava castigos, se<br />

necessário. Eram eles e não os (pagos para ensinar e não para educar) os responsáveis<br />

pelo bom comportamento <strong>dos</strong> pupilos, que, procuraram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre, testar os limites, ver até<br />

on<strong>de</strong> os adultos os <strong>de</strong>ixam ir. <strong>Plutarco</strong> refere-se à importância da ama e do pedagogo <strong>em</strong> Moralia<br />

3D-E, 4A-B, 439F-440A, 459A, 529C, 672F, 1008F. A gura do pedagogo é analisada por<br />

Beck (1964: 105-109).<br />

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